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A Corveta Sagres
A Corveta Sagres
lançado à água, em
Junho de 1858, en- Ficha da Corveta Sagres
contrava-se presente Comprimento fora-a-fora 79,0 m
o conde do Lavradio, Boca 9,9 m
ministro português. Pontal 6,15 m
Depois de efectuar Altura do mastro grande 32,5 m
as provas de mar o Calado 4,47 m
navio largou de Ports- Deslocamento máximo 1.382 t
mouth, no dia 14 de
Setembro de 1958. O navio estava armado com 10 peças de arti-
Após uma viagem lharia e esteve integrado, por diversas vezes, em
tranquila, que durou missões de carácter diplomático, chefiadas pelo
apenas quatro dias, o infante D. Luís, que era oficial de Marinha. Efec-
navio chegou a Lisboa, tuou também algumas viagens de instrução.
onde fundeou, no dia Nas suas missões a corveta Sagres visitou,
18 do mesmo mês. entre outros, os seguintes portos estrangeiros:
Em Janeiro de Southampton, Greenhithe, Antuérpia, Bordéus,
1863, encontrando- Tânger, Gibraltar, Vigo, Génova, Rio de Janeiro,
A Corveta Sagres – Escola de Alunos Marinheiros.
-se o Comandante Salvador e Pernambuco.
primeiro navio da Marinha Portuguesa Álvaro Soares Andreia na posse da «car- No dia 13 de Novembro de 1876 passou ao
com o nome Sagres era uma corveta, ta de prego», o navio largou de Lisboa. A estado de desarmamento. Abrigou a partir de
O em madeira, construída nos estaleiros comissão deveria ser efectuada sob o co- então a recém criada Escola de Alunos Mari-
Messrs. Young, Son and Magnay, em Limehou- mando da Estação Naval de Angola, com a nheiros do Porto. Para o efeito o navio foi sujei-
se, Inglaterra. Os planos foram elaborados pelo importante missão de reprimir o tráfico de to a um período de fabricos durante o qual lhe
engenheiro Charles Cousins e foi construído escravos e o contrabando, e proteger o co- foi retirado o motor propulsor, bem como feita
sob a supervisão do Almirante Sir George Sar- mércio lícito.
torius. Em termos de armação tratava-se de Em 1866 a Sagres
uma galera de três mastros. Foi equipada com foi sujeita a grandes
quatro caldeiras de baixa pressão, construídas fabricos que incluí-
pelo fabricante Messrs. Humphreys, Tennant ram a substituição
and Dyke, de Deptford, que forneciam uma das peças de artilha-
potência de 300 cavalos. Tratava-se pois de um ria, das caldeiras e da
navio misto. Esta característica, numa época mastreação.
em que ainda escasseavam os navios a motor, No final de 1868
conferiu-lhe o título de melhor navio da sua voltou à Estação Na-
categoria. Até porque, exclusivamente a motor, val de Angola, com os
podia atingir uma velocidade de 12 nós. mesmos objectivos da
O navio tinha castelo e tombadilho e ain- comissão anterior.
da uma superestrutura, a ré do traquete. O Em 1873, após uma
seu interior encontrava-se dividido em três reparação prolongada,
pavimentos. o navio regressou a
A mastreação era toda em madeira e para Luanda, transportan-
além dos mastros reais possuía mais dois mas- do o Almirante José A Corveta Sagres fundeada no Douro.
taréus. O gurupés prolongava-se com o pau Baptista de Andrade,
da bujarrona. Em cada um dos mastros cru- recentemente nomeado Governador-Geral e a adaptação dos espaços livres a fim de servi-
zavam quatro vergas. Nos mastros traquete e Comandante da Estação Naval de Angola. rem como salas de aula, cobertas e camarotes.
grande encontrava-se fixa uma carangueja e Durante cerca de dezoito anos efectuou O armamento, já obsoleto, foi substituído por
na gata uma carangueja e uma retranca, onde inúmeras e variadas missões, ao serviço da outro mais recente, para fins de instrução.
envergava pano latino. Quando o navio foi Marinha Real. Depois de devidamente adaptada, a corveta
Sagres foi então rebocada até ao rio Douro, no
Porto, onde permaneceu fundeada. Recebeu
Comandantes da Corveta Sagres os seus primeiros alunos em Maio de 1884.
Em 1898, devido ao estado de degradação da
Capitão-de-fragata Paulo Centurini 5/6/1858 – 1/12/1860 corveta Sagres, a Escola de Alunos Marinheiros
Capitão-tenente Bruno Nugent White 1/12/1860 – 1/6/1861 do Porto foi transferida para a corveta Estefânia.
No dia 7 de Setembro desse mesmo ano a
Capitão-tenente Álvaro José de Sousa Soares Andreia 1/6/1861 – 13/10/1866
corveta Sagres foi abatida ao efectivo dos na-
Capitão-de-fragata Joaquim Francisco Schultz 13/10/1866 – 20/10/1866 vios da Armada. Viria a ser desmantelada pou-
Capitão-de-fragata Cristiano Augusto da Costa Simas 20/10/1866 – 7/4/1869 co tempo depois.
Z
Capitão-tenente Francisco Viegas do Ó 7/4/1869 – 26/11/1873
António Manuel Gonçalves
Capitão-tenente Francisco Teixeira da Silva 26/11/1873 – 26/11/1875 CTEN
Capitão-tenente Carlos Eugénio Correia da Silva 26/11/1875 – 13/11/1876 Fotografias:
Arquivo Fotográfico do Museu de Marinha
16 JULHO 2004 U REVISTA DA ARMADA