Page 289 - Revista da Armada
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Património Cultural da Marinha
Património Cultural da Marinha
Faróis de Portugal
12. FAROL DE SANTA MARTA
O Forte de Santa Marta, construído após a Restaura- mais quatro metros d´altura da que existe em S. Martha,
ção, era o primeiro ponto fortificado da linha de fortins a qual, allem de dannificada, não se presta ao estabeleci-
então mandada levantar entre a Cidadela de Cascais e mento d´uma luz nas condições propostas.»
o Cabo da Roca. Um roteiro de 1897, descreve a estrutura do farol e as dis-
As fortificações erguidas nas terras da Marinha e na posições adoptadas em termos de óptica: «Pharol de Santa
praia do Guincho eram destinadas a barrar o acesso à vila Martha – Próximo da ponta Salmodo, no ângulo sueste do
e a impedir a repetição de um ataque, como no ano de antigo forte de S. Martha, está a torre quadrada do pharol,
1580 praticara com pleno êxito, o Duque de Alba. pintada de branco, tendo a meia altura uma faixa azul. O
A primeira referência histórica provando a existência pharol é de luz fixa vermelha, dada por um apparelho dió-
do Forte de S. Marta – certamente já há ptrico e reforçada na direcção do alinha-
vários anos antes edificado, é, contudo, mento do corredor ou canal do norte,
a Planta de 1693 incluída no conheci- por um apparelho catóptrico(...)».
do Códice Cadaval, hoje arquivado na Estas luzes estavam montadas provi-
Torre do Tombo. soriamente numa das janelas da torre,
O Forte, guarnecido e artilhado em constituindo uma, a luz do porto, e a
1707, fazia, em 1735, parte dos então outra dando enfiamento Santa Marta
denominados Fortes da Marina de Fora – Guia.
da Praça de Cascais. Viriam a ser substituídas por um apa-
O terramoto de 1 de Novembro de relho catadióptrico de 5ª ordem, de luz
1755, culpado da quase total destruição fixa, em 1908.
de Cascais, apenas fez leves estragos no Em 1936 procedeu-se a um aumento
Forte de S. Marta. de 8 metros da altura da torre, devido
A posição estratégica que tinha para ás novas construções que se vinham fa-
fins militares também o tinha para a na- zendo nas proximidades e que dificul-
vegação, e no seu relatório, a Inspecção tavam grandemente a navegação que
dos Faróis do Reino, em 1864, advogou saía a Barra Norte, principalmente du-
a instalação de uma luz no Forte de San- rante a tarde. O projecto foi de M. Al-
ta Marta, ficando sob a dependência do Serviço de Faróis meida e a obra foi adjudicada ao empreiteiro Mário Silva
em 8 de Novembro de 1867. por 32.775$00. Ficou com uma altura de 20 metros.
Em 1868, foi construída uma pequena torre, servindo Em 1949 foi instalado um sinal sonoro.
de marca para de dia e recebendo aquilo que na época O farol foi electrificado com energia da rede pública em
se chamava um “phanal” lenticular de luz vermelha, fun- 1953, tendo simultaneamente sido ali instalado um siste-
cionando apenas como luz de direcção que se acendeu ma automático de reserva da fonte luminosa, funcionando
pela primeira vez na noite de 1 de Março. por incandescência de acetileno, permitindo ao farol man-
A 3ª subcomissão da Comissão de Faróis e Balizas, en- ter-se aceso em caso da falha de energia da rede. Passou
carregada da iluminação dos portos e balizagem fazia as de luz fixa para luz de ocultações vermelha.
seguintes considerações em 1882: Em 1964 foi instalado um grupo electrogéneo para o
«É de toda a conveniencia que o pharolim de Santa Mar- caso da falha de energia da rede, desmontando-se con-
tha alem de servir como luz de direcção para a entrada sequentemente a instalação de acetileno.
do corredor ou barra do Norte de Lisboa, esclareça tam- Entre 1980 e 1981 procedeu-se aos trabalhos de auto-
bem uma parte do horizonte, assignalando por este modo matização integral do farol, que passou a estar incluído
a ponta do «Salmodo» (extremo oeste da bahia de Cas- na rede de telecontrolo das aproximações do Porto de
caes) aos navios que vem abrigar-se na mesma bahia das Lisboa, no regime de não vigiado.
fortes nortadas que reinam uma parte do anno. Propõe a Em 2000 foi montado um novo sistema de monito-
subcommissão para aquelle local um apparelho de luz fixa rização.
vermelha, illuminando 200º do horizonte, com painel an- Ainda no ano de 2000, foi celebrado um protocolo en-
nular (holoptotal de Stevenson) como luz de direcção para tre a Marinha e a Câmara Municipal de Cascais, para a
o corredor ou cedência das habitações do farol, visando a criação de um
Local: No Forte de S. Marta barra do Nor- núcleo museológico dedicado aos faróis, acrescentando
Altura: 20 m te. Apparelho e assim mais um pólo de atracção turística na localidade de
Altitude: 25 m lanterna devem Cascais e, no caso da Marinha, um ponto de divulgação
Luz: Oc WR 6s ser montados numa área de responsabilidade que, cada vez mais, des-
Alcance: W 18 M - R 14 M na torre cons- perta e cativa a atenção das populações, nomeadamente
Óptica: 5ª Ordem truída expres- das zonas ribeirinhas.
Ano: 1868 samente para
esse fim, com Direcção de Faróis