Page 105 - Revista da Armada
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go, no mastro de popa da nossa “cinzentona”,  reconstrução do seu hospital, efectuámos con-  A comissão lá acabou por ser levada a bom
         terá proporcionado às populações de Manatu-  tactos com o representante local da UNTAET  termo, com o cabal - e acrescentado – cum-
         to, Oecusse-Ambeno ou Liquiçá.     – que, por acaso, era australiano -, no sentido  primento de todas as tarefas mencionadas
           Mas dizia eu, há pouco, que há sempre his-  de obter algum apoio logístico, nomeadamente  na nossa ordem de movimentos. Como mar-
         tórias que ficam por contar, por não poderem  em termos de ferramentas e material de cons-  ca da nossa passagem pelo território ficava a
         figurar nas crónicas oficiais. E um dos factos  trução. Afinal de contas, estávamos a colabo-  completa recuperação de um hospital (que a
         mais delicados foi, sem dúvida, a “comichão”  rar com a Organização, não era verdade? No  UNTAET rapidamente tratou de “promover”,
         que a nossa presença fez à cúpula da Admi-  início foram só facilidades e sorrisos… O pro-  designando-o como “posto médico”), a cuja
         nistração Transitória das Nações Unidas para  blema pôs-se quando chegou a altura do nos-  inauguração a população de Liquiçá e arredo-
         Timor-Leste (UNTAET) e às chefias das organi-  so “amigo” (chamemos-lhe John) se “chegar à  res acorreu massivamente, numa espontânea,
         zações internacionais instaladas no território,  frente”. Aí foi um não acabar de obstáculos e  festiva e, sobretudo, não-oficial manifestação
         grande parte das quais estava sob controlo aus-  de azares: eram as pás e picaretas que tinham  de gratidão. E o nosso amigo John, que não po-
         traliano. Diga-se, de passagem, que a Austrá-  sido desviadas à última da hora para trabalhos  dia deixar de ser convidado, não se coibiu, na
         lia estava a conduzir uma verdadeira ofensiva  “urgentes” (que nunca chegámos a saber quais  hora dos discursos, de “botar palavra”, dando a
         política e, sobretudo, cultural – basta ver que,  eram nem creio que alguma vez tenham sido  entender que a UNTAET tinha, desde o início,
         durante as nossas deslocações a Darwin, en-  realizados), eram as betoneiras que estavam  apadrinhado e apoiado o projecto.
         contrávamos frequentemente mercados de rua  – todas ao mesmo tempo! – avariadas, era o   Quanto aos carrinhos de mão, foram de-
         cujo produto se destinava a financiar o ensino  abastecimento de água e de electricidade que  volvidos ao seu “amável” proprietário, que
         da Língua Inglesa em Timor -, contrastando  não chegava em condições ao recinto da obra,  nem parece ter notado o facto de estes lhe
         com a desesperante passividade das autorida-  etc., etc. … Feitas as contas, depois de nos te-  terem sido entregues com rodas e tudo! En-
         des portuguesas neste último capítulo (e tam-  rem prometido mundos e fundos, lá acabaram  tretanto, é provável que as que faltavam te-
         bém aí tivemos de ser pioneiros, conforme já  por nos disponibilizar três ou quatro carrinhos  nham sido “encontradas” e guardadas como
         foi sobejamente relatado). E refira-se, em boa  de mão que – azar dos azares! - tinham per-  sobressalentes, não fosse alguém, um dia,
         verdade, que não eram só os australianos a fi-  dido (já nem me lembro qual foi a desculpa  delas ter necessidade.
         car perplexos, pois também os navios de guerra  apresentada) as respectivas rodas!  Realmente, maior ingratidão do que aque-
         americanos que por ali passavam na sua habi-  Está visto que tivemos de nos desembara-  la só mesmo a que encontramos nalguns sec-
         tual volta à Quinta – perdão, ao Mundo – pro-  çar sozinhos numa das nossas deslocações  tores da população portuguesa em relação
         curavam obter informações sobre a “fragata-  a Darwin, onde adquirimos ferramentas, ci-  às suas Forças Armadas. Mas isso já é outra
         -portuguesa-a-operar-por-sua-conta”.  mento, uma betoneira, um gerador e… rodas  história…
           Retomando o fio da narração: numa das  para os carrinhos de mão (por uma questão                     Z
         nossas primeiras deslocações a Liquiçá, onde  de boa educação tínhamos aceite a “gene-      J. Moreira Silva
         nos preparávamos para dar início às obras de  rosa” oferta).                                       CTEN




















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                                  O mesmo propósito de sempre:mesmomesmmo
                                  O O
         DIVULGAR A ASTRONOMIA DE FORMA SÉRIA E APAIXONANTE


                                   REABRE BREVEMENTE

                                                                                      REVISTA DA ARMADA U MARÇO 2005  31
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