Page 109 - Revista da Armada
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Património Cultural da Marinha
Património Cultural da Marinha
Faróis de Portugal
18. FAROL DE LEÇA
«(...) Leixões, Leça e Matosinhos não tem luz alguma. O pha- ver dispensar-se a installação não só do pharol electrico indica-
rol dioptrico de 4ª ordem, de N.S. da Luz, substituiu em 1865 o do para Leça, cuja opportunidade foi por assim dizer attenuada,
antigo apparelho com candieiros de Argand e reflectores para- talvez mesmo anulada, com a construção do porto artificial de
bolicos, mantendo-se a torre e casas annexas no mesmo esta- Leixões, especialmente depois da installação do actual pharol
do antigo sem melhoramento notavel. Tudo ali é acanhado e no seu molhe Sul, mas também do pharol electrico que o Plano
improprio, a não ser a vastidão do horizonte e o panorama de Geral indicava para o promontorio do Cabo de S. Vicente (...)»
S. João da Foz e da cidade do Porto, cuja importância economi- Esta opinião determinou que o farol de Leça só viesse a ser
ca, difficuldade da barra e asperesa do mar e costa merece outra equacionado mais tarde, quando em 1919 o Director Geral da
consideração. Nada, pois, do que ali ha pode utilizar-se, sen- 4ª Divisão Geral da Secretaria de Estado da Marinha – 5ª Re-
do necessario reconstruir tudo partição, solicitou que fossem
desde os fundamentos (...)» elaborados os planos do edifí-
Este era o desolador pano- cio do farol de Leça.
rama que a costa portuguesa Entrou em funcionamento
apresentava nas proximidades em 15 de Dezembro de 1926
do local onde se ergue hoje o sendo sucessor do farolim da
Farol de Leça, na opinião da Co- Boa Nova que existiu entre
missão dos Faróis e Balizas que 1916 e 1926, pois a sua entra-
foi criada em 1881 e incluia o da em funcionamento, coin-
contra-almirante Francisco Ma- cidiu com a extinção daquele
ria Pereira da Silva no número farolim e do farol de N.S. da
dos seus diversos membros. Luz, sendo este, o primeiro
Esta Comissão foi incumbida farol que existiu na costa por-
de apresentar um Plano Geral tuguesa (1761).
de Alumiamento das Costas do O aparelho óptico é de 3ª or-
Continente e Ilhas Adjacentes e, dem, grande modelo (500mm
na sua apresentação que fez da distância focal), sendo a fonte
situação da farolagem de então, luminosa, uma lâmpada de in-
conforme está lavrado em acta candescência eléctrica. A ener-
de 28 de Julho daquele ano, re- gia era produzida através de
trata da forma acima descrita, aquela porção da costa. motores geradores. A fonte luminosa de reserva, era constituída
Relativamente ao projectado farol de Leça, o Plano Geral atrás pela incandescência do vapor de petróleo e por um candeeiro
citado compreende as seguintes considerações: de nível constante de 4 torcidas. A rotação do aparelho era con-
«Incluiram-se no projecto de alumiamento da Costa do Con- seguida pelo sistema de máquina de relojoaria. A altura da torre
tinente três pharoes electricos – um em Leça, um no Cabo da é de 46 metros e a altitude do farol de 57 metros.
Roca e outro no Cabo de S. Vicente. Sendo estes trez pontos da Entre 1926 e 1962, funcionou nas suas instalações a Esco-
mais alta importancia na nossa costa foram contemplados por la de Faroleiros que ministrava o curso elementar e comple-
isso com luzes de maxima intensidade que é possível obter no mentar de faroleiros.
estado actual da sciencia. O primeiro ponto, pela sua proximi- Em 1938 foi instalado um rádio farol.
dade do maior centro comercial e marítimo do Norte do paiz A máquina de relojoaria foi substituída em 1950 por motores
é de mui elevada importancia, a qual será consideravelmente de rotação eléctricos, tendo-se, um pouco mais tarde, equipa-
exaltada realizado que seja o projecto do porto de abrigo ou o do o farol com um ascensor para acesso à torre.
melhoramento das condições da barra do Douro(...)» Em 1964 o farol foi ligado à rede eléctrica de distribuição
A organização do serviço de faróis acabou por passar para pública e foi-lhe instalada uma lâmpada de 3000W.
a Marinha em 1892, o que levou que o projecto do farol de Foram iniciadas, em 1979, as automatizações dos farolins
Leça não fosse imediatamente por diante. do porto de Leixões (Quebra-mar, Molhe Norte e Molhe Sul)
Em 28 de Outubro de 1902 é nomeada uma comissão pre- e o farolim de Felgueiras à entrada da barra do Douro. Estes
sidida pelo CMG. hidrógrafo Joaquim Patrício Ferreira e que farolins, passaram a ser controlados à distância a partir do farol
englobava o en- de Leça, por meio de equipamento concebido para o efeito.
tão CFR. hidró- Foi a primeira rede de farolins telecontrolados da costa portu-
Local: Leça da Palmeira grafo Júlio Ze- guesa. A potência da fonte luminosa foi reduzida com a ins-
Altura: 46 m
ferino Schultz talação de uma lâmpada de 1000W.
Altitude: 57 m Xavier e que em Em 2001 por já não terem grande interesse para a navega-
Luz: Fl (3) W 14 s relação ao farol ção foram extintos todos os radiofaróis.
Alcance: 28 M de Leça decidia Encontra-se actualmente em curso, uma grande obra de re-
Óptica: 3a Ordem - 500 mm esta comissão: modelação e beneficiação do farol de Leça.
Ano: 1926 «A Commis-
são (...) julga de- Direcção de Faróis