Page 289 - Revista da Armada
P. 289

Património Cultural da Marinha
             Património Cultural da Marinha


                                          Faróis de Portugal





                  23. FAROL DA PONTA DO PARGO


                  A Ponta do Pargo, foi assim baptizada, pelo facto his-  dispõem-se por forma a dar a cada família a maior
                 tórico de os primeiros colonizadores terem pescado um  independencia, evitando-se também um erro que
                 pargo, ao contornarem-na. “É a ponta mais W da ilha,  por muito tempo se praticou de dispor o edifício por
                 escura, rochosa, muito alta, a pique sobre o mar (...)”.  forma a terem os faroleiros de sair do recinto coberto
                 Daí, o farol que foi erigido naquela ponta, ter tomado  para irem para o serviço”.
                 o nome de farol da Ponta do Pargo.            A encomenda da óptica e lanterna foi feita em 1915
                  No Plano Geral de Alumiamento e Balizagem apro-  à casa Barbier Benard& Turenne; todavia, por moti-
                 vado em 1883, contemplava um farol na Ponta do  vo de estado de guerra então existente, a Junta Geral
                 Pargo, projec-                                                              do Distrito do
                 tando-se a ins-                                                             Funchal pediu
                 talação de uma                                                              em 1917 que
                 óptica de 2ª or-                                                            o farol não lhe
                 dem, de três                                                                fosse entregue,
                 clarões agru-                                                               recebendo a
                 pados com                                                                   lanterna ape-
                 25,5 milhas de                                                              nas em 1920.
                 alcance lumi-                                                                Assim, o fa-
                 noso em esta-                                                               rol da Ponta
                 do médio.                                                                   do Pargo en-
                  Só em 1896                                                                 trou em fun-
                 se fizeram es-                                                               cionamento
                 tudos no lo-                                                                em 5 de Ju-
                 cal, com vista                                                              nho de 1922.
                 à concretiza-                                                               A torre tem
                 ção deste pro-                                                              14 metros de
                 jecto, levados                                                              altura e 312
                 a cabo pelo                                                                 metros de alti-
                 engenheiro di-                                                              tude. Foi equi-
                 rector das Obras Públicas do Funchal e pelo Capitão  pado, não com um aparelho de 3ª ordem como esta-
                 do mesmo Porto.                              va projectado, mas sim com um aparelho lenticular
                  A comissão nomeada em 1902 para estudar a moder-  de 2ª ordem (700 mm distância focal), sendo a fonte
                 nização dos faróis contemplados no Plano Geral apro-  luminosa um candeeiro de nível constante a petróleo.
                 vado em 1883, presidida pelo capitão-de-mar-e-guerra  A rotação da óptica era produzida através da máquina
                 hidrógrafo, Joaquim Patrício Ferreira e integrando o ca-  de relojoaria. O terreno para se fazer a estrada para
                 pitão-de-fragata hidrógrafo, Júlio Zeferino Schultz Xavier  o farol foi comprado nesse mesmo ano pela quantia
                 e o 1º tenente Francisco Aníbal Oliver, propunha a ins-  de 1500$00.
                 talação naquela zona da costa madeirense – a Ponta do   O candeeiro de nível constante foi substituído em
                 Pargo de um farol com uma fonte luminosa composta  1937 pela incandescência, pelo vapor de petróleo.
                 por um aparelho de 3ª ordem, modelo pequeno, da   O farol foi electrificado em 1958 com a montagem de
                 casa Barbier, cujo preço era de 27.250 francos.  grupos electrogéneos, ficando como reserva o gás.
                  Só em 1911 se elaboraria o projecto de constru-  Foi electrificado com energia da rede pública em
                                               ção do farol,  1989, sendo também neste mesmo ano automatizado
                  Local:     Extremo Oeste     o qual referia:  com o sistema modelo DF.
                             da Ilha da Madeira  “A grande al-  Em 1999 a Resolução n.º 95/99 da Presidência do
                  Altura:    14 m              tura do terreno  Governo Regional, declara o farol da Ponta do Pargo
                  Altitude:  312 m             faz com que  de valor cultural da Região, classificando-o como de
                  Luz:       FI (3) W 20s      se deva redu-  valor local.
                  Alcance:   26 M              zir ao mínimo   Em 2001 foi criado um pequeno polo museo lógico
                  Óptica:    Aparelho lenticular   a altura da tor-  no farol.
                             de 2.ª ordem      re. Quanto às
                  Ano:       1922              habitações(...)                              Direcção de Faróis
   284   285   286   287   288   289   290   291   292   293   294