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“50th Anniversary
“50th Anniversary
Tall Ships’ Races”
Tall Ships’ Races”
ecorreu no mês de Julho de 2006 o Em última análise e a nível internacional, este e 1998 (“Regata Vasco da Gama”, no contexto
“50th Anniversary Tall Ships’ Races”, cenário revelar-se-ia particularmente propício a da Expo’98), em que Lisboa, histórica e profun-
Devento destinado a comemorar o cin- que, através do treino de vela e saudável compe- damente marcada pelo mar, manifestou a sua
quentenário da primeira Regata de Grandes Ve- tição no mar se promovessem relações de ami- identidade e vocação de cidade-ponte entre po-
leiros, realizada em 1956, entre Torbay, no Sul zade e entendimento entre jovens de diferentes vos e culturas.
de Inglaterra e Lisboa. nacionalidades, estabelecendo-se uma base para A findar esta breve referência, parece-nos de
No presente ano, os na- salientar que na Regata
vios partiram de St. Malo pioneira (1956) participa-
em direcção a Lisboa, ram, por Portugal, o anti-
que de novo se constituiu go Navio-Escola “Sagres”,
como cidade anfitriã deste actualmente Navio-Museu
relevante evento náutico, em Hamburgo e o veleiro
acolhendo amavelmente “Bellatrix”, já desmantela-
os cerca de oitenta navios do, de que era proprietário
provenientes de vinte paí- o Dr. Pedro Teotónio Perei-
ses e respectivas guarni- ra, mentor do evento. Na
ções e instruendos, na sua segunda Regata, ocorrida
grande maioria jovens en- em 1958, o Navio-Esco-
tre os 15 e os 25 anos. la “Sagres” obteve a vitó-
Antes, porém, de retratar ria na classe dos Grandes
a actividade que decorreu Veleiros.
em Lisboa, entre os dias Em 2006, entre os 76
20 e 23 de Julho, afigura- veleiros que atracaram em
se-nos importante indicar Lisboa, pertencentes a qua-
alguns traços alusivos à tro classes de navios (A, B,
história do evento: a idéia Percurso da regata em 2006. C e D) devemos destacar,
da realização de uma Re- integrados na Classe A, cor-
gata de Grandes Veleiros (concretizada, como um futuro relacionamento caracterizado pelo res- respondente aos Grandes Veleiros, dois navios
referido, originariamente em 1956) deve-se a peito e concórdia entre nações. portugueses, a saber, o Navio-Escola “Sagres” e
dois velejadores, um dos quais o Embaixador O êxito alcançado pela regata de 1956 ocasio- o Navio de Treino de Mar “Creoula”.
português no Reino Unido, Dr. Pedro Teotónio nou que a mesma passasse a repetir-se, numa pri- O Centro de Operações/Coordenação do
Pereira que, em conjunto com o solicitador lon- meira fase, de 2 em 2 anos – e após 1964, todos evento localizou-se na Gare Marítima da Rocha
drino Dr. Bernard Morgan, idealizou um projec- os anos, registando-se um acentuado aumento do Conde d’Óbidos, sobranceira à Doca de Alcân-
to que perseguia dois objectivos de largo fôlego. número de navios e países participantes. tara, local de atracação dos veleiros, sendo de
Tratava-se, por um lado, de destacar que a comissão
contribuir para a preserva- executiva foi constituída
ção dos grandes veleiros, por membros ingleses e
que no período posterior à também portugueses, de-
Segunda Guerra Mundial signadamente responsá-
se encontravam votados veis de instituições como
ao desaparecimento, mer- a APORVELA, (Associação
cê do desenvolvimento te- Portuguesa de Treino de
cnológico que determina- Vela), Câmara Municipal
ra a respectiva substituição de Lisboa e Administração
por outro tipo de navios do Porto de Lisboa.
mais consentâneo com a Num evento que nasceu
nova conjuntura econó- com o propósito de pro-
mica. Considerando, por porcionar à juventude “um
outro lado, as potenciali- complemento de formação
dades evidenciadas pelo física, humana, intelectual e
Treino de Mar no âmbito moral”, importa destacar
da formação da juventu- que os navios, cuja tripu-
de, e na perspectiva de que lação era maioritariamen-
essa experiência suscita o Aspecto dos veleiros atracados no Cais da Rocha de Conde d’Óbidos. te integrada por jovens, fo-
desenvolvimento de valores ram também recebidos em
como a solidariedade, o trabalho em equipa, o 2006 correspondeu à sexta ocasião em que Lisboa por jovens, designados por “Oficiais de
espírito de responsabilidade, de liderança – e a cidade de Lisboa desempenhou a função de Ligação”. Como a designação permite antever,
o fomento, nos jovens, da aquisição de novas porto-hospedeiro, recebendo navios e tripulan- competia a estes jovens (que exerceram as suas
capacidades e auto-confiança, conceberam o tes no contexto das Regatas de Grandes Velei- funções em regime de voluntariado) assegurar
plano das Regatas de Grandes Veleiros, realida- ros: os cinco momentos anteriores corresponde- a recepção e posterior integração dos navios e
de em que estes se converteriam em Navios de ram à Regata inicial - 1956, como referido - e, tripulantes na nossa cidade, desenvolvendo to-
Treino de Mar. posteriormente, aos anos de 1964, 1982, 1992 das as diligências no sentido da resolução de
4 SETEMBRO/OUTUBRO 2006 U REVISTA DA ARMADA