Page 6 - Revista da Armada
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PONTO AO MEIO DIA





            FORMAR, QUALIFICAR, CERTIFICAR

                  Recursos Humanos na Marinha



          Formar para qualificar.                                               (DSF), responsável pela monitorização e
          Qualificar para potenciar o desenvolvimento de competências.          avaliação continuadas do SFPM em fun-
                                                                               cionamento, e a promulgação do Manual
          Certificar para validar as competências.
                                                                               da Qualidade da Formação, guia indis-
                oje, mais do que nunca, a realida-  mação profissional da Marinha, do nível  pensável à reorganização e ao funciona-
                de social e tecnológica obriga as  de qualificação obtido, da adequação da  mento, em novos moldes, das escolas e
          Horganizações a investir, de uma  formação aos perfis profissionais deseja-  centros de formação da Marinha e à apli-
          forma coerente e sistemática, nos seus re-  dos e, consequentemente, ao expectável  cação de conceitos, princípios e metodo-
          cursos humanos (RH), qualificando -os,  desempenho dos RH da Marinha. A cer-  logias focados na qualidade da formação
          valorizando-os e motivando-os para o  tificação da qualificação profissional obti-  e na sua gestão. De relevar que o proces-
          desempenho das funções e tarefas atri-  da pela via da formação constitui, ainda,  so relativo à acreditação se desenvolveu
          buídas. A competitividade no mercado  acrescido e decisivo factor de motivação  num contexto de significativa mudança
          de trabalho, a mobilidade dos RH e, em  do pessoal da Marinha e de incentivo à  no SFPM, materializada na concentra-
          casos como a Marinha, a sofisticação dos  prestação de serviço militar no Ramo.  ção de recursos formativos no Alfeite e
          meios disponíveis, são factores determi-  Tanto a Directiva de Política Naval  na criação da Escola de Tecnologias Na-
          nantes da formação (profissional) que im-  (DPN) como a Directiva Sectorial de  vais, na redistribuição de competências
          porta desenvolver e ministrar.    Recursos Humanos (DSRH) apontam,  em áreas de formação específicas, na re-
            A qualificação profissional dos RH é  precisamente, para uma política de qua-  organização interna e implementação de
          indissociável da formação que, em gran-  lidade e de qualificação do pessoal da  novas estruturas das escolas, na imple-
          de extensão, assegura e sustenta aquela,  Marinha, interligando esses desideratos  mentação de novos modelos de forma-
          sendo-lhe indispensável. A formação pro-  com a reestruturação do SFPM e com a  ção, na redefinição de perfis profissionais
          fissional, inicial e contínua, de qualidade,  concretização dos processos de acredita-  e introdução de novas classes na catego-
          ou seja, de acordo com referenciais pre-  ção e certificação, os quais, desta forma,  ria de praças, na revisão generalizada de
          cisos e válidos para o universo nacional,  se constituem como objectivos e linhas  planos de curso, na introdução de novas
          viabiliza e suporta a qualificação dos RH  de acção definidos ao mais alto nível da  metodologias de formação-aprendiza-
                                                                  1
          que, por sua vez, habilita ao desenvol-  administração da Marinha . Essas orien-  gem, como o e-learning, no reforço da
          vimento de competências profissionais  tações, fixadas ao nível interno, são con-  formação de formadores e, finalmente,
          adequadas ao exercício de cargos e fun-  sistentes com os objectivos prioritários  no aprofundamento do rigor técnico e
          ções. A avaliação da formação permite  traçados ao nível político, com vista ao  sistematização da avaliação da formação
          aferir as competências adquiridas por  reforço da educação e qualificação dos  profissional ministrada, nos seus diferen-
          essa via e a respectiva certificação valida  portugueses, enquanto “desafio estraté-  tes domínios.
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          essa aquisição e constitui a garantia da  gico essencial” .           Alcançada a meta da acreditação do
          actualização e da adequação das compe-  É neste quadro que se insere a acredi-  SFPM e a par da execução de um plano
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          tências ao quadro funcional (interno) e  tação do SFPM , recentemente concreti-  estratégico com vista ao cumprimento
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          laboral (externo).                zada . A acreditação assegura o quadro  integral do respectivo referencial, con-
            O Sistema de Formação Profissional da  qualitativo para o adequado desenvol-  centram-se agora esforços no sentido de
          Marinha (SFPM) desempenha um papel  vimento das qualificações e competên-  assegurar a homologação dos cursos mi-
          do maior relevo na qualificação do pesso-  cias do pessoal da Marinha e propicia as  nistrados, bem como a certificação das
          al, designadamente dos sargentos e pra-  condições para a certificação das qualifi-  qualificações profissionais e das compe-
          ças. Caminha-se no sentido de assegurar  cações obtidas pela via da formação. De  tências por via da formação, em especial
          que o SFPM assente, de forma inquestio-  facto, a acreditação, expressão do reco-  dos cursos de formação. Sem prejuízo de
          nável, em elevados padrões de qualida-  nhecimento da capacidade para ministrar  alguns ajustamentos que ainda se impo-
          de, para que seja possível conferir uma  formação de qualidade no SFPM, servirá,  nham, as modificações recentemente in-
          formação adequada, actualizada e sólida  ela própria, como alavanca e catalizador  troduzidas nos modelos de formação e
          nas componentes militar, sociocultural,  do aprofundamento da qualidade da acti-  nas estruturas curriculares dos cursos de
          científica e técnica, tendo em vista satis-  vidade formativa, obrigará à melhoria de  formação de praças e de sargentos confe-
          fazer as necessidades próprias da Mari-  capacidades e competências, individuais  rem-lhes já acrescido potencial para utili-
          nha e, igualmente, promover a valoriza-  e colectivas, no e do SFPM, e viabilizará a  zação na vida civil, do qual importa obter
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          ção pessoal e profissional dos militares  prossecução de um mais fácil desenvolvi-  reconhecimento formal .
          que nela servem, através de formação  mento dos processos associados à certifi-  Do mesmo modo, ainda no âmbito da
          útil e certificada para o exercício de acti-  cação profissional e, por conseguinte, aos  certificação profissional, haverá que in-
          vidades civis, com o objectivo de facilitar  incentivos e à motivação dos RH.  vestir na certificação das qualificações
          a integração no mercado de trabalho dos   A acreditação do SFPM surge como co-  e competências do pessoal da Marinha
          militares que, por motivos variados, dei-  rolário de um percurso iniciado em 2004  com base na experiência recolhida ao
          xem a Marinha. A acreditação do SFPM  e no qual são pontos conspícuos a criação  longo da vida. Os percursos profissio-
          e a certificação dos cursos ministrados,  do Observatório da Qualidade da Forma-  nais dos nossos sargentos e praças são
          constitui a garantia da qualidade da for-  ção na Direcção do Serviço de Formação  longos e ricos e, por conseguinte, a sua


         4  JANEIRO 2007 U REVISTA DA ARMADA
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