Page 109 - Revista da Armada
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Instalações da Marinha
Instalações da Marinha
13. A ESCOLA DE FUZILEIROS
A antiguidade das primitivas edificações em Vale de Zebro remon- alinhamento tipo “comboio” enquadrados a norte pela pista de lodo
ta, segundo se crê, ao reinado de D. Afonso IV (sec. XIV), sendo que e a sul pela “parada velha”.
as primeiras referências conhecidas a uns “fornos de Palhaes” foram Em 3 de Fevereiro de 1969, a EF foi considerada Unidade Inde-
feitas ao tempo do rei D. Afonso V com a criação do cargo de Al- pendente e o seu primeiro Comandante o CFR Bustorff Guerra. Com
moxarife para aquele estabelecimento. Esses fornos eram parte de a criação do Corpo de Fuzileiros, 24 de Julho de 1974, a EF passou
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um complexo de que fazia parte um moinho d’água alimentado por a ser uma unidade dependente daquele comando.
uma grande caldeira – actual pista de lodo da Escola de Fuzileiros Ao longo do tempo foi sendo construído um outro grupo de infra-
(EF) – com a finalidade de moer o grão destinado à farinha para o -estruturas com recurso ao betão onde se destacam a messe de ofi-
biscoito que fornecia “as Armadas, naus da Índia, conquistas e for- ciais, o edifício destinado ao serviço de saúde, a piscina de 25m e
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talezas do reino e do Ultramar ”. um pouco mais tarde o actual edifício do comando, que entrou em
O terramoto de 1755 veio a danificar seriamente aquelas estru- funcionamento em 1976. Foi também neste mesmo ano inaugurada
turas. Por determinação do Marquês de Pombal, procederam-se en- a parada nova que lhe fica a nascente. Posteriormente veio a surgir
tão a reparações da fábrica do biscoito, segundo uma traça pom- um edifício de três pisos destinado ao Batalhão de Instrução.
balina actualmente bem visível e sob o risco do arquitecto Mateus Hoje, como ontem, a Escola continua a formar as forças espe-
Vicente de Oliveira. ciais da Marinha - os Fuzileiros, acolhendo, num passado recente,
Depois de o Almoxarifado ter sido extinto em 1776, a administra- novas atribuições:
ção dos fornos passou por vários serviços, quer de Secretaria da Guer- Em 1993 passou a ministrar formação em liderança a vários cursos
ra, quer de Secretaria da Marinha, até que, em 1835, foi entregue da Marinha e a entidades civis. Actualmente o Departamento de For-
à Intendência da Marinha. Em 1843, por decreto-lei de D. Maria II, mação em Comportamento Organizacional (DFCO) desenvolve as
foram estas instalações adaptadas a asilo de inválidos da Marinha. suas actividades lectivas no Batalhão de Instrução (gabinetes e salas
No início do século XX (1906), foi instalada em Vale de Zebro a Es- de aula), em anfiteatro, em pistas próprias construídas dentro da EF
cola Prática de Torpedos e Electricidade, ficando ali sediado o serviço e na mata da Machada (provas nocturnas de liderança).
de torpedos móveis (e em Paço de Arcos o de torpedos fixos). Em 1924, Em 1996 a EF passou a assumir também a formação militar bá-
ano em que foi extinta, foi substituída pela Brigada de Mecânicos da sica de todos os militares que ingressam na Marinha, excepto para
Armada, criada pelo desdobramento em brigadas do Antigo Corpo de os cadetes que frequentam a Escola Naval, vulgarmente conhecida
Marinheiros da Armada, que funcionava em Lisboa (Alcântara). Ficou como recruta, tornando-se a principal porta de entrada para todos
então em Vale de Zebro a Secção de Torpedos, dependente da Direc- os cidadãos que escolhem servir Portugal na Marinha.
ção do Serviço de Material de Guerra e Tiro Naval (DSMGTN). Com estas novas atribuições, a EF teve necessidade de novas ins-
Em 1934, a Brigada de Mecânicos então denominada Escola de talações para pessoal e surgiu um outro grupo de edificações erigi-
Mecânicos da Armada é transferida para Vila Franca de Xira sendo das na transição do milénio e que entraram em função no começo
o edifício ocupado pela DSMGTN. da década actual: são eles as três novas cobertas e o refeitório geral,
O perímetro militar de Vale de Zebro ocupa uma área com cerca sendo construções de rés-do-chão e 1º andar, que entraram em fun-
de 625.000 m2; situado na margem direita do rio Coina beneficiava cionamento em 2001 e 2002 respectivamente.
de condições geográficas ímpares para o cumprimento da missão de Em 2005, decorrente da transferência do Gabinete de Instrução
formação militar, técnica e física, especialmente na vertente anfíbia. de Viaturas do então GN1EA para esta Escola, constituiu-se o De-
E é por reunir tais características que foi escolhida como o local ideal partamento de Formação em Transportes Terrestres, responsável pela
para instalar uma Escola de formação de Fuzileiros. formação em condução e mecânica automóvel, que integra o único
As infra-estruturas existentes na EF remetem a várias épocas e, no centro de exames de condução da Marinha.
que respeita ao tipo de construção, também muito diversificadas. É Na EF encontra-se sediada a Unidade de Meios de Desembar-
de salientar o elevado número de edifícios, cerca de 60, na grande que (UMD), na dependência operacional do Comando do Corpo
maioria de piso térreo, estando a sua implantação muito dispersa de Fuzileiros. Desenvolve as suas actividades em instalações um
pela Unidade. pouco precárias sendo de um modo geral edifícios de tipo misto,
Em 1961, com início da guerra nas ex-Províncias Portuguesas pré-fabricado/alvenaria com coberturas em fibrocimento, situados
em África, tornou-se urgente para a Marinha o aprontamento de nas margens do rio Coina e servidos por um cais para atracação e
Unidades de Fuzileiros preparadas para intervir naquele conflito, o uma rampa de acesso à água. É no âmbito desta Unidade que foi
que levou à criação da EF na dependência do então Corpo de Ma- montada uma pequena fábrica responsável pela construção de bo-
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rinheiros . Foram na altura adaptadas algumas das antigas edifica- tes pneumáticos para a Marinha.
ções em alvenaria já existentes que, remontando à década de 40, O núcleo histórico da EF, constituído pelo imponente edifício de
haviam servido como armazéns para manuseamento de munições dois pisos onde em tempos funcionou a fábrica do biscoito, alber-
e material de guerra, instalando-se aí o ginásio, a sala de boxe e a ga actualmente, para além da messe de sargentos que ocupa todo
sala de judo, entre outras. o segundo piso, a Sala-Museu do Fuzileiro e diversos serviços que
Simultaneamente, foram construídos numerosos edifícios pré-fa- repartem entre si a área do piso térreo.
bricados, de carácter provisório, destinados a responder às neces-
sidades de uma Escola de formação de Fuzileiros. Surgiu assim um (Colaboração de ESCOLA DE FUZILEIROS)
conjunto de 8 cobertas que podiam alojar cerca de 120 homens cada Notas
1 Almoxarife era o encarregado do fabrico e da distribuição do biscoito
e um refeitório para praças, edificados no topo norte do perímetro da
Unidade e cujo tipo de construção se insere no pré-fabricado com para as Armadas, assim como o responsável pela escrituração das operações
do estabelecimento
cobertura em fibrocimento. São também deste tipo de construção 2 “Regimento dos fornos Valdezebro”, dado por D.João IV em 22 de Ju-
os pavilhões destinados às salas de aulas, sala de estar das praças, lho de 1653
bar, cantina, e outros serviços de apoio, que foram instalados num 3 Portaria 18509, de 3 de Junho, do Ministro da Marinha.