Page 224 - Revista da Armada
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mento das missões ao serviço de Portugal e  no Afeganistão, no Chade e nos mares do Me-  cursos de acordo com as orientações da De-
         dos Portugueses.                   diterrâneo e da Somália. Desenvolveram, igual-  claração de Bolonha.
           Uma palavra de reconhecimento é devida  mente, acções de cooperação técnico-militar,   O ensino militar não poderá deixar de com-
         aos antigos combatentes, alguns deles aqui pre-  em especial nos países africanos de língua ofi-  preender uma sólida formação ética e com-
         sentes, portugueses que deram o melhor de si  cial portuguesa e em Timor-Leste.  portamental dos jovens militares, marca im-
         por Portugal. Nenhuma pátria que se respeite   Em todas estas missões, a actuação dos  pressiva e positivamente diferenciadora das
         pode esquecer os cidadãos que, por ela, a tudo  militares portugueses tem merecido, reite-  grandes instituições.
         se dispuseram.                     radamente, rasgados elogios por parte dos   A capacidade e o treino físico são condi-
           Como Comandante Supremo das Forças  nossos aliados, dos países e das populações  ções indispensáveis para o exercício da pro-
         Amadas, tenho acompanhado com particular  que os acolhem. É motivo de orgulho para  fissão militar.
         atenção os assuntos referentes à Defesa Nacio-  todos nós.              A percentagem de candidatos à admissão
         nal, procurando incentivar o processo de rees-  Não quero, ainda, deixar de expressar, em  nas escolas militares que é eliminada nas pro-
         truturação e o desenvolvimento do trabalho e  nome de todos os Portugueses, um público  vas físicas chega a atingir, nalguns casos, os 40
         das capacidades conjuntas e combinadas das  reconhecimento às Forças Armadas pelas mis-  por cento.
         nossas Forças Armadas.             sões de apoio directo às populações, salvando   Será, talvez, uma característica das socieda-
           No âmbito legislativo, foram recentemente  vidas e haveres. É um imperativo nacional e,  des modernas, mas é com certeza preocupan-
         aprovados pelo Parlamento dois importantes                            te. Importa melhorar a condição física dos nos-
         diplomas sobre a reorganização da estrutu-                            sos jovens, não só numa perspectiva de Defesa
         ra superior da Defesa Nacional e das Forças                           Nacional mas também por razões de saúde
         Armadas – A Lei de Defesa Nacional e a Lei                            pública e bem-estar da população.
         Orgânica de Bases da Organização das For-                               Os militares são portugueses que juraram
         ças Armadas.                                                          defender a Pátria, mesmo com o risco da pró-
           Da aplicação das novas leis espera-se que                           pria vida, e que aceitam, para tal, limitações ao
         resulte uma maior ligação e complementari-                            exercício dos seus direitos de cidadania.
         dade entre os Ramos e a criação de estruturas                           Os elevados padrões de disciplina e de co-
         de comando mais ágeis e flexíveis, evitando du-                        esão que o País deve exigir às Forças Armadas
         plicações e buscando eficácia, racionalidade e                         impõem um especial cuidado na salvaguarda
         economia de meios.                                                    da condição militar dos homens e mulheres
           Militares,                                                          que as integram, bem como uma preocupa-
           A ideia de uma nova ordem mundial sem                               ção acrescida de justiça na definição das suas
         guerras e em que o desenvolvimento e os direi-                        condições sócio-profissionais.
         tos humanos pudessem constituir as bases de                             Por outro lado, e face aos objectivos que
         um novo paradigma das relações internacionais                         se pretendem atingir com as Forças Armadas,
         permanece ainda uma realidade distante.                               importa assegurar a disponibilização de meios
           Para promover a segurança e salvaguardar                            adequados à existência de um sistema militar
         o desenvolvimento das populações, os Esta-                            coerente, capaz de operar eficientemente den-
         dos estabelecem sistemas colectivos de segu-                          tro dos limites orçamentais impostos.
         rança e defesa para os quais cada país dispo-                           Militares,
         nibiliza as suas forças, na perspectiva de, em                          Tenho consciência de que há muito por fa-
         conjunto, diminuir as suas vulnerabilidades,                          zer. Reconheço o esforço que tem sido reali-
         contribuindo para a defesa de uma fronteira                           zado por todos vós, nos mais diversos postos
         de segurança comum, frequentemente distan-  além disso, um acto de bom aproveitamento  e nas mais variadas funções.
         te dos seus próprios territórios.  das capacidades e dos recursos disponíveis nas   Os Portugueses confiam e revêem-se nas
           É neste enquadramento que Portugal apoia  Forças Armadas.           suas Forças Armadas como factor de afirma-
         e participa em operações das Nações Unidas,   Militares,              ção de identidade e garante da independência
         da NATO e da União Europeia. Devemos,   Em todos os processos de transformação das  nacional. Como instrumento privilegiado de
         para a salvaguarda dos nossos próprios inte-  Forças Armadas, mais do que a actualização  prestígio da acção externa do Estado. Como
         resses, continuar a honrar os compromissos  tecnológica dos recursos materiais, sobressai  instituição orgulhosa da sua história e do lega-
         com estas organizações e garantir as condi-  a qualidade dos recursos humanos como o  do que as sucessivas gerações lhe deixaram.
         ções adequadas para que as nossas Forças  mais valioso activo da Instituição Militar. Daí a   Como vosso Comandante Supremo, sei bem
         Armadas possam ombrear com as demais no  prioridade que deve ser dada ao apuramento  que o lema que seguis é apenas um e o mais
         cumprimento das missões internacionais.  da sua formação.             nobre: Servir Portugal”.
           No ano que passou, as nossas forças parti-  Está em curso uma reforma do Ensino Su-                 Z
         ciparam em operações no Líbano, nos Balcãs,  perior Militar com vista à reorganização dos   Fotos de Luís Filipe Catarino / Presidência da República

         6  JULHO 2009 U REVISTA DA ARMADA
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