Page 220 - Revista da Armada
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50º ANIVERSÁRIO DO MONUMENTO
A CRISTO-REI
or iniciativa do Bispo de Lisboa foi criada uma comissão para Foram impostas restrições à circulação da navegação entre Lis-
as comemorações dos 50 anos da inauguração do monumen- boa e Cacilhas e encerrada a estação do Terreiro do Paço, sendo os
Pto a Cristo-Rei, da qual fez parte o CALM Luís Macieira Fra- catamarãs desviados para o Cais do Sodré. À Marinha competiu a
goso, dado haver intenção de recriar a segurança dos participantes no cortejo
travessia do Tejo da imagem de Nossa naval, dispondo no estuário do Tejo de
Senhora de Fátima, há 50 anos. duas lanchas da Polícia Marítima, duas
Na tarde do dia 16 de Maio, a ima- Foto Reinaldo Carvalho semi-rígidas e um bote salva-vidas, as-
gem de Nossa Senhora, depois de per- sim como equipas de mergulhadores e
correr a Baixa lisboeta em procissão, de nadadores-salvadores.
desde a Igreja de S. Nicolau – é rece- Às 19H20 deu-se início à procissão
bida por um mar de gente no terreiro naval que reuniu várias dezenas de em-
junto à Estação Fluvial do Terreiro do barcações à vela e a motor provenien-
Paço. No rio, as embarcações da Escola tes dos concelhos ribeirinhos da Gran-
Naval:”Bellatrix”; “Canopus”; “Blaus de Lisboa – Almada, Barreiro, Seixal,
VII”; “Nó de Escota” e “Lais de Guia”, Moita, Vila Franca de Xira e Cascais,
aproveitando o vento bonançoso de entre outros –, da Associação Nacional
NW, velejavam perto do navio-esco- de Cruzeiros, para além de embarca-
la “Sagres”, fundeado na área frontal ções de outras origens nacionais e es-
à realização das cerimónias em terra. Foto SCH T Arnaldo Sá trangeiras. Destaque para a presença da
Após recitado o Terço foi celebrada canoa do Tejo “Boneca” – do Grupo de
uma Missa em cuja homilia ressaltam Amigos do Museu de Marinha – que
as palavras de D. José Policarpo: Toda embarcou jovens estudantes, de antigos
a cidade se transformou num templo, onde cacilheiros e de diversas embarcações
só não sente o amor de Cristo quem não tradicionais da Associação dos Proprie-
quer. Depois, dezena e meia de cadetes tários e Arrais de Embarcações Típicas
da Escola Naval escoltaram a imagem do Tejo, conhecidas pela “Marinha do
peregrina até à Doca da Marinha onde Tejo” que, com as suas velas e cores va-
embarcou na lancha de fiscalização riadas, emprestaram um simbolismo
rápida “Dragão”, sendo ali colocada muito especial a esta cerimónia. No
sobre a cobertura da ponte, avante da meio da travessia a “Sagres” estendeu
bitácula e rodeada por uma decoração Foto SCH T Arnaldo Sá a sua guarnição nas vergas, prestando
floral de rosas brancas. A bordo viajam honras à passagem da “Dragão”.
o ALM CEMA e convidados com des- Após cerca de 30 minutos de nave-
taque para o Cardeal Patriarca de Lis- gação a “Dragão” atracou em Cacilhas
boa, os Presidentes das edilidades das desembarcando a imagem de Nossa Se-
duas margens do Tejo e Bispos e Prela- nhora perante numerosa multidão, an-
dos nacionais e dos PALOP`s. A lancha tecedendo uma procissão de velas até à
“Cassiopeia” transportava por sua vez Igreja Paroquial de Almada. Desta for-
os representantes dos órgãos de comu- ma reproduziu-se o que aconteceu há
nicação social, enquanto a UAM “Zêze- 50 anos por ocasião da Inauguração do
re” acolheu cerca de 600 convidados, Monumento a Cristo-Rei (ver caixa).
animados liturgicamente pela Capelania da Escola Naval e jovens Z
da Paróquia da Póvoa de Santo Adrião. (Colaboração da ESCOLA NAVAL)
Há 50 anos
A imagem de Nossa Senhora de Fátima que no dia seguinte iria estar presente nas cerimónias da inauguração da estátua do Cristo-Rei, saiu em procis-
são da escadaria do Instituto Superior Técnico numa viatura aos cuidados da Brigada Naval. A imagem atravessou Lisboa – Av. Almirante Reis, Praça da
Figueira, Rua Augusta – até ao seu destino no Terreiro do Paço antes de embarcar para Cacilhas. Durante o trajecto a imagem foi saudada por milhares de
pessoas, num verdadeiro espectáculo de luz proporcionado pelas velas dos devotos e pelas janelas iluminadas e adornadas com colchas e colgaduras.
Durante o trajecto um dos turnos da escolta pertenceu a alunos da Escola Naval, bem como às varas do pálio serviram várias individualidades como
o Sub Chefe do Estado-Maior Naval e o Comandante Naval do Continente.
A imagem de Nossa Senhora chegou ao Terreiro do Paço cerca das 2 horas da manhã, apagando-se de imediato as luzes, ficando aquela praça ilumina-
da pela luz das velas, ao mesmo tempo que se agitavam milhares de lenços brancos que pareciam formar um manto de neve.
O andor foi então conduzido para bordo do cacilheiro “Rio Jamor” – decorado com damasco e iluminado com 120 círios – e colocado num estrado
florido sob uma enorme coroa. Quando o “Rio Jamor” começou a navegar foi lançada uma girândola de cinco mil foguetes, soando ao mesmo tempo as
sereias de mais de 100 navios, iniciando um trajecto entre alas definidas por cinco navios da Marinha: NRP’s “Sagres”; “Santa Cruz; “Ponta Delgada”;
“S. Pedro”; “S. Nicolau”; “Sal” e “Fogo”. Fora deste corredor a fragata “D. Fernando II e Glória” encontrava-se iluminada, assim como dezenas de navios
atracados e fundeados. A marcha do “Rio Jamor” era comboiada por três embarcações da Polícia Marítima, onde seguia o seu Comandante, o CFR San-
tiago Ponce. Sobre este evento escrevia “O Século” de 17 de Maio de 1959: Foi nesse quadro de infinita religiosidade, de magnificiência e grandeza, que a imagem
de Nossa Senhora de Fátima começou a atravessar o Tejo.
A guarda de honra a bordo foi efectuada por cadetes da Escola Naval, que depois transportariam o andor até ao largo de Cacilhas – após atracar às 3
horas no pontão – entregando a imagem de Nossa Senhora à Irmandade do Bom Sucesso, seguindo depois em procissão até à Capela daquela Congre-
gação em Cacilhas.