Page 37 - Revista da Armada
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Instalações da Marinha
                      Instalações da Marinha






              11. O ARSENAL DO ALFEITE


              O Arsenal do Alfeite iniciou a sua actividade em 1939 sucedendo  ficando com  um comprimento de 130m, o prolongamento do muro-
            ao antigo Arsenal da Marinha. Ocupa uma área de 35 hectares, oito  cais do molhe leste e o edifício para os serviços de fiscalização.
            dos quais cobertos. Fora do perímetro do Alfeite, no antigo Depósito   As obras de remodelação das infra-estruturas, reivindicadas des-

            de Munições NATO do Marco do Grilo, dispõe ainda de oficinas des-  de a sua inauguração, têm inicio em 1952. A  tentativa de melhoria
            tinadas à manutenção de torpedos, mísseis e minas.   efectiva das instalações fabris e as condições de laboração recorre a
              Actualmente, o património edificado do Arsenal, perfaz cerca de uma  novas técnicas de engenharia e a novos materiais e reflecte-se a curto
            centena de imóveis. Na interface marítima dispõe de cinco carreiras de  prazo no aumento da produtividade do estaleiro. As primeiras obras
            construção, uma doca seca (138m de comp. e 18m de larg.), dois planos  são a dragagem dos cais acostáveis e do plano inclinado a constru-
            inclinados (deslocamento máx. até 1250t), uma doca flutuante (60m de  ção de uma ponte cais e o prolongamento do existente. Seguem-se
            comp., 12m de larg. e capacidade de elevação máx. de 900t)  e pontes  as intervenções como o prolongamento do muro cais do molhe leste
            e cais de atracação com um comprimento total de 672 m.  a construção de um parque de material laminado e de um desembar-
              A história da implantação física do Arsenal no Alfeite remonta ao  cadouro privativo, entretanto desaparecido.
            início de Séc.XX, tendo sido criada, em 1918, por decisão governa-  Na décadas seguintes, o estaleiro continuará a auto-financiar a re-
            mental, uma junta autónoma para o estudo da transferência do Arsenal  modelação através do regime de amortizações criado pela respecti-
            de Marinha, da Rua do Arsenal em Lisboa, para o Alfeite.    va Lei Orgânica.
              A primeira fase de efectiva construção do Arsenal do Alfeite foi   Na década de 60, de grande instabilidade, é decidida a constru-
            iniciada em 1928, com o financiamento proveniente das indemni-  ção da doca seca que acaba por ser concluída em Março de 1978.
            zações da Primeira Guerra Mundial. A construção é adjudicada por  É também concluída a 80ª construção do Arsenal, a Doca Flutuante
            concurso público, à firma Grun e Bilfinger de Mannheim, que tam-  Eng. Joaquim Perestrelo de Vasconcelos que se destinava à alagem de
            bém é responsável pelo equipamento da maioria das suas oficinas.  submarinos da classe Albacora. Na sua construção foram aproveita-
            Após uma interrupção entre 1931 e 1933 devido ao cancelamento  dos restos de chapas de aço excedentários de construções anteriores
            do financiamento, foram formalmente dadas por concluídas a  31 de  e, igualmente por economia,  utilizou-se um sistema de alagamento
            Dezembro de 1937.                                 por gravidade e esgoto de ar comprimido, em vez do tradicional sis-
              Grande para do terreno ocupado foi conquistado ao rio, por meio de  tema de bombagem.
            aterros executados com areia proveniente das escarpas confinantes.   Em 1976 ocorreu a integração no Arsenal das Oficinas Gerais de
              Com ruas de traçado geométrico, edifícios de grande pé direito,  Armas e  Electrónica surgindo os novos edifícios das Divisões de Ar-
            com fachadas austeras e rectas, o Arsenal estende-se  ao longo da  mamento e de Electrónica e Comunicações, este último apenas fina-
            margem, de olhos postos nas obras marítimas.  Quebra a simetria dos  lizado em 1979.
            arruamentos e dos edifícios, a edificação  da Sala do Risco – fora do   Graças a auto-financiamento, resultante de recursos provenientes
            alinhamento de todos os restantes -  e a orientação dada à oficina de  de contratos de novas construções navais, durante a década de 80,
            Construções Navais de Ferro, questões que desde o início engrossaram  assistiu-se a assinaláveis melhorias  nas infra-estruturas e nos meios
            as vozes críticas aos erros de concepção e apetrechamento.    de elevação e movimentação. Na mesma altura, é de realçar a total
              O primeiro relatório e contas do Arsenal do Alfeite refere-se da  se-  renovação da rede eléctrica de média tensão.
            guinte forma ao erros do projecto:                  Na década de 90, apesar das grandes expectativas criadas com a
              ”A implantação dos edifícios do Arsenal do Alfeite , tanto de ar-  inclusão na 1ª LPM duma série de propostas de meios para o Arsenal,
            mazéns e outros, é de difícil compreensão e, nalguns casos mesmo,  tudo se resumiu a um guindaste de 40t de capacidade, que só foi co-
            duvidamos que se possa dar qualquer explicação razoável sobre os  locado em serviço em  2005.
            motivos que presidiram à orientação e localização de alguns, sendo   Já na presente década, não obstante as enormes contenções orça-
            também bastante inexplicável as distancias inter-oficinas, que por mui-  mentais,  desenvolveram-se enormes esforços de manutenção e rea-
            to grandes, vêm prejudicar o bom rendimento do trabalho e aumen-  bilitação dos edifícios, instalações e infra-estruturas.
            tar inutilmente o custo dos transportes.(...) Na construção de edifícios    Reafirmaram-se preocupações relativamente às condições das insta-
            notam-se nitidamente duas fases diferentes. Uma, a grandiosa, em que  lações da frente marítima, e, já em 2008,  iniciaram-se os trabalhos de
            as dimensões , principalmente no que diz respeito ao pé direito, são  requalificação  da doca seca e estão em curso as adaptações para acolher
            manifestamente exageradas(...) outra, a modesta, em que se entrou de  as actividades industriais dos sistemas electrónicos e de comunicações
            tal forma na fase da economia, que alguns edifícios são insuficientes  num único espaço físico. Iniciou-se ainda a fase de fusões de outras áreas
            para as necessidades do serviço.(...)             tecnológicas  e de reutilização de naves e outras instalações.
              Mau grado estas dificuldades e o facto de os primeiros anos de la-  Para enfrentar os desafios  da nova Esquadra, a par da continuidade
            boração terem sido anos de guerra e, portanto, de duras condições  da manutenção do património edificado,  é necessário efectuar uma
            económico-sociais, a actividade do Arsenal foi intensa. No ano se-  profunda requalificação das instalações e infra-estruturas, adequan-
            guinte ao da inauguração entrou em funcionamento aquela que será  do-as às novas necessidades. Na ausência de novas instalações que
            a ponte de acostagem para os maiores navios da Armada, a ponte-cais  resolvam as insuficiências detectadas há que maximizar os recursos
            para atracação simultânea  de dois navios e perspectivaram-se tam-  existentes e as condições legadas do passado.
            bém obras de construção da carreira de lançamento de navios 10.000t,   As instituições valem sobretudo pelo seu capital humano mas, na
            finalizada em 1943.  Em 1944 construiu-se a carreira de 140 m de  indústria naval, os meios materiais para a eficiente e eficaz laboração
            comprimento e montou-se o respectivo guindaste.   são igualmente fundamentais.
              Em 1947 foram entregues algumas importantes instalações: a nova
            ponte-cais nº 2 em betão armado, o prolongamento da ponte cais nº 1,   (Colaboração do ARSENAL DO ALFEITE)
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