Page 76 - Revista da Armada
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“Vega”
“Vega”
Tradição e Classe
Tradição e Classe
gora que foi iniciado o processo de abate do Navio Escola ao Clube Náutico dos Cadetes da Armada - CNOCA, em Fevereiro
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“Vega”, lembramo-nos que ao longo de três décadas ele con- de 1973 , recebeu o nome de VEGA. Foi aumentado ao Efectivo dos
Atribuiu para a formação inicial dos futuros oficiais da Mari- Navios da Armada a 7 de Maio de 1976.
nha permitindo que, através do embarque de pequenos grupos de O “Vega” desde esta data, para além das suas missões típicas de
Cadetes da Escola Naval, estes aprendessem a respeitar o Mar e a tra- formação de Cadetes ao fim-de-semana, realizou e participou em
balhar em equipa. Esta Tradição diversos eventos náutico ou des-
garantiu que os jovens Cadetes, portivos. Desta participação con-
de ambos os sexos, colocassem tinuada em provas desportivas
em prática os seus ensinamentos resultou um palmarés digno de
nas áreas de Marinharia, Nave- registo. Ressalta deste conjunto a
gação, Organização, bem como, participação nas comemorações
desenvolvessem em grupo as do Liberty Day de 1976, tendo
suas competências comporta- o “Vega” realizado a travessia
mentais nas áreas da Liderança, em regata do Atlântico até aos
Cidadania e na Socialização. EUA (3º lugar na perna Tenerife
A proximidade dos elemen- – Bermudas), a regata do Jubi-
tos, o sentir que o sucesso da leu da Rainha de Inglaterra em
missão e das tarefas atribuídas 1977, em 1982 efectuou a regata
ao navio dependiam da forma Falmouth - Lisboa - Southamp-
como a equipa trabalhava, fez ton, (tendo ganho a etapa Lisboa
com que os alunos, depois de – Southampton) e em 1983 efec-
ultrapassado o natural perío- tuou e ganhou o Troféu Infante
do de adaptação e interioriza- D. Henrique entre Lisboa - Horta
ção da manobra do barco, con- – Lisboa. Afigura-se importante
seguissem corresponder como referir como prova de manifesta-
um grupo homogéneo, coeso e ção de uma tradição, associada a
acima de tudo realizado. este barco de linhas tão clássicas,
Quando assistiamos ao a participação assídua na Rega-
“Vega” a rasgar o Mar ao sabor ta bienal Canárias – Funchal. A
do vento de feição não podemos sua assiduidade foi alvo do re-
ficar indiferentes à sua classe. conhecimento dos Clubes orga-
Classe de um barco com umas nizadores da prova que em 2003
linhas finas, um casco de madei- (ano da até agora última partici-
ra e com um desempenho náu- pação) lhe atribuíram um pré-
tico e uma atitude marinheira mio pela sua veterania nesta re-
única. Esta imagem não era vir- gata tão emblemática nas águas
tual, era real e era um facto. No Atlânticas. Também em algumas
rio Tejo, à bolina, não deixava oca siões navegou pelo Medi-
os seus espectadores indiferen- N.R.P. “VEGA” Comandantes terrâneo, com diversas escalas,
tes, assim como, quando a um 07-MAI-76 a 07-DEZ-82 CTEN José Luís Lopes Celestino da Silva nomeadamente Barcelona, Car-
largo ou a uma popa com o ba- tagena, Almeria, Génova, salien-
lão içado e mareado tornava-se 07-DEZ-82 a 20-MAR-87 CFR José Manuel Malhão Pereira tando-se a recepção, das mãos do
imponente e marcava o fundo 20-MAR-87 a 27-OUT-89 CTEN José Armando Rodrigues Leite Rei de Espanha, do galardão de
de qualquer ambiente náutico 27-OUT-89 a 22-MAR-93 CTEN António Carlos Vieira Rocha Carrilho “embarcação mais elegante” na
ou desportivo. 22-MAR-93 a 23-MAI-96 CTEN Jorge Manuel Novo Palma sua participação de 2006 no Tro-
Incontestavelmente o “Vega” féu Conde de Barcelona em Pal-
mercê da sua presença, foi muito 23-MAI-96 a 06-OUT-98 CFR António Maya Dias Pinheiro ma de Maiorca.
querido no seio da comunidade 06-OUT-98 a 21-MAR-01 CTEN Nuno Murray Bustorff Silva O Navio Escola “Vega”, tem o
náutica de Portugal e de Lisboa 21-MAR-01 a 09-MAR-05 CTEN Pedro Sassetti Carmona seu espaço conquistado, é uma
em particular, tornando-se mes- imagem de marca de uma orga-
mo um ex-libris do rio Tejo. 09-MAR-05 a 22-MAR-07 CTEN José P. Prazeres Coutinho de Lucena nização secular, a Marinha, natu-
O seu nascimento começou em 22-MAR-07 a 21-OUT-08 CTEN Artur Manuel Simas Silva ralmente, num meio muito pró-
1948, quando um arquitecto na- prio, que é o mundo da náutica
val de renome, John G. Alden, desenhou e projectou um yawl, que de recreio. Esperamos que esta Old Lady não seja esquecida e se en-
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viria a ser construído no ano de 1949 por Henry Hinckley no Maine, contre uma solução que permita manter viva a sua memória.
EUA. Foi lançado à água a 22 de Novembro de 1949, com o nome Z
de “VALHALLA”, tendo sido seu primeiro proprietário Camme- CFR J. Coutinho de Lucena
nis Catherwood. Chamou-se depois “MAI TAI”, “CURRITUK” e Notas
“JANIE C”. 1 A venda foi simbólica, já que importou apenas 500 escudos. A nota corres-
Em 1964 foi adquirido por José Manuel de Mello que o bapti- pondente a esta importância, devidamente emoldurada como prova de agrade-
cimento, foi entregue pelo CNOCA ao ex-proprietário do “Vega”.
zou de ARREDA IV. No mesmo ano, o seu aparelho foi revisto por 2 Old Lady – Expressão utilizada por um ex-Comandante, CMG Novo Palma,
Spark man & Stephens, ficando com a armação de sloop. Oferecido para designar a idade e delicadeza do Navio.