Page 9 - Revista da Armada
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marcaram, em muito, o exercício de desen-  turado e saber, as suas orientações internas  danças verificadas ao nível do ambiente, da
         volvimento organizacional que em conse-  de política e estratégia e em consequência  tecnologia, dos conceitos, das missões, dos
         quência houve necessidade de conceber e  idealizou a sua própria “Documentação Es-  meios, dos sistemas de armas e equipamen-
                                                                         4
         concretizar. Na realidade, a aquisição das  truturante da Estratégia Naval” (DEEN) .  tos, a transformação também é, como vimos,
         Fragatas da Classe Vasco da Gama e a intro-  Será, pois, todo este conjunto de docu-  muito marcada pela inovação, pela abertu-
         dução dos helicópteros navais como seu ele-  mentos que permitem à Marinha iniciar,  ra de espírito e pela firme vontade de mu-
         mento orgânico determinaram ajustamentos  então, a sua verdadeira “Transformação”. E  dar. Vontade de mudar esta que, no caso da
         orgânicos substantivamente mais coerentes  como? Passando, com lógica e coerência, da  Marinha, foi assumida e incorporada na sua
         e uma maior racionalização de estruturas  política e dos fins, à estratégia e aos meios;  própria liderança, ao mais alto nível da sua
         e meios de apoio. Em decorrência, os sis-  da grande estratégia à estratégia genética,  hierarquia e gestão de topo. O comprome-
         temas logísticos de pessoal e material e os  estrutural e operacional; do desenho e con-  timento efectivo da chefia superior da Ma-
         respectivos processos de gestão tiveram que  cepção dos meios à sua própria organiza-  rinha em todo este processo poderá não ser
         ser adequados aos novos requisitos. Refor-  ção, sustentação e emprego. É ela, a DEEN,  condição suficiente de sucesso. Todos nós o
         mulou-se toda a orgânica dos serviços de  que em desiderato último permite também à  sabemos. Mas é seguramente condição sine
         bordo e acautelaram-se novos padrões de  Marinha e às suas gentes conhecer a todo o  qua-non a assegurar, em primeiro lugar, em
         formação técnica e profissional que as no-  tempo, em nome de que politica se trabalha,  qualquer processo de mudança que, como
         vas tecnologias embarcadas, obviamente,  quais as balizas que enquadram os objecti-  este, se deseja ver prosseguido com continui-
         vieram a impôr.                    vos que fixa e as tarefas que realiza. Ainda,  dade, forte motivação, especial rigor e uma
           Registe-se que apesar deste período ter sido  é toda esta nova metodologia de trabalho  grande determinação, tendo em vista o pro-
         muito marcado por uma vontade política de  que, do nosso ponto de vista, representa, na  pósito, de sempre, de se edificar e construir
         modernização das FA, ciente de que “Portugal  realidade, uma enorme mudança qualitativa  uma Marinha “firme na defesa”, “empenha-
         teria que fazer um investimento que outros já  de processos e métodos de gestão, de com-  da na segurança” e “parceira no desenvolvi-
         fizeram há muito”, também o foi, é bom lem-  portamento e atitude, acima de tudo de pos-  mento” de Portugal e dos portugueses.
         brar, numa lógica concomitante, de “menos  tura no modo como a Marinha, ela própria,                  Z
         forças melhores forças”, de “redimensiona-  encara, hoje, as suas actividades e a organi-  João M. L. Pires Neves
         mento militar” e de “redução de custos”.  zação da sua força de trabalho.                        VALM RES
           Nestas circunstâncias,  a Marinha, cien-  São estas circunstâncias que, inclusiva-       Presidente do CSDA
         te de que a improvisação não seria lema a  mente, habilitam a Marinha a poder subme-  Notas
         adoptar, reflectiu profundamente sobre o as-  ter, em todo o tempo, aos níveis de decisão   1  Covarrubias. Dr. Jaime. “Os Três Pilares de uma
         sunto e através do já conhecido estudo dos  adequados, todos os elementos pertinentes,   Transformação Militar”. “Military Review”, de Nov-
         “Contributos para o planeamento de Forças  para que se possa conhecer verdadeiramente   Dez 2007.
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                                                                                  Telo. Prof. Doutor António. “A Transformação das
         da Marinha”, assumiu, já em 1996, e cons-  a sua situação e em decorrência considerar   Forças Armadas”. “Segurança e Defesa, nº 3”, de Mai-
         cientemente, o desiderato político, então,  as alternativas necessárias à concretização   Jul 2007.
         estabelecido, de que se deveria racionalizar  das soluções, políticamente tidas por mais   3  Neves. Valm. João Pires. “As Forças Armadas e a
         a força em torno de uma base financeira de  razoáveis. Se não houver decisão, também   Defesa Nacional”. “Ed. Culturais da Marinha”. 2007.
         alguma credibilidade, compatibilizando as  se ficará a saber a vulnerabilidade que se   (p.105).
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         missões, o sistema de forças e os efectivos  abre e o risco que se corre.   com a redacção que lhe foi dada pela a alteração, de
         de pessoal, com os recursos financeiros do   Daí a afirmação de que é com esta alte-  31.01.07,  o modelo de planeamento adoptado pela
         País. A Marinha foi mesmo mais longe neste  ração interna de métodos e processos que   Marinha compreende como principais documentos es-
         seu processo de reflexão e, numa lógica típi-  a Marinha vinca, de facto, estruturalmente   truturantes da sua Estratégia: a “Directiva de Política Na-
                                                                               val” (e as Directivas Sectoriais)”, o “Conceito Estratégico
         ca de “Revolution of business affairs”, refinou  aquilo a que se convencionou apelidar de   Naval, as “Missões Sectoriais” e os “Paradigmas de Pla-
         os seus estudos, o seu conhecimento estru-  “Transformação”. Onde, mais do que as mu-  neamento - Genético, Estrutural e Operacional”.


              85º Aniversário da Liga dos Combatentes
              85º Aniversário da Liga dos Combatentes


             m 15 de Novembro a Liga dos                                             Espada ao longo dos duzentos anos
             Combatentes organizou uma ce-                                           da sua existência, tendo as entida-
         Erimónia que se realizou junto ao                                           des presentes na cerimónia feito uma
         Monumento aos Combatentes do Ul-                                            saudação com o hastear do respecti-
         tramar, em Belém, em que se come-                                           vo estandarte.
         moraram as seguintes efemérides:                                              Foi feita ainda uma invocação reli-
           - o Bicentenário da Ordem da Tor-                                         giosa e uma deposição de flores em
         re e Espada,                                                                homenagem aos mortos pela Pátria.
           - o 90º Aniversário do Armistício                                           Na sequência da cerimónia foram
         da I Guerra Mundial,                                                        assinados protocolos de cooperação
           - a celebração do 85º Aniversário                                         com Associações de Combatentes de
         da Liga dos Combatentes.                                                    Moçambique e de Marrocos, no âm-
           A cerimónia foi presidida pelo Mi-                                        bito da “Conservação das Memorias”
         nistro da Defesa Nacional – Prof. Dr.                                       e da “Troca de experiências entre
         Nuno Severiano Teixeira, tendo estado pre-  Foi orador da cerimónia o ex-Bispo de Dili  Combatentes” e foi feito o lançamento do
         sentes os chefes militares, CEMGFA, CEMA,  – D. Ximenes Belo – Prémio Nobel da Paz  livro “A Mulher e a Guerra” que foi escrito
         CEME e CEMFA, o Secretário de Estado da  que proferiu uma alocução subordinada ao  com base nos depoimentos das mulheres,
         Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar – Dr.  tema “Os Combatentes e a Paz”.  companheiras e outras familiares de milita-
         João Mira Gomes, muitas autoridades civis e   Na cerimónia procedeu-se à homenagem  res durante o conflito em Àfrica.
         militares e muitos combatentes dos 72 nú-  a todas as entidades civis e militares que fo-             Z
         cleos da Liga espalhados pelo País.  ram galardoadas com a Medalha da Torre e   (Colaboração da LIGA DOS COMBATENTES)
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