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Navios Hidrográficos

22. O Navio Hidrográfico Afonso de Albuquerque

  O navio hidrográfico Afonso de Albuquerque foi adquirido ao Rei-                         costa algarvia entre Sagres e Portimão. Em 1971, na zona con-
no Unido por subscrição pública a fim de substituir o aviso do mes-                        tígua ao limite Oeste da Estação Naval do Alfeite, entre esta e
mo nome, capturado em combate pelas forças indianas aquando                                a área concedida ao estaleiro da Lisnave. Em 1972, na barra e
da invasão do Estado Português da Índia em 1961.Tratava-se da                              porto de Portimão e na plataforma continental entre a ponta de
fragata HMS Dalrymple construída em 1945 nos estaleiros William                            Sagres e o paralelo de Sines. Em 1973, na plataforma continen-
M. Pickersgil & Sons, Ltd, em Sunderland, posteriormente adap-                             tal da foz do rio Minho à foz do rio Douro. Em 1974, na plata-
tada a navio hidrográfico e rebatizada Luce Bay, tendo sido incor-                         forma continental entre Setúbal e o cabo de S. Vicente e, no ano
porada no Efetivo dos Navios da Armada em 26 de abril de 1966,                             seguinte, do rio Minho a Espinho. Em 1977, no levantamento
no porto de Plymouth.                                                                      oceânico para a carta 6, do cabo de Sines ao cabo de S. Vicente e
                                                                                           ainda na conclusão do levantamento para a carta 1, do rio Mi-
  A denominação Afonso de Albuquerque evoca o célebre fidalgo
e militar que foi Go-                                                                                                                       nho a Espinho e, em
vernador e Vice-Rei                                                                                                                         1978, do cabo da Roca
da Índia ao tempo de                                                                                                                        ao cabo de Sines
D. Manuel I e a cuja
ação se deve o estabe-                                                                                                                         No Arquipélago
lecimento do domínio                                                                                                                        dos Açores, efetuou o
português do Oceano                                                                                                                         levantamento hidro-
Índico ao longo de vá-                                                                                                                      gráfico e altimétrico
rios séculos.                                                                                                                               das aproximações da
                                                                                                                                            baía das Barcas, na
  O navio apresen-                                                                                                                          ilha de Santa Maria,
tava as seguintes ca-                                                                                                                       no âmbito do projeto
racterísticas:                                                                             de instalação do Polígono de Acústica Submarina dos Açores, re-
                                                                                           alizado em 1969; no levantamento dos portos de Vila do Porto, na
  Deslocamento máximo...........................................2.265 toneladas            ilha de Santa Maria, em 1975; da Horta, Praia da Vitória e Mada-
  Comprimento (fora a fora).....................................93,6 metros                lena em 1977; de Ponta Delgada em 1978; do grupo oriental para
  Boca.............................................................................11,7 “  a carta 108 em 1979 e, no ano seguinte, da baía da Praia de Santa
  Calado máximo .......................................................4,3 “               Maria, para permitir o dimensionamento para a construção de in-
  Velocidade máxima.................................................15,5 nós               fraestruturas portuárias.
  Velocidade de cruzeiro............................................10 “                     Ainda ao serviço da Missão Hidrográfica nº. 1, no Arquipéla-
  Possuía 2 máquinas alternativas a vapor com 4 cilindros de trí-                          go do Madeira prestou apoio à sondagem de completamento da
plice expansão, acionando 2 veios com a potência máxima de 5.500                           carta 100 e ao levantamento hidrográfico oceânico das águas do
HP. A sua guarnição era composta por 109 homens ( 9 oficiais, 16                           arquipélago ao longo das rotas utilizadas na viagem de instrução
sargentos e 84 praças).                                                                    do 13º Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval, respeti-
  Uma vez chegado a Lisboa, largou em junho de 1966 para osAço-                            vamente em 1968 e 1969.
res, passando ao serviço da Missão Hidrográfica do Continente e                              De referir que, na altura em que foi criada a Missão Hidrográfi-
IlhasAdjacentes (MHCIA) em substituição do N.H. João de Lisboa.As                          ca nº. 1, foi igualmente constituída a Brigada Hidrográfica nº. 1, a
capacidades que oferecia em relação ao seu antecessor traduziram-se                        qual ficou responsável por numerosos trabalhos hidrográficos em
logo nesse ano no aumento do volume de trabalho realizado, con-                            Portugal Continental e nos Arquipélagos dos Açores e Madeira.
cretamente no número de posições determinadas e de sondas lidas.                             Na Guiné, o navio participou nos levantamentos hidrográficos
  Entretanto, pretendendo-se utilizar o navio em levantamentos                             com vista à atualização da barra do rio Cacine, do porto de Bissau
hidrográficos a efetuar também na Guiné e em Cabo Verde, para                              e do arquipélago dos Bijagós que incluiu os canais de Pedro de
além de Portugal Continental e das Ilhas Adjacentes, foi criada a                          Cintra, Álvaro Fernandes e passagens dos Porcos, do Caravelão e
Missão Hidrográfica nº.1, transitando para esta todos os meios                             do Galeão e dos canais de Orango e Diogo Gomes, trabalhos rea-
que até à altura se encontravam afetos à MHCIA, passando o co-                             lizados em 1967. Nos anos que se seguiram, deu apoio ao levanta-
mandante do N.H. Afonso de Albuquerque a acumular as funções                               mento do porto de Bambadinca, porto de Xime e, por último, em
de Chefe da Missão.                                                                        1972, na construção de uma marca de navegação na ponta Arcum-
  Em 1967 foi sujeito a fabricos no Arsenal do Alfeite em virtu-                           be da ilha de Orango.
de de deficiências que foram detetadas no tubular das caldeiras.                             No Arquipélago de Cabo Verde, deu apoio ao levantamento de
  Ao longo dos quinze anos em que esteve ao serviço, executou                              Vale de Cavaleiros realizado em 1968 e ainda no estabelecimen-
trabalhos de hidrografia e oceanografia em Portugal Continental,                           to de fiadas de sondagem oceânica entre Cabo Verde e a Guiné,
Arquipélagos dos Açores e Madeira incluindo as Ilhas Selvagens,                            trabalhos que vinham sendo realizados desde 1966 e ficaram
Guiné e Cabo Verde.                                                                        concluí­dos em 1969.
  Em Portugal Continental, participou, em 1967, no programa                                  Em 30 de maio de 1980, o N.H. Afonso de Albuquerque passou
do perfil sonar Continente – Açores – Madeira – Continente com                             ao estado de desarmamento e, em 14 de maio de 1983, abatido
lançamentos de batitermógrafos a 270 metros; nos levantamen-                               ao Efetivo dos Navios da Armada.
tos hidrográficos entre o cabo de Santa Maria e a foz do rio Gua-                            Posteriormente, foi utilizado em exercícios navais como alvo
diana e ao largo de Leixões, ambos em 1968; na plataforma con-                             de tiro de superfície e de torpedos, tendo em 1994, no âmbito
tinental entre o cabo de Santa Maria e o cabo de S. Vicente, na                            de exercícios da NATO, sido afundado definitivamente pelo
bacia de manobra e zona adjacente ao cais da Base Naval do Al-                             NRP Cte. Sacadura Cabral.
feite e no reconhecimento hidrográfico expedito das imediações
do encalhe do antigo navio oceanográfico “Salvador­ Correia­ ”,                                                     Colaboração do Instituto Hidrográfico
em 1969. Em 1979, na bacia do Alfeite, na Doca da Marinha e na                                                                 Revista da Armada • Janeiro 2003 11
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