Page 31 - Revista da Armada
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VIGIA DA HISTÓRIA						                                                                            49

UMA QUESTÃO DE IMPORTÂNCIA

Com maior incidência no sec. XVII pas-           dante da frota ( designado por cabo da frota)     de instruções sobre os sinais a efectuar para
       sou a Baía a ser uma das escalas, em      seguir, durante a noite, o farol do navio da      que este os cumprisse no decurso da viagem,
       especial na tornaviagem, dos navios       Índia e, durante o dia, o de navegarem todos      instruções essas que, sem surpresa, foram por
da Carreira da Índia, em clara transgressão      juntos regulando o pano e os rumos de acordo      este rejeitadas.
das instruções régias.                           com o que uns e outros tivessem estabelecido.
                                                                                                     Em carta datada de 1 de Setembro dirigi-
  Tal escala apresentava um conjunto de            Tal indefinição, na 2ª metade do sec. XVII,     da a Simão de Távora o Governador, reite-
vantagens, desde a possibilidade de efectuar     era ultrapassada pelo Governo do Brasil pro-      rando as instruções régias informava não es-
reparações, o tratamento dos doentes de bor-     movendo reuniões entre os interessados no         tar estabelecida qualquer dependência entre
do, o completamento das lotações devido às       decurso das quais os sinais a efectuar entre      os comandos e lamentava a sua ausência na
mortes entretanto verificadas, a possibilida-    os navios eram apresentados e distribuídos,       reunião onde todas as dúvidas poderiam ter
de de integrarem as frotas do Brasil e verem     sinais esses combinados e aceites pelos in-       sido esclarecidas.
assim melhoradas as condições de segurança       tervenientes.
no que ao tempo e aos ataques de inimigos                                                            Não foi possível apurar se o bom senso
se refere e, não menos importante, à possibi-      Em 1676 no entanto o conceito que cada um       imperou e houve consenso entre as partes,
lidade dos tripulantes, em especial os oficiais  tinha da respectiva importância levou a que       não constando ter ocorrido qualquer ocor-
do navio, poderem efectuar negócio com as        tendo sido marcada uma reunião, para o dia 31     rência de maior no decurso do regresso a
mercadorias que traziam da Índia.                deAgosto, entre o Capitão de Mar e Guerra da      Lisboa que se admite não deveria ter sido
                                                 nau S. Pedro de Rates , Simão de Sousa de Tá-     dos mais pacíficos.
  Talvez devido  a questões relacionadas com     vora, vinda da Índia, e Diogo Ramires Esqui-
as precedências entre os nomeados para os        vel, Capitão de Mar e Guerra da S. Veríssimo                                                         
cargos de comando nunca foi estabelecida         e cabo da frota do Brasil, esta não se realizas-                                    Com. E. Gomes 
uma clara dependência entre os capitães das      se porque Simão de Távora não compareceu.
naus da Índia e os comandantes das frotas do                                                       Fonte: Documentos Históricos da Biblioteca nacional do
Brasil limitando-se as instruções régias ao es-    Para além de não comparecer à reunião           Rio de Janeiro vol. 9.
tabelecimento da obrigatoriedade do coman-       Simão de Távora, nesse mesmo dia, fez che-
                                                 gar às mãos de Diogo Esquivel um conjunto         N.R.
                                                                                                   O autor não adota o novo acordo ortográfico.
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