Page 35 - Revista da Armada
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3ª 1948-1974
Terminada a II Guerra Mundial, tornava-se necessário tomar O primeiro exercício nacional de grande envergadura realiza-
do após o fim da Guerra teve início a 17 de maio de 1950, termi-
medidas urgentes para substituir os navios da 2ª Esquadrilha nando apenas a 31 de julho. No evento participaram: um aviso
de 1ª classe, três contratorpedeiros, uma fragata, quatro navios-
que estavam atingir o final da sua vida útil. A solução adotada -patrulha, dois submersíveis e um navio auxiliar. De realçar que
os submersíveis eram o Delfim, da 2ª Esquadrilha, mas ainda no
consistiu em adquirir, na Grã-Bretanha, submersíveis construí- ativo, embora próximo da data de abate, e o Narval, recentemen-
dos no final da Guerra, em 1944, da classe “S” ( Spur, Saga e Spea- te chegado a Portugal.
rhead). Em Portugal foram batizados Narval (S160), Náutilo (S161)
e Neptuno (S162), sendo também designados por submersíveis Em 1952, os submersíveis portugueses tomaram parte, pela
primeira vez, em exercícios internacionais, com navios de ou-
tipo “N”, pelo facto de todos eles terem nomes começados por tras marinhas da NATO. Assim, em 19 e 20 de maio, ao largo do
esta letra. Cabo Espichel realizou-se um
O primeiro a ser entregue à Marinha portuguesa foi o Neptu- exercício naval luso – francês
no, a 27 de agosto de 1948, tendo-se realizado a cerimónia em em que participaram 5 unida-
des portuguesas que incluíam
Gosport, como aliás aconteceu os submersíveis Neptuno e
Náutilo e 10 francesas.
com os restantes submersíveis
Um momento notável para
da classe. A viagem para Por- a força de submersíveis por-
tuguesa foi a participação
tugal foi realizada sem escolta, do Náutilo num importante exercício luso-britânico. Os navios
portugueses eram duas fragatas e este submersível, enquanto
tendo chegado a Lisboa a 8 de os ingleses participaram com um cruzador, contratorpedeiros e
fragatas. As manobras decorreram entre Gibraltar e Lisboa, em
outubro. março de 1953. No dia 18, o submersível português conseguiu
penetrar no dispositivo de proteção da força de superfície, simu-
A 11 de outubro foi entregue lando um ataque a curta distância ao contratorpedeiro britânico
o Náutilo, tendo a sua viagem Swiftsure que simulava a unidade mais importante, sendo objeti-
vo da força assegurar a sua proteção.
inaugural decorrido entre 1 e 4 Nos anos seguintes da década de 50 a 3ª Esquadrilha efetuou,
além de exercícios nacionais, também internacionais com a parti-
de novembro. Assistiram à sua chegada a Lisboa, embarcados cipação de unidades inglesas e francesas.
no Náutilo, o Almirante Américo Thomaz, Ministro da Marinha A década de 60 marcou o fim da 3ª Esquadrilha. Logo no
início, em 1961, começou a Guerra do Ultramar. Como conse-
e restantes almirantes. quência da mesma houve a necessidade de deslocar meios de
Por último, a 30 de novembro, foi entregue o Narval. Largou de superfície para os territórios ultramarinos, implicando que os
submersíveis deixassem de ter navios com os quais pudessem
Gosport a 17 de dezembro, chegando a Lisboa a 20. treinar. Com esta limitação, o programa de treino voltou a ser,
como acontecera já durante a II Guerra Mundial, vocacionado
As características principais destes navios eram as seguintes: para o adestramento das suas guarnições, de modo a manterem
as suas perícias para navegação em imersão. Por outro lado, os
Deslocamento à superfície . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 863 toneladas navios atingiam uma idade avançada, com a consequente fadiga
e desgaste do material. Por questões de segurança das respetivas
em imersão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.000 “ guarnições, as cotas máximas de imersão tinham sido reduzidas,
passando gradualmente dos 100 metros iniciais para valores da
Comprimento máximo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61,75 metros ordem dos 20 metros. Ao mesmo tempo, decorria um programa
de modernização da Marinha, iniciado em 1962 e que contem-
Boca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7,31 “ plava a aquisição de 6 novos submarinos. Deste apenas foi exe-
cutada a primeira fase, que previa a vinda de 4 submarinos, que
Calado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3,2 “ iriam constituir a 4ª Esquadrilha.
O abate dos submarinos da 3ª Esquadrilha ocorreu quando es-
Cota máxima operacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .130 “ tava garantida a sua substituição por novas unidades, adquiridas
em França. Assim, a 1 de setembro de 1967 foi abatido o Neptuno,
Velocidade máxima à superfície . . . . . . . . . . . . . . . .14,9 nós o Náutilo a 25 de janeiro de 1969 e o Narval a 14 de janeiro de 1974.
em imersão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 “ Colaboração da ESQUADRILHA DE SUBMARINOS
económica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 “
Autonomia (velocidade económica) . . . . . . . . . . . . . . 8.622 milhas
Possuíam como propulsão 4 motores Diesel de 1.150 cv e 2 mo-
tores elétricos de 1.300 cavalos. Estavam armados com 1 peça Vi-
ckers-Armstrong de 101.6 mm, 1 metralhadora antiaérea Thomp-
son de 20 mm e 6 Tubos lança-torpedos MK8. A sua guarnição
era constituída por 45 elementos.
Tal como aconteceu com os navios das esquadrilhas anterio-
res, também estes participaram intensamente em exercícios para
adestramento de forças de superfície. É importante relembrar
que desde que surgiram submersíveis com capacidade militar
efetiva existiu sempre, por parte da Marinha, a preocupação em
assegurar os meios e as táticas necessárias para detetar e comba-
ter esta temível ameaça.
Finalizada a II Guerra Mundial, o submarino continuava a ser
visto como uma enorme ameaça à livre circulação marítima,
sendo o período que se seguiu à Guerra caracterizado por uma
bipolarização em dois grandes blocos políticos e militares. Portu-
gal integrou, desde a primeira hora, um desses blocos, a NATO.
O principal objetivo estratégico das forças navais da NATO era
assegurar a livre circulação de navios pelo Atlântico e a principal
ameaça eram os submarinos do Pacto de Varsóvia.