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SAÚDE PARA TODOS 7
A comunicação é crucial para a interação ROUQUIDÃO Causas de disfonia
social, sendo a fala uma dessas formas de
comunicação. Os seres humanos têm uma disfonia. São exemplos de profissionais de ris- ► Alterações funcionais (uso inadequado
habilidade natural para usar a comunicação co os cantores, professores, atores, locutores, da voz, inaptidão vocal, alterações psico-
verbal para ensinar, explicar e entreter, o que telefonistas, operários de indústrias com ruído -emocionais);
explica o facto da fala ser tão preponderante elevado, entre outros. ► Alterações adquiridas das cordas vo-
na vida quotidiana. É compreensível, portanto, cais (inflamação aguda, nódulos, pólipos,
que perturbações da voz, que podem levar a A aspiração de produtos químicos irritantes, quistos, edema de Reinke, lesões tumo-
transtornos a nível social, profissional e emo- mudanças bruscas de temperatura, poluição, rais e pré-tumorais);
cional, sejam um motivo frequente de consul- ar condicionado e ingestão reduzida de água, ► Alterações congénitas das cordas vocais;
ta médica. são citados como agentes geradores de qua- ► Alterações hormonais, reumatológicas
dros alérgicos e de desidratação das cordas ou neurológicas;
A FORMAÇÃO DA VOZ vocais. Esses quadros geram desconforto ao ► Lesão dos nervos que controlam as
falar podendo levar o indivíduo a desenvolver cordas vocais;
A produção da voz é decorrente da ação ajustes vocais inadequados, na tentativa de al- ► Refluxo gastroesofágico;
conjunta e harmoniosa de várias estruturas ana- cançar intensidade e qualidade vocais audíveis ► Sinusite crónica.
tómicas. Esse conjunto de estruturas é denomi- para a pessoa com quem quer comunicar.
nado aparelho fonatório e é constituído pela la- Nas situações agudas inflamatórias/infecio-
ringe e pelas cavidades de ressonância (faringe, O tabaco e a ingestão de álcool são fatores sas o ideal é fazer medicação anti-inflamató-
cavidade oral, fossas nasais, seios perinasais). irritantes externos das cordas vocais, provo- ria. Em algumas situações específicas o médi-
cando inflamação das mesmas, bem como são co pode prescrever antibióticos.
Na laringe encontram-se as cordas vocais, ou ambos fatores predisponentes para o cancro da
seja, duas pregas musculares paralelas recober- cabeça e pescoço. Nas situações crónicas, quando a rouquidão
tas por mucosa. No ato da fala, sob o comando não cede em 15 dias às medidas supracitadas,
do cérebro, as cordas vocais juntam-se para deverá obrigatoriamente ser marcada uma
estreitar a saída de ar dos pulmões. Esse estreita- consulta médica para estudo diagnóstico.
mento leva à vibração das cordas vocais, bem
como do ar que por elas tenta passar, produzin- Na rouquidão com origem no uso inade-
do-se um som. Esse som ao atravessar as dife- quado da voz o principal tratamento é a tera-
rentes cavidades de ressonância vai sofrendo pia da fala, de forma ao doente reaprender a
alterações acústicas, gerando a voz tal como a colocar a voz, permitindo o relaxamento dos
conhecemos, individual para cada ser humano. músculos da fonação que persistentemente se
encontram tensos. Desta forma vai haver uma
Qualquer irregularidade na superfície de re- diminuição do atrito entre as cordas vocais,
vestimento das cordas vocais leva à perturba- diminuição do trauma sobre as mesmas e me-
ção da produção do som. A falta de clareza do lhoria da qualidade da voz.
som é a rouquidão.
Nos casos de rouquidão de origem orgâni-
ROUQUIDÃO A automedicação é outro fator de risco para ca, a causa específica deve ser tratada. Se há
disfonia. O uso de pastilhas ou sprays levam a lesão das cordas vocais pode haver necessi-
A rouquidão, também denominada disfo- uma melhora passageira da sensação de dor, dade de realizar uma cirurgia de modo a re-
nia, é um sintoma frequente na população e decorrente de uma fonação com esforço. Ao movê-las. Se há alterações hormonais ou do
consiste numa alteração da qualidade da voz. promoverem uma analgesia momentânea, foro reumatológico terão de ser corrigidas. Na
A impossibilidade de emitir sons (afonia) e a sem remover a causa do problema, o indiví- presença de refluxo gastroesofágico deverá
dor ao falar (odinofonia) são por vezes inter- duo, já sem dor, acaba por aumentar o esforço haver uma mudança dos hábitos alimentares
pretadas pelos doentes como rouquidão. fonatório e agravar o seu comportamento vo- e comportamentais, bem como se deverá ser
cal inadequado. iniciada medicação com inibidores da bom-
A rouquidão é uma manifestação de mau ba de protões (e.g.: omeprazol). Se for diag-
funcionamento de um dos sistemas ou estrutu- TRATAMENTO nosticada uma perturbação ansiosa o doente
ras que atuam na produção da voz e normal- é aconselhado a procurar ajuda psicológica
mente é um problema de caráter transitório, O tratamento da disfonia depende da sua ou psiquiátrica.
podendo ser classificada como aguda, se for causa. Em todas as situações deverão ser eli-
de curta duração, ou crónica, quando persiste minados os fatores que provocam irritação da Não esquecer que os tumores malignos são
por mais de 15 dias. Pode ser provocada por laringe, tais como: exposição a produtos quí- quase sempre indolores e de crescimento
esforço vocal, infecção respiratória, alterações micos e tóxicos, ambientes ruidosos, poluídos rápido pelo que a rouquidão é um sinal de
benignas ou da mobilidade das cordas vocais, ou com ar seco, maus hábitos alimentares, be- alerta importante que não deve ser ignorado
mas também por um tumor. Daí que uma rou- bidas geladas, consumo de tabaco e álcool, pi- sob o risco do tumor ser diagnosticado numa
quidão que dure mais de 15 dias exija uma garrear constantemente (“raspar a garganta”) e fase muito avançada e com poucas opções
observação por um médico, preferencialmen- sussurrar (aumenta o esforço vocal). Deverá ser terapêuticas.
te otorrinolaringologista, pois esta é a única estimulada a hidratação oral, o repouso vocal
forma de se obter um diagnóstico. e corporal (dormir). Ana Cristina Pratas
1TEN MN
FATORES DE RISCO OU DE
AGRAVAMENTO
Profissões que impliquem esforços intensos
com a voz (gritar, cantar, falar durante longos
períodos) aumentam o risco de desenvolver
30 SETEMBRO-OUTUBRO 2013 • REVISTA DA ARMADA
