Page 202 - Revista da Armada
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De  Gualter  Guerra,  J .o_gr.  FZ:
                                               De  D.  Júlia  Rosa  Freitas  Pinto,  modo  ligada  aos  costumes  da  Ma-
             «Nacala,  12-4-72                 esposa de  um ex-marinheiro e actual-  rinha.
             «Principiando  por  pedir  desculpa  mente  funcionário  dos  quadros  do
            pelo  incómodo  que  vos  possa causar,  pessoal civil:               «Conforme  pedido  de  colaboração
            venho  até  vós  através  desta  minha                                da  «nossa»  Revista,  atrevo-me  a
            missiva  tentar  cooperar  com  um   «Sesimbra,  20  de  Março  de  1972.  enviar  uns  simples  poemas  que
            simplicíssimo  poema  da  minha  auto-  «As  minhas  mais  cordiais  felici-  escrevi,  que  no  caso  de  acharem
            ria  na  nossa  esplêndida  Revista.  tações  pela  laboriosa  direcção  da  convenientes  e  lhes  quererem  dar
            Tenho  acompanhado  o  seu  pro-   «nossa»  Revista,  bem  como  a  todos  um  cantinho  na  «nossa»  Revista,
            gresso,  constante,  de  número  em   os  seus  prezados  colaboradores.  outro  mérito  não  será  o  meu  que
            número,  e  com  grande  sinceridade  «Antes  de  dizer  ao  que  venho,  vou  não  seja  Unicamente  a  boa  vontade
            vos  digo  que  a  nossa  Revista  é  identificar-me  como  fazendo  parte  que  tenho  em  colaborar  também.
            formidável;  nela  se  encontra  um  também  da . família  marinheira,  pois  O  meu  muito  obrigada  desde  já,
            pouco  de  tudo,  sendo  esse  tudo  um  sou  esposa  de  um  ex-marinheiro,  pois  mesmo  no  caso  de  não  ter
            mar  imenso  de  cativante  leitura.  agora  integrado  no  quadro  civil.  préstimo  o  meu  modesto  trabalho,
            Assim,  instigado  por  algumas  pala-  Meu  marido  é  assinante  desde  o  desejo  de  todo  o  coração  que  apa-
            vras  nela  descritas  e  por  uma  força   primeiro  número,  e  por  minha  parte  reçam  colaborações  positivas  para
            interior  abstracta,  mas  contudo  con-  confesso  que  gosto  muitíssimo  de  o  engrandecimento,  sempre  maior
            creta,  de  querer  colaborar  naquilo   a  ler,  talvez  por  me  sentir  de  certo  da  «nossa»  querida  Revista.»
            que  para  nós  foi  pensado  e  feito,
            fui  privilegiado  num  momento  de        MARINHEIRO
            maior  concentração  espiritual,  ins-
                                                               I                                  V
            pirando-me  num  dos  momentos  do
            verídico  actual.  Alguns  versos  sur-
                                               A nossa Revista estou lendo,       Quando se pensa bem,
            giram  e  se  a  vossa  permissão  for
                                               e parece-me ouvir vozes dizendo:   sempre alguma coisa se tem,
            recíproca  ao  meu  desejo,  gostaria
                                               «Escreve algo para nós!»           dentro de nós algo existe.
            de  vê-los  publicados  na  nossa  Re-
                                               Assim,  marinheiros,  em  vós  pensei,  Olhai o que vos vou dizer:
            vista.
                                               pois também minha vida dei,        Feliz comecei a escrever
            «Para  vós,  bons  amigos,  agradeço
                                               por amor, a um de  vós.            e acabo ficondo triste.
            a  vossa  atenção  e  formulo  votos
            sinceros  de  mumeras  felicidades·
                                                               II                                 VI
            para  a  nossa  Revista  que  tão  bem
            recebida  tem  sido  por  todos  aqueles
                                                Meus queridos marinheiros:        Porquê? Certamente perguntais.
            que compreendem o intuito das vossas
                                               a vós,  vos tenho primeiros        E vede que não me enfadais
            canseiras. »
                                                no coração com ardor.             se me procurais a razão.
                                                Se vosso sabor é a sal,           Não conheço nenhuma delas,
            N.R.:  Os  \'ersos  recebidos,  se  for  C(l5 U
            d isso,  serão  publicados  de  acordo  com   deste lindo Portugal,   mas sei que estais com elas,
            (IS  necessidades  da  Revista.
                                               sois o gostoso sabor!              como elas em meu coração.
                                                               III                               VII

                                                Quando em noites tenebrosas       Quando partis em viagem,
                                               com as  vagas alterosas            dão-vos tanta coragem,
                                               e com os nervos à solta,           mas  vossos  corações  estão  sofrendo.
                                                vós sentis bem que o mar          Quando ides plo mar fora,
                                               tudo vos pode tirar                vossas almas choram agora,          f
                    VOZ                        nuns instantes de revolta.         pois  vossos  filhos  não  estais  vendo.   ,


                                                               IV                                VIII
                       DA                       Depois ... , depois vem a bonança,   Falo das  Mães Portuguesas


                                               como por milagre vem a esperança,   que  nos  deram  e  darão  as  certezas
                ABITA                          pois o mar ficou quieto!           do Portugal de ontem e de amanhã.
                                                Oh,  Deus! ...  Basta-lhes  um  só  olhar  Hoje ... , coragem marinheiros!
                                               para que o revolto mar             Do bem sede vós obreiros
                                                lhes pareça um céu aberto!  '     e nossa fé não será  vã!!!


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