Page 331 - Revista da Armada
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VIAGEM DA STANAVFORLANT
(Foto aa «Navy Internacional») A Força Naval Permanente do Atlântico (S TANAVFORLANT)
em exercícios no Mediterrâneo - O primeiro navio da direita é
a fragata «Almirante Pereira da Silva»
Quarta-feira, dia 2 de Agosto de 1972 pelas 17 h 30 m, Trondheim regressámos ao lar. E, felizmente, estou certo,
o navio navega em bo~s condições. Mar calmo, céu ligei- todos se sentem satisfeitos pelo dever cumprido, com a
ramente encoberto e vento fraco. Viagem de regresso a certeza de ter sido uma vez mais prestigiado o nome de
Lisboa. Portugal e dos seus marinheiros. Honra que cabé a todos
Seria talvez isto o que um velho lobo do mar escreveria e de que nos devemos orgulhar, tanto mais que ela se
nas páginas dO' seu diário náutico a propósito da nave- deve ao facto de em confronto com navios superiormente
gação da fragata «Almirante Pereira da Silva». apetrechados, nunca a «Almirante Pereira da Silva» ter
Porém, não se trata de um diário náutico nem de um sido inferior aos demais. E se o apetrechamento das outras
relato de velho marinheiro. Sucede apenas que foi preci- unidades navais era superior ao da nossa, nunca o foram
samente neste momento que nasceu em mim um senti- em vontade e determinação. Todos se aplicaram dando o
mento de revolta, contra a minha própria renúncia em seu melhor em dedicação e sabedoria. Creio atestarem
escrever algumas palavras sobre a comissão que agora bem estas minhas afirmações alguns elogios feitos ao
terminou. nosso navio por parte do Comodoro Comandante da
A fragata «Almirante Pereira da Silva» esteve integrada ST ANA VFORLANT após exercícios, e o alto conceito
na Força Naval Permanente do Atlântico durante cerca de que foi alvo toda a guarnição portuguesa e o seu navio.
de três meses. Durante este período a referida Força
visitou os portos de Izmir, Atenas, Nápoles, Lisboa, Camp- No aspecto social também muit<1 se fez e sempre bem.
beltown, Glasgow, Londres, Lorient e por fim Trondheim. A hospitalidade portuguesa continua a ser real e não
Daquilo que nos foi dado ver muito haveria para contar. apenas um mito. Depois de viagens arrasantes, com exer-
Porém não posso aqui deixar de referir, entre outras cícios mais ou menos cansativos, onde até o material se
coisas, o que vi num maravilhoso passeio pelos lagos ressentiu pelo esforço a que também foi chamado, a guar-
escoceses num circuito turístico de muito interesse, este nição teve sempre alento para a convI vencia com os
acrescido pelo facto de termos então como guia uma estrangeiros e fomentar amizades que perdurarão por
gentil portuguesa ali radicada que muito contribuiu, com muito tempo.
a sua gentileza e graciosidade, para o bom êxito da Pôde, assim, a «Almirante Pereira da Silva» sair-se airo-
excursão, integrando-se muito bem no ambiente de festa samente da missão que. lhe foi confiada graças à capa-
que reinou durante o passeio. Pena foi que o mesmo se cidade de todos os seus elementos, cujo saber foi posto
tenha realizado em dia de vento e chuva com o céu à prova.
sempre cinzento, o que obscureceu um tanto a nossa Desde a integração do nosso navio na Força, dela fizeram
satisfação. Mesmo assim, não deixou de se fazer o habi- parte navios ingleses, americanos, alemães, holandeses
tual pic-nic e até o noSso joguinho de futebol em Inverary. e um canadiano que se despediu em Lisboa antes da
. Depois de todas as visitas e terminada a comissão em partida para o Mediterrâneo .
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