Page 42 - Revista da Armada
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Caminhemos
para a frente
É humano, corresponde à evolução natural e exi- E assim, hoje, espraiando a vista em toda a volta,
gente· da vida moderna, é mutaçãp irreversível o damo-nos conta que em pouco mais de dez anos
trabalho feminino. Por si só, está a impor-se aqui a Mulher Portuguesa, avassaladoramente, marcou
como se impôs já em outros países em que as posição em importantes sectores da vida nacional.
sociedades se viram mais cedo atingidas pelo afã E da sua aptidão e rápida adaptação estão à vista
incontrolável do progresso. É característica dos os resultados.
tempos que correm o contributo da mulher para Dia após dia, mais e mais a mulher se compenetra
a manutenção do agregado familiar. Também é ca- do seu papel na sociedade e, .paralelamente, o
racterística dos tempos que correm não necessitar homem, o chefe, o gerente, o administrador, dá
o lar, por vezes, do concurso da mulher, mas dese- conta da sua especial qualificação em todas as
jar ' ela um hobby, querer a sua independência, etc. actividades modernas e para a sua beira a chama,
De tempos a tempos, vem à estampa o testemunho mais o seu concurso solicita.
autorizado de uma mulher salientando o papel Há, no entanto, um sector para o qual a nossa
feminino nas actividades hodiernas; que é impres- mulher ainda, pràticamente, se não revelou - ex-
cindível e corresponde a uma necessidade da socie- cepção feita às enfermeiras pára-qued istas já em
dade de agora; que é um Iídimo desejo de cooperar serviço no Ultramar - , sector, aliás, repleto de acti-
e até competir com o homem em todas as tarefas vidades perfeitamente consentâneas à sua natureza:
e actividades da conjuntura actual, etc. as Forças Armadas.
Pela veemência que transparece em tais notícias, Este é um fenómeno, quase inexplicável se atender-
pelos slogans « real ização da mu Iher», « revisão dos mos a que a mulher é especialmente dotada para
direitos», «discriminação de salários», etc., parece, certas tarefas subsidiárias da ciência e arte da guer-
até, que o elemento fem inino não está verdadeira- ra: secretaria, enfermagem, condução auto, comu ni-
mente seguro da razão que lhe assiste. cações, etc,
Porém, salta à vista que na vida corrente - tanto Sendo as ciências militares, mesmo em tempo de
nas actividades oficinais como em todos os graus paz, das mais nobres e dignas, natural seria que a
da actividade intelectual e em múltiplos sectores mulher só se sentisse perfeitamente realizada quando
artesanais - a l11ulher não só rivaliza com o homem com o homem igualmente compartilhasse dos labores
como, por vezes, a ele se sobreleva. que a sua natureza permita; que a seu lado perma-
Ninguém duvida da perícia da mulher frente a uma necesse para ajudar a manter o grande edifício
fresa, um torno, um tear, no imbricar de um induzido, de que tudo se espera para a defesa da Pátria.
na electrónica, nas embalagens, etc. Mais: hoje já Se atendermos, porém, que estamos em guerra
ninguém põe em dúvida a aptidão da mulher para vai para onze anos, aqu ilo que em tempo de paz
o volante de uma viatura auto, para a condução é voluntariado e colaboração altruísta, em tempo
e utilização de outras máquinas e aparelhos, na de guerra aparece como obrigação, como dever.
fábrica, no campo! Em todos os países em guerra a mulher tem desem-
A mulher, pela sua natureza e Gonstituição, é um penhado papel relevante na prestação de serviços
ser especialmente dotado para as tarefas que pela adequados, de modo a permitir libertar homens para
sua infindável repetição se tornam monótonas ao sectores de maior actividade, esforço ou risco.
homem e para outras, ainda, que a ele se tornam Em todos os países em guerra se verificou a valo-
exaustivas pela sua pequenez, delicadeza, cons- rização da mulher por virtude da sua contribuição
tância, etc. para o esforço comum. Em todos eles a sua 'repu-
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