Page 47 - Revista da Armada
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Mas o «Ericeira. levanta-se e, correndo, sal-
o comandante deu ordem para envolver tando, agachando-se, lança-se na direcção do
o inimigo. Contudo, o fogo era tão inimigo, indiferente às balas que sibilam à
intenso que não parecia possível .su"a volta. Alguns companheiros seguem-no,
executar a manobra ... então, enquanto Qutros cobrem o avanço ti'
com bazookas e metralhadoras pesadas... ~
- EstamOs aqui
parados a
fazer o
quê? ...
Nas primeiras operações chegou a ser admoes-
tado pelo comandante, porque, ao soarem os
primeiros tiros, como por encanto·, desaparecia
a ordenança, pois o «Ericeira. saltava imed ia-
tamente em direcção ao inimigo .. Sempre se no
haveria de destacar nas operações em que en-
trava. Nada receava. E era correcto, leal e
amigo de todos os camaradas. Mais de uma
vez arriscou deliberadamente a vida para tirar
companheiros de apuros. Numa licença que
veio gozar à Metrópole salvou, na Ericeira, um
pescador que caíra ao mar, com mau tempo, e
que a rede prendera. E logo a seguir, na Guiné,
salvou um nativo que caíra a um rio caudaloso,
onde havia jacarés.
Quandó regressou, trazia uma Três meses após ter
Cruz de Guerra, vários louvores chegado, partia,
e mais alguns episódios vividos agora para An-
em que a sua temeridade fora gola, e de novo
o fu Icro da acção. como volun-
tário, noutro
destaca-
mento: ..
No dia do seu funeral, o comércio da
Ericeira encerrou as portas e, pode
dizer-se, iodo o povo da terra que
foi o seu berço lhe prestou a última
e justa homenagem, incorporando-se
no funeral.
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