Page 378 - Revista da Armada
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do  pinheiro,  gente  a  cheirar a  rosmaninho, gente  que   2000 anos do nascimento de Maria, que a Igreja celebra
             quase só vê o mar em pensamento, era essa gente que   no corrente ano.
             estava ali a gritar pela sua Marinha.                 Depois ainda, o almoço, servido com todos os «efes
                Deixem·me contar. A coisa foi assim:            e erres» à  Banda da Armada e a entidades convidadas.
                Era o  dia 5 de  Agosto.  Esse  dia e  não outro,  pois   E  a  colmatar,  o  concerto.  Sim  um  concerto  como
             quando se pensou mudar a data, aquela gente reagiu. E   manda a lei, onde não faltou o requinte de uma selecção
             muito bem, já que o dia cinco é desde tempos imemo·   musical esmerada, onde couberam Verdi e Beethoven a
             riais, o dia em que Mouraz festeja a sua padroeira, Nossa   par de compositores de música ligeira e popular.
             Senhora da Esperança, venerada no monte  a que ela    Já que a Marinha não pode aqui estar com os seus
             deu o nome e onde alveía a sua vetusta e linda ermida.   navios, aqui está ela com a sua componente musical, di·
                Hã. dois anos tive o ensejo de ser o orador sacro das   zia o competente e esperançoso jovem maestro, subte·
             referidas festividades a convite do almirante Malheiro do   nente MUSJoséAraújo Pereira.
             Vale, filho daquela terra.                            Mais de uma hora inolvidável de boa música a que a
                Este ano, muito'antes ainda da Páscoa, foi·me dirigi·   gente beiroa não regateava aplausos.
             do igual convite que não pude recusar, e foi·me dito que   Depois eram os vivas à Marinha. Dir·se·ia que o alto
             a Banda da Armada também estaria presente.         da serra se transformou num mar já que, além dos ele·
                Não se esqueça, aponte na sua agenda, era·me alvi·   mentos da banda, antigos e actuais marinheiros ali acor·
             trado sempre que me encontrava com quem me formula·   reram em grande número.
             ra o convite, quase sempre nas instalações da «Revista   Nunca se viu coisa assim, diziam os populares. Eu
             da Armada».                                        própriÇ)  estava  estupefacto.  E  mais  estupefacto  fiquei
                -  Descanse, senhor almirante, a festa não se fará   quando,  no  auge  dos aplausos, se  abeiraram de  mim
             sem mim.                                           dois jovens já espigadotes, rondando os catorze ou quin-
                E lá fui. Confesso que, dada a distância de Lisboa a   ze anos, e me perguntaram: 6 senhor prior, como é que
             Mouraz, me não foi fácil coordenar horários e movimen·  se pode chegar a capelão da Armada?
             tos, até porque, no dia 4de Agosto, tinha eu de satisfazer   Saiu·me uma gargalhada incontida,  mas 'vi  nos  jo·
             compromissos de pregação em terras de Mafra e Torres   vens um anseio a que procurei, com calma, dar resposta.
             Vedras.                                               Mas, a quem não pude responder foi a tantos e tantos
                Mas, cheguei a tempo. Cheguei mesmo na véspera,   que, ao entardecer daquele dia memorável, talvez até ao
             por volta da meia·noite, após longa viagem de comboio.   serão de algum dos dias seguintes. ou, quem sabe, ao
             Se bem que a hora fosse tardia, não faltou à minha che·   amanhecer ensonado nos dias posteriores, a si próprios
             gada o acolhimento franco dos beirões, nem a exclama·   se interrogariam: e se um dia eu fosse marinheiro?
             ção de alguém: Bem, pregadorjá nós temosl             Não virá longe o dia, creio, em que alguns deles este-
                Davam·me assim a entender, num sorriso amistoso,   jam ao leme de alguma embarcação da Armada.
             que a ~inha presença era meia festa garantida.        Mas, mesmo Que  isso não viesse a acontecer, uma
                Mas a festa era mais, muito mais. Era foguetes, era   coisa é certa, como foi dito na Nota de Abertura do último
             música, eram guloseimas, era gente, muita gente, mui·   número desta Revista: «aquilo foi uma coisa linda».
             tos emigrantes, muitos romeiros de terras vizinhas, mui·   Parabéns a quem a tornou possível!
             tas colchas às janelas, muitas flores, enfim, muita alegria
             e, sobretudo, muita religiosidade, muita fé, muito amor à
             Senhora da Esperança.
                Linda procissão matinal da igreja matriz até à ermida,
             longa fila de devotos para terminar em multidão, na ceie·
             bração da missa festiva em que teve lugar o meu sermão
             de louvor à Virgem, Senhora da Esperança.
                Depois, num gesto gracioso e inolvidável, o repartir                              De/mar Barreiros,
             de um bolo monumental, de 50 quilos, comemorativo dos                         cape/ao graduado f1f1I cap. -Irag.



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             CASAMENTOS                        com D . Maria da Graça Martins No-  José  Alves  Catarina  com  D.  Maria
                                               vais,  em 3·8-85  .I .o·sarg.  MQ José  Emília Nevada Leite da Silva, em 13-
                Temos o prazer de anunciar o ma:  Rodrigues Gaspar com  D.  Isabel da  ·8·85 .  Cabo V  104749, Carlos Alber·
             trimól1io  dos seguintes  camaradas,   Silva  Mota,  em  10-8-85  •  2. 0 ·sarg.  to de Jesus Matias com D. Idalina de
             aos qllais desejamos as maiores felici·   ETC João  Miguel  de  Lemos  Leitão  Jesus Carriço, em  25·8·85  •  Cabo  R
             dades:                            Lopes  com  D.  Fernanda  Monteiro  155877,  João  H enrique Sabido Poli·
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                I."-sarg. ETC José  Maria da Silva   Alonso,  em  4·8·85  •  2. -sarg.  CM  carpo com D . Delfina Maria Carnei·
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