Page 170 - Revista da Armada
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ciais da Armada e aos pilotos das marinhas de guerra
e mercante. Este estabelecimento veio a ser criado a
5 de Agosto de 1779 e foi denominado Academia Real
de Marinha. As aulas era no Colégio dos Nobres. e o
curso matemático que habilitava para a marinha de
guerra tinha a duração de três anos. Terminado o cur-
so, os alunos faziam dois anos de embarque, sendo
depois promovidos a tenentes-de-mar ou a pilotos,
conforme o caso. Os alunos destinados a pilotos da
marinha mercante tinham um curso mais reduzido.
Em 1782 foi criada uma nova instituição destinada
exclusivamente à formação de oficiais da Armada : a
Companhia de Guardas-Marinhas, instituída por de-
creto de 14 de Dezembro daquele ano. Para ser admi-
tido eram necessárias provanças de nobreza, e os alu-
nos deviam ter catorze a dezoito anos. Também po-
diam ser admitidos alunos da Academia Real de Mari-
nha que tivessem concluido o curso matemático com
prémio, mesmo de idade superior à estabelecida para
a admissão, mas neste caso era necessária dispensa
liuarda-marinha da Armada Real - '1761 (figurino pertencente a régia.
um manuscrilo doAtquivo Hislótico Mililar, e que foi publicado no Mais tarde, pela reforma de 1788, o nUmero de
nosso n. G 117/Junho de 81. na série de anigos . Evolução His!Órica guardas-marinhas foi fixado em sessenta e criado o
dos Uni/armes na Armada.).
posto de aspirante, sendo o número destes vinte e
para os capitães-tenentes e oficiais das companhias quatro. A criação deste posto teve em vista seleccio-
de infantaria que embarcavam nos navios. Contudo,
nar os candidatos a gua.rda-ma.rinha, pois eram ime-
cedo se reconheceu que a maioria deles não conse- diatamente demitidos os aspirantes que não revelas-
guiu adquirir os conhecimentos indispensáveis para sem as qualidades necessárias para oficial da Ar-
a promoção a tenente-de-mar. Este posto foi criado a mada.
21 de Março de 1762 e a ele tinham acesso não só os É de salientar que os oficiais oriundos da Com-
guardas-marinhas, como também outros oficiais que panhia de Guardas-Marinhas tinham preferência nas
tivessem dado provas de ter conhecimentos e quali-
promoções, relativamente aos não diplomados, a não
dades para o serviço da Armada. ser que estes se sujeitassem a um exame das maté-
De referir que, a 30 de Julho de 1762, foi autoriza- rias ensinadas na sua Academia, exceptuando-se
da a admissão na Armada de mais doze tenentes-de- deste exame apenas aqueles cuja conduta, conheci-
-mar e dezoito guardas-marinhas Ilcom residência e mentos e prática de mar fossem sobejamente pro-
aula na cidade do PortO!!. Estes oficiais eram destina- vados.
dos às fragatas que faziam a guarda-costa no norte de No princípio do século XIX o Corpo de Oficiais da
Portugal. Armada tinha já um número excessivo de oficiais,
Mas a falta de aptidão revelada pela maioria dos
pelo que se tornou necessário restringir as admissões
guardas-marinhas levou à supressão desta classe em na Academia dos Guardas-Marinhas. A admissão no
1774. Foram na mesma altura criados os uvoluntários-
Corpo de Oficiais foi então limitada aos guardas-mari-
-exercitantes)), rapazes de doze a dezasseis anos que nhas com o curso completo e os respectivos embar-
embarcavam em numero de seis em cada fragata e ques: aos 4cvoluntáriosll da Academia Real de Mari-
venciam como grumetes. Eram escolhidos pelos co-
nha aprovados nas cadeiras do ramo militar da Aca-
mandantes dos navios de guerra e pelo provedor dos
demia dos Guardas-Marinhas; aos primeiros pilotos
Armazéns da Guiné e Índia e praticavam nos exerci- com cinco anos desta categoria e aos engenheiros
cios e manobras de bordo. Os que demonstravam ap-
construtores com o curso completo.
tidão eram promovidos ao posto de sargento-de-mar-
Mais tarde, foi criada a Escola Naval, a 25 de Abril
-e-guerra que dava acesso ao de tenente-de-mar. de 1845, que substituiu a Academia dos Guardas-Ma-
O posto de sargento-de-mar-e-guerra foi criado rinhas,
em 1763, mas António do Couto Castelo-Branco já se De referir que, por decreto de 16 de Dezembro de
refere a este posto no seu livro «Memórias Militares». 1789, passou a haver, além de tenentes-de-mar, tam-
publicado em 1707. Competia-lhes assistir à distribui- bém segundos-tenentes.
ção da ração, de dia e de noite. e davam o santo e se- Finalmente, o decreto de 9 de Outubro de 1796,
nha aos outros sargentos de ronda. Em postos de que fixou os primeiros quadros de oficiais da Armada,
combate transmitiam as ordens do capitão-de-mar-e- substituiu a designação de tenente-de-mar pela de
guerra. Além disso, deviam aplicar-se às manobras primeiro-tenente,
das velas e à pilotagem.
Henrique Alexandre da Fonseca,
Todavia, este sistema inteiramente prático de for- cap.-m.-g.
mação de oficiais não se revelou satisfatório. Era in-
N. R. - Sobrtil a hiSlória dos POSloS de sargemos e praças ds
dispensável uma escola em terra para fornecer os ne- Armada, vidtil o artigo . 0 Corpo de Marinheiros_ publicado no
cessários conhecimentos científicos aos futuros ofi- n. G 44/ Maiodtil 75dtilsla Revista.
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