Page 165 - Revista da Armada
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o dr. Mário Soares,
Presidente da República
leito por sufrágio directo, realizado em 16de Feve-
reiro, o dr. Mário Soares é o primeiro Presidente
E civil depois do dr. Bernardino Machado, deposto
eexilado pela revolução de 28 de Maio de 1926.
A investidura teve lugar na Assembleia da República,
numa solene cerimónia a que compareceram alguns che-
fes de Estado, primeiros-ministros ou ministros de países
amigos, bem como as mais altas individualidades nacio-
nais.
O acto começou com o compromisso de honra do pre-
sidente Soares, que sucede ao general Ramalho Eanes,
para um mandato de cinco anos. Nesse momento era iça-
do o pavilhão presidencial no mastro do palácio ao mes-
mo tempo que uma bateria dava uma salva de 21 tiros e
a banda da GNR executava o hino nacional.
Seguiu-se um discurso do presidente da Assembleia
da República, dr. Fernando Amaral, que fez o elogio
dos dois presidentes -o cessante e o novo.
O dr. Mário Soares usou entâo da palavra para fazer
o discurso da investidura, interrompido com frequentes
aplausos, explanando o que vai ser a sua acção no mais
alto cargo da nação e saudando os representantes estran-
geiros presentes e as forças vivas do país, especificando-
as. Ao referir-se às Forças Armadas, disse:
É o momelllO de preslar homenagem aos mililares de
Abril, sem a coragem e o patriolismo dos quais lIada leria o novo P,esidente da República, dr. Md,io Soare5, jura «cump,i, efazt!T
sido possível. Nâo esqueceremos nunca o que lhes deve- cumprir. a Comliruição da Rt!pública. À e5qut!rda, o Prt!sidenlt! ct5san-
re, general Ramalha Eant!s, t! ao centro, o prt!sidenle da As$t!mblt!ia da
mos. E é tempo, igualmeme, de saudara instituiçâo militar República, dr. Fernando Amaral.
-as Forças Armadas- que, na sua hierarquia, profissio-
nalismo, disciplilla e lealdade democrática têm contribuE- pular. Às Forças Armadas, de que sou a partir de hoje, por
do decisivamente para consolidar, por forma que repre- ineréncia, o comandante supremo, incumbe, constilucio-
sema um grande exemplo, o rel!ime saído da vonlade 00- na/metlle, o importante papel da defesa militar da Repúbli-
ca. Dotá-las das condições necessárias ao cumprimenlO
das suas missões, à sua modernizaçâo e reestruturaçâo, é
pois uma exigência nacional.
À entrada e à saída da Assembleia da República,
as honras militares foram prestadas por um força mista
composta por marinheiros-fuzileiros, comandos e pára-
-quedistas.
M. do Vale,
d alm.
N. R. - O d,. Mârio Alber/o Nobre Lopt!S Soare5 nasceu em Lisboa
no ano de 1924, /t!ndo-5eformado em Direito. t casado com a dr. · Maria
Barroso e pai de dois filhos. Dedicou-se desde bas/anle jovem ti polftica,
undo sido o principal lider do MovimelZ/Q de Oposição M U D e reprl'5l'n·
/ou POTlugal na Liga Internacional dos Direitos do Homem (foi-lhl' alri·
Uma das carac!t!rúlicas do novo Prt!Sidt!mt! pOrlugu6 é a 5ua pt!rmant!mt! bufdo o prémio desta Liga em 1976). Preso ~ãrias ~ezes no pulodo da
boa di5posiçãO t! afabilidadt!. Há an05, uaClamt!mt! t!m 25 dt! Maio dt! ditadura, I'steveexilado em S. Tomé e em Paris, dondl' regressou Q Porlr/-
/978, t!mba,cou no 5ubma,ino " Dt!1fim ~ , a 5t!U pedido, na qual navt!gou gal apÓ5 a re~olução de 25 de Abril de 1974. Posreriormente foi ministro
submerso a 2{J() mt!/'05 de profundidade. Aqui o vemos. sorridt!nlt!, sem pasta e ministro dos Negócios Estrangeiros de alguns GO~·l'rn05 Pro·
acompanhado do CEMA dt! emão, almirante Sou/o CTUZ. Era pri- visórios 1', por trés vezes, primeiro-milZi51'o de Govern05 Consri'ucio·
meiTo·minis/ro. Na f% vê·Si! também o mini5rro da Dt!ft!sa Nacional, nais. Porescolha era, na ocasiâo da sua·l'll'içãO, vice-prl'sideml' da Iml'r·
coront!t Firmino Migut!1 (foro " RA_ -I. "-5arg. CM Ramiro Magalhães). nacional Socialis/a. É autor de diversas obrO!! IÍll'rd,ias dI' {ndoll' poUrica.
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