Page 237 - Revista da Armada
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          A corveta mista _Ramha de Portugal_ (1876/19J 1).
          horas para o fazer,  findo o qual procederia sem o seu con-  guarnições do lndia, da Zaire e Paro d'Alenquer, com opli-
          curso.  A visei-o tambem de que o Governador Geral havia   mo tempo ás 9da manhã.
          de estranhar ele não vir.                              Duando tinhamos passado a boia de Cockburn veio um
             Expirado o prazo, e como o Ibrahimo não aparecesse. co-  nevoeiro impe/Jido por um  forte  vento SSW que encobriu
          meçaram os bombardeamentos pelo  navio,  o  tiroteio  em   completamente a  Inhaca.  Duas barcas adornaram e arria-
          tena entre os rebeldes e os cipaios, os batuques de guerra   ram o pano todo, o  vemo violemissimo, sem indicio algum
          nos aldeamentos da 'Zona, os boatos, as mtrigas, e  tudo o   de barometro continuou, de forma que arriei logo vergas e
          mais que é usual nas circunstâncias.                mastareus de joanete e pensei em seguir junto ii terra, mas
             Restabelecida a ordem, e  regressado à  base.  apresen-  o pau da bujarrona por duas vezes esteve a partir-se mergu-
          tou'se o comandante na Cabaceira, onde o governador lhe   lhando na vaga. Fui para sotavento com os latinos mas es-
          disse que mantivesse o navio pronto e o comissário régio o   tes rasgaram -se logo que os larguei assim como a vela d'es-
          informou que iria fazer uma comissão de um mês em Fernão   tay. Segui de kap8 com a  polaca e  latino grande cassado_
          Veloso.                                             Envergou-se outro latino e uma nova polaca porque a 1.· tI-
             Sobre esta comissão, que iniciou no dia 12 de Dezembro,   nha-se rasgado tambem_
          registou apenas esta nota: Câ vão 61 passageiros e mil fer-  Foi difficiJ por o navio de kapa pois como seguia pouco
          ramentas  e  bagagens para  Fernão  VelJozo.  Ninguem  se   era mui difficil de governo tendo estado uns dez mmutos at-
          pode mex er no navio. Só eu faria isto!             travessado ao mar sem obedecer nem ao pano nem ao leme,
             Regressada a  "Zaire» a  Moçambique e  tendo o coman-  fez-se um esforço com a machina e lá orçou obastante para
          dante Mattos terminado a sua comissão no Ultramar, foi-lhe   se içar a polaca e assim se aguentou durante 48 horas em
          entregue a seguinte copia do officio do comissario Regia ao   que a machina se portou sempre bem felizmente.
          Ministro da Marinha :                                  Os  balanços  assustadores,  produsiram  as  segumtes
             Tendo ordem de regressar ao reino o  capitão-tenente   avarias: recorreram acima as chapas da arreigada ; as cha-
          J. G. X .  de  Maltos,  commandante  da  canhoneira  Zaire,   pas dos pe6es dos papafigos giravam em torno dos mastros
          não posso deixar de me referir á maneira como esse official   andando as vergas no vai-vem ap8sarde peadas; desaUra -
          tem desempenhado todos os serviços que lhe foram requi-  caram-se duas embarcações rebentando o pataraz de van -
          sitados ou que lhe foram ordenados.                 te do turco do l. oescaler sendo a fa/ca deste inteiramente
             Se em todos os commandantesdos navios de guerra que   esmigalhada de encontro aos turcos; os peões d'attracação
          teem estado no porto de Moçambique tenho encontrado o   dos rodizios deram de si sendo necessarioattravancaro na-
          maior zelo e dedicação pelo serviço, o capitão-tenente Mat-  vio com talhas de BB e EB. Um dos paus de surnola tambem
          tos tem sabido distinguir-se sempre, não só pelas qualida-  ficou  inutilIzado;  as raposas dos ferros  foram  arrancadas
          des acima referidas,  como também pela sua inteJJigencia,   com as unhas; partlTam-seasperchas e pavezes; os braços
          cricerio e promptidão.                              grandes foram substituidos, por S8 ver a tempo felizmente,
             Entre todos os serviços por elle desempenhados espe-  que iam rebentar com os vai-vens da verga grande; apare-
          cializarei o que elle desempenhou em Angoche, onde alem   ceram 17 pol/egadas d'agua no porão de vante não se po-
          do serviço de policia dos rios e direcção superior das opera-  dendo esgotar por tambem se partir o junço da bomba real
          ções, procedeu a  um importante inquerito ácerca das cau-  de van te, foi necessario abnr as comportas da machma para
          sas da ravolta dos mdigenas e outros acomecimentos que   a agua não augmentar, pois contmuava sempre em 12 pol-
          lhe dizem respeito e levantou a planta da barra de Angoche.   legadas ou mais enquanto durou o  temporal, ficando em  7
          Deus guarde V. Exa. 30-1-97. (Sem assinatura).
                                                              logo que o  balanço diminuiu.  A s  vigias dos camarotes da
             Afinal, não era s6 o alferes Rocha a  escrever em ..  mau   praça d'armas meuiam agua, como cesto roto. A  agua que
          português, a menos que, oque não é provável, seja ele tam-
                                                              o navio embarcou afogou os dois bois vivos que levavamos;
          bém o autor deste ofício!                           o estay do joanete da proa rebentou_
                      VIAGEM  DA  RAINHA (*)
             Sahimos a  14  de Março (1897) por entre os  vivas das   (0) Corveta _Ramha de Ponuga/..
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