Page 257 - Revista da Armada
P. 257

~I Nota de Abertura




            t "',·, .... ",""' .. '


               o fantasma da reforma





                   DÀMOCLES - Corlesãodr Viol/Mo. linmo dt'Si-  era, aliás, antes da criação da Caixa Geral de Apo-
                   rI/{'usa. de qfJc'm  (',,;alta l'il rO/ls!;III(cmt'IIIf', a {dici·   sentações,  que  nos  despersonalizou,  transfor-
                   dadc,  Dionb;io  quis  fazl'r -lhe  romprN'lIder  por   mando-nos num número de identificação.
                   uma alegori".  (f/mis sâo os pro/zl.'rc!i d;1 gr;mdcz;,.   Gostaríamos também que fosse estabelecido,
                   COIll'idOlI-O :,  tonwr o S('fI lugar I/UI/I (" stim  t' dcu   definitivamente,  que  as  pensões  de  reforma
                   urdl'/11  aos SI'UI;" ser!"OS que o Ir illassem COIIIO s,' rO!;"'   acompanhem os vencimentos do activo, tal como
                   st'  t'/('  pníprio.  Seflf;a·sc  D;;II/oc!e!i  inebriado por
                   toda.~ I'.'>la.~·  honras (' j ulga r a-sr  o 11111;1;" feliz dos ho-  o foi já para os da reserva_
                   m elU",  (//lIlI/do,  ilO  C'r g u c f  os olhos du !;"USpt'II.5l1 de   Finalmente, que nos fosse reconhecido o direi-
                                                             to ao subsidio de férias, como é de toda a  justiça.
                   UlI/a .~i"'pk .. ,"riml dC' ('a l':lIo. por cima d., !;"IlIJ ('<lhe·
                   ~'lI,  "11/:1 JX'sada (' ;,(j"díSS;II1l1 esp:ld:/. A lar" uinda   Justificações?  Apenas  me  parece  necessário
                   chd:1 c:lÍll-lIu' dtls m:iwi (' o ingénuo corlcs;;o ('om·   esclarecer o  meu  pensamento a  respeito  de  al-
                   pr('cllde/l  ('IIf;;o o fim' é a  fdid d:,d,' de UII/  tiral/Q   guns pontos focados.
                   (!;'fi',  I Va.C.,.  ~1 ",EspI/d:, de Dilmocles» passou a   É evidente que os militares que estão ao servi-
                   simlJOlizur  o perigo (lflC po(/(' :UI/Ca r ilr  11m homcm   ço têm  necessidades que os outros não têm, no-
                   cm  pkml  pru!>p erid;/de.  (ln  "Lello  Universal II,   meadamente, alimentação,  no  local de trabalho,
              ,    1980)                                     transportes, de  e  para  o  mesmo,  e  fardamentos .
                                                             Este caso, a meu ver, seria  resolvido com atribui-
                  o que sucede aos militares prestes a passar
                                                             ção de subsídios para o efeito. Férias? Por mim es-
                 à situação de reformados. A espada lá está.
            E  suspensa  sobre  as  suas  cabeças,  só  que   tou convencido que os  reformados não precisam
                                                             menos  delas do que os outros.  Para tratarem da
            eles não se apercebem disso! E então, ao contrario
            do que aconteceu com Dãmocles, a espada cai e já   saúde, para mudarem de ambiente, para fazerem
            não há quem lhes valha.                          pequenas excursões, no país ou no estrangeiro ..
               Aconteceu aos actuais reformados e acontece-  O argumento de que os reformados estão sempre
            rá também aos futuros se não conseguirem remo-   em férias,  porque oficialmente não trabalham, é
            vê-la daquela ameaçadora posição.                demasiadamente ingénuo e só pode ser invocado
               De contrário,  as suas pensões degradar-se-ão   por quem não conheça o verdadeiro significado da
            progressivamente, com a  agravante de todos os   palavra.
            anos viverem momentos de aflição, por desconhe-     Os velhos, e  é o caso da maioria dos reforma-
            cerem o respectivo aumento, o qual não está regu-  dos, tiveram uma vida inteira de trabalho, e a  re-
            lamentado, em relação ao dos militares do activo   compensa não  deve ficar apenas  em louvores  e
            e da reserva, ficando dependente de critério pon-  condecorações_  Devem  d ar-lhes  também  condi-
            tual.                                           ções materiais  para terem um resto de vida com-
                                                             patível com O nível social que sempre  tiveram, e
               É uma situação sem paralelo noutros países, e
            até no nosso, onde os funcionários de empresas e   estão a  perder. Bem lhes basta ... o serem velhos!
            organizações  estatais  e  privadas  se  aposentam
            com os vencimentos do activo, acompanhando os
            aumentos destes, dai por diante. Tal como estão                           ,<:< . .bP  t/~
            as coisas,  nas Forças Armadas chega-se a  situa-                                        c/sIm
           ções verdadeiramente inconcebiveis, como seja a
            de almirantes reformados com pensões inferiores
            ao  total que recebe  um sargento-mar do  activo,
           um sargento menos que um cabo e  um cabo me-
                                                                N.  do A . -1) Oquedissemosa respeito das pensões dos
            nos que um marinheiro.
                                                            militares reformados aplica-se.  ffmutalls mutandis»,  aos fun-
               Embora  ninguém me  tenha  pedido a  opinião   Cionários publicos. em geral. Há Jui~es conselheiros. porexem-
           sobre a  forma  de resolver dignamente os proble-  pIo, aposentados há aJguns anos. li receberem menos que Jui-
           mas  dos  refonnados,  baseado  no  que ouço aos   zes de 3.". directores·gerais a ganhar menos que segundos ofi-
           camaradas nessa situação. como eu, permito-me    ciaise poT ai adiante ..
           emiti-la, clara e francamente como é apanágiO dos          -  2)  Para pór uma nota  alegre neste tão negro
           militares, em palavras que não permitem mais que   quacro, diTemos que. hã dias. num almoço de confratemi~ação
                                                            {por acaso relacionado com pensões de Tefonna} entre jUJZes
           uma interpretação.
                                                            conselheiros aposenta'!os e almirantes reformados,  um amda
              Em primeira lugar, os  militares  gostariam de
                                                            bem-humorado almirante teve a «mfeHz» ideJa de somaras lda-
           permanecer, depois de reformados, no respectivo
                                                            des dos presentes_ E sabem quantodeu"1 Nada menos de 16 se-
           ramo das FA,  até morrerem.  Pelo amor que lhes
                                                            culos! Ouase o dobro da idade do nosso glOriOSO e belo Portu'
           têm  e  pelo  prestigio que dai  lhes advém.  Como   gal/ Respeitillho, pois, pela velhada
                                                                                                            3
   252   253   254   255   256   257   258   259   260   261   262