Page 33 - Revista da Armada
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Grande " rQrICO_ muçulmano na Guln;.
de seu profeta Maomet. De admirar era o espirito de se- reze cá pela gente, pois hoje cheira·me que vamos ter
riedade com que os fiéis devotos do Islão cumpriam reli- ronco.»
giosamente o ritual desse dia, embora no resto do ano Pobre fuzileiro, coitado, para ele o ronco era quando
se esquivassem um pouco ao cumprimento de muitos lhe cheirava a cacetada graúda da qual nem sempre saía
preceitos do Corão. Mazelas que, em boa vontade e infe- com grandes recordações.
lizmente, não são apanágio apenas daquele credo reli- Coisas daquela terra de ronco, onde os roncos eram
gioso, conforme tive muitas oportunidades de comentar o prato forte.
com muitos dos seus seguidores e alguns dos seus che-
fes em Bissau, entre os quais granjeei amigos sinceros.
Não se furtavam a assistir a cerimónias que eu cele-
brava, bem como eu próprio participava nas suas festivi-
dades, num gesto de verdadeiro e autêntico ecumenis-
mo. Tinham o seu encanto aqueles roncos da Guiné. E,
por irónico que pareça, de outros roncos se falava tam-
bém naquelas terras, mas cujo encanto tinha o misto do
trágico·cómico. Valentia e receio, bravura e timidez, coi·
sas próprias de quem enfrenta o perigo, se apoderavam
daqueles que em tais roncos tinham de participar. Refiro-
·me às sérias e arriscadas operações militares aí desen-
cadeadas. Quando chegava a tempestade, quando se
avizinlSva a partida para o mato, muitas e muitas vezes,
De/mar Barreiros,
de muitos que por lá deram o corpo ao manifesto, de va· capelSo graduado em cap. ·frag.
lentes fuzileiros que por lá se bateram com bravura, eu
recebia este pedido, em jeito de confidência: .. O capelão, ••••••••••••••••••••••••••••••
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