Page 61 - Revista da Armada
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que podemos ver no Museu de Mari-
nha.
Trata-se duma embarcação mis-
ta, de remos e vela - como as nos-
sas fustas - com 16 metros de com-
primento entre perpendiculares, ten-
do na proa uma cabeça de dragão e
um painel com buzinas para dois ca-
nhões, e uma abertura para um cal-
deiro onde se queimava enxOfre e fa-
zia cortinas de fumo, além dum es-
porão de abordagem. O convés era
protegido por uma carapaça de ma-
deira, com painéis de chapa metáli-
ca, fazendo de couraça contra os
projécteis de arcabuz, tendo pontas
(de punhal e espada) para dificultar o
caminho dos assaltantes nas abor-
dagens, além de portinholas de
acesso à manobra de velas e uma
fenda longitudinal para abater os
mastros.
Dispunha na borda de doze ca-
nhOes que disparavam metralha ou
dardos de ponta aguçada, e de ban-
cadas para 20 remadores, abaixo do
convés, no total de 120 homens de
guarnição.
Sendo embarcações que os ni-
pónicos não possufam, o almirante
Vi serviu-se delas em várias tácticas
de ataque, como, por.exemplo, for- Almirante Yi SUn-Shin (1545-1598).
maturas de navios em cunha, com o
mitam que me vejam vencido, para deyoshi de Napoleáo japonlJs, eu
navio proeiro fazendo cortinas de
não estorvar a batalha. atrevo-me a denominar o almirante
fumo sulfuroso, etc.
Taparam-no com um escudo, Vi Sun-Shin de Nelson coreano ...
Há noHcia de que na batalha na-
tendo o grande almirante acabado
val de Su-Chong, aquele almirante
foi atingido por um projéctil, no om- quando os últimos samurais abando-
navam a Coreia.
bro esquerdo, que ele próprio retirou
Concluir-se-á esta nótula com a
com a ponta duma adaga, continuan-
seguinte transcrição dum livro con-
do a comandar e a afundar embarca-
sultadoe), considerado a mais auto-
ções inimigas.
Essa campanha naval recome- rizada história militar jamais publica-
çou em 1597, quando se iniciava a da fora do Japão:
Esta invasão só falhou porque Hi-
retirada das forças japonesas, acos-
deyoshi não percebeu que o domlnío
sadas no território conquistado pelas
do mar é o complemento indispensá-
guerrilhas (coreanas e chinesas) e a
vel dos sucessos alcançados na
invasão terminou quando, em 1598,
guerra terrestre. Não ~ uma questão
faleceu Hideyoshi e o seu sucessor
adiou para sempre a ideia de con- de melhores navíos nem da coopera-
quista da China. ção do Exército e da Armada, porque
ele teria de destruir a frola coreana
Assim, a esse valoroso almirante
coreano só faltou destruir a derra- antes do desembarque do primeiro
samurai: o que foi passIvei com o pri-
deira base fortificada japonesa de Viriato Tadeu,
meiro almirante coreano, antes do al-
Pusan. cap.-frag. EMQ
mirante Yi, daria a essa campanha
Para que o seu fim, em combate,
correspondesse em tudo aos aludi- outra sorte. Bibliografia: '" The Southem 8arbarians~,
Aquele exótico modelo de navio
dos heróis do mar, sabe-se que, em 1971, da auloria, principalmente dos padres
16 de Dezembro de 1598, em recon- do Museu de Marinha exigia pois a (5. J.) M. Cooper, Diego Pacheco e F. Guliér-
recordação desse herói do mar. E rez. ~ Tfle Samurai. A Mililary Hislory~. 1977,
tro no estreito de No-Niang, o almi- de 51ephen Tumbull. «Hislory of JapanH.
se os historiadores apelidaram Hi-
rante Vi foi mortalmente atingido
1958, de Saburo lenaga.
num sovaco, por um projéctil, tendo
pedido a um subordinado: Não per- (') .. me Samurai. A Military Hislory·.
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