Page 338 - Revista da Armada
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Batalhas e combates da Marinha portuguesa (VIII)






             COCHIM  (Outonollnverno de  IS03)   a duas naus. já que a terceira se tinha   do O reino de Cochim , onde a maioria
                                                perdido na viagem .               dos  nobres e  do  povo insistia com O
                   o  ~no de  1503,  partiram para   Deste  modo.  encontravam-se   rei  para que entregasse os portugue-
                   a  India  três  armadas  de  três   concentradas naquela ilha seis naus e   ses da feitoria a fim de evitar a guerra.
             N naus  cada  uma .  Duas  delas,   uma caravela  com  que  Francisco de   Aquele, porém. numa  rara manifes-
             comandadas por Francisco de Albu-  Albuquerque se apressou a ir em so-  tação de rectidão moral.  recusara-se
             querque e Afonso de  Albuquerque.   corro de Cochim .                 terminamemente  a  fazê-lo.  dizendo
             destinavam-se  a voltar com  especia-  Não era sem tempo!            ser preferível  perder o  reino do que
             rias; a terceira, comandada por Antó-  Após a partida da armada de Vi-  faltar  ao  cumprimento  da  palavra
             nio de Saldanha, destinava-se a ficar   cente Sodré. O Samorim tinha invadi·   dada.  Daí resultou  que  muita  gente
             cruzando  nas proximidades do cabo
             Guardarui ,  a  fim  de  interceptar  as
   •         chamadas (maus de  Meca» que asse-
             guravam o comércio marítimo enlre o
              mar Vermelho e os portos da costa in-
                                                                                     IMEDIAÇÕES
             diana.
                                                                                      DE COCHIM
                 Entretanto,  na  Índia,  a  situação
              agravara-se  perigosamente.  Depois
              da  panida  de  Vasco  da  Gama  para
              Portugal.  o  Samorim  de Calicute  ti-
              nhaconcentrado em Panane um exér-
             cito  de  cinquenta  mil  homens  para
             castigar o rei de Cochim, que era seu
              vassalo,  pelo  bom  acolhimento  que
              estava dando aos portugueses.
                 Sa~dor disso, o feitor daquela cio
              dade instou com  Vicente Sodré, que
              ficara  na  Índia  com  uma  armada de
              cinco  naus e  uma caravela  para que
              não se afastasse de Cochim. Mas ele
              não lhe deu ouvidos e, com a descul·
              pa de que durante a «monção» aSa·
              morim  não se atreveria a fazer guer-
              ra , foi para a entrada do mar Verme·
              lho àcaça das «naus de Meca •.
                 Em  Julho,  estando  fundeadc
              numa pequena ilha perto da costa da
              Arábia.  foi  a  sua  armada  assaltada
              por um temporal tão violento que de-                    Fundeadouro
                                                                      das naus
              ram à costa e se perderam duas naus.
              com  morte  de  muita  gente.  entre  a
              qual o próprio Vicente Sodré. Os ca-                         Fortaleza
              pitães das restantes três naus e da ca-
              ravela . pensando que a morte do seu
              capitão-mor fora castigo de Deus por
              ter abandonado Cochim. resolveram             )WWM
              regressar a  esta  cidade.  Mas.  como
              nessa  altura  a  «monção.  estava  na    Batel art,lhadoe cm"",vnao:Io. O melhor_uun·
              sua máxima força. viram-se forçados       fo. dos portugueses nasg"""'"  de CoctI,m. noo
              a invernar na ilha de Angediva onde .     anoo de ISOlcde 1504
              pouco depois, se lhes juntou a nau de                                      ,
              António do Campo. que se desgarra-                                         ,
              ra da armada do ano anterior e que só
              ent,io  conseguira  chegar  à  India.
              Prestes a terminar a «mollçflo».  che·       9. 3
                                                             "  kIIl
              gou também a Angediva a armilda de
              Francisco de Albuquerque . reduzida

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