Page 51 - Revista da Armada
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HISTÓRIAS DE MARINHEIROS/92


               Vistos ... apressados







                 contratorpedeiro  tinha  novo
          O
                 comandante. E, como acon·
                 tecia  naquele  tempo,  natu-
          ralmente que se esperavam mudan-
          ças, tanto mais que, daquela vez, o
          oficial  que  chegava  trazia  fama  de
          trabalhador infatigável.
             Aconteceu que, na mesma altu-
          ra, também se criara o lugar de chefe
          de Estado-Maior da Flolilha de Con-
          tratorpedeiros.  E,  para  o  exercfcio
          dessas novas funções fora nomeado
          um  capitão-tenente,  oficial,  como
          já  então  se  reconhecia,  de  muito
          mérito.
             Quanto  ao  imediato  e  restantes
          oficiais não houve alteração. Traba-
          lhadores, competentes, já muito co-
          nhecedores do navio, onde estavam
          embarcados há muito, nada tinham a
          recear  da vinda  dos  novos  chefes.
          Esse sentimento de segurança, con-
          tudo, não exclula a natural curiosida-
          de de saber como se viriam a exer-
          cer, na prAtica, as reais capacidades
          comummente  reconhecidas dos  re-
          cém-chegados.
             A  principio,  nada de alterações.
          Os  tenentes,  nas  bem-humoradas                  l
          trocas de impressões,  comentavam
          entre si que os chefes estudavam o
          terreno  para  atacar.  Não  tiveram
          muito que esperar. E a primeira ino-
          vação surgiu passada uma semana.
          O  imediato,  cumprindo  instruções
          superiores, reuniu com os oficiais de
          serviço. Explicou que o novo coman- , senta o Livro de Registo para o ne-  os dias úteis e para registo, uma rela-
          dante, com a finalidade de se Identifi-  cessário  visto.  Normalmente,  era   ção  pormenorizada  da  respectiva
          car mais rapidamente com a vida de   este logo aposto e o livro entregue ao   actividade.
          bordo, desejava que, no Livro de Re-  oficial que entrava de divisão. Com a   Estabelecida  a  rotina,  sem  fa-
          gisto  do Serviço Diário, passasse a   alteração introduzida, o livro passou   lhas, da nova modalidade, tudo pa-
          figurar, com todo o detalhe, a activi-  a ser presente pelo imediato ao che-  recia decorrer da melhor forma. Mas
          dade  desenvolvida  pelos  serviços   fe do Estado-Maior para novo visto e,   -estava escrito- algo de imprevis-
          técnicos  de  bordo.  Eram  estes,  ao   por sua vez, por intermédio deste úl-  to  teria  de  ocorrer,  perturbando  o
          tempo, os Serviços de Artitharia e Ar-  timo, ao comandante do navio, que o   perteito  funcionamento  do  que  se
          mas PortAteis, de Torpedos, Minas e   visava  igualmente.  Só  depois  dos   previra com tanto cuidado.
          Electricidade,  de  Comunicações  e   três vistos sucessivos o livro regres-  Foi o caso que, pouco depois, se
          de Máquinas.                      sava ao novo oficial de dia que entra-  apresentou a bordo um guarda-mari-
             E  foi  o  que  se  passou  a  fazer.   rade serviço.             nha,  acabado  de  promover.  Bem
          Como é sabido, o render do oficial de   Foi  assim  que,  deste  modo,  os   classificado, exemplarmente cumpri-
          serviço de dia ao navio faz-se na pre-  chefes dos serviços técnicos passa-  dor, rapidamente se adaptou ao ser-
          sença do imediato, a quem se apre-  ram a entregar ao oficial de dia, todos   viço de bordo. De tal modo que, volvi-

                                                                                                             13
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