Page 66 - Revista da Armada
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Uma dali raras fotografias onde se vI, em cima, é esquerda, o antigo bal&o do Arsenal, obtida em 8 de Junho de 1880 porocasilo do
transporte dos restos mortais de Vasco da Dama (J de Camões para o Mosteiro dos Jerónimos (Arquivo do Musau de Marinha).
Aregulação
dos cronómetros de bordo
Observatório Real da Marinha, criado em Em face desta situação, o contra-almirante Sousa
1798, era destinado aos eX8rdcios práticos de Neves, então director da Escola Naval, dirigiu-se ao
O astronomia e navegação. director-geral da Marinha e) informando-o das condi-
Porém, quando a bordo dos navios começaram a ções precárias em que se encontrava aquele serviço,
ser usados cronómetros o Observatório passou a re- para mais instalado num edificio arnrinado e nas pro-
ceber estes instrumentos para determinação da sua ximidades do martinete a vapor cuja trepidação pre-
marcha(') e efectuar a regulação. Para o efeito exis- judicava enormemente o funcionamento das pêndu-
tiam naquele importante estabelecimento lunetas las e dos cronómetros. Por isso propõe que o sistema
astronómicas para calcular a passagem meridiana ficasse ligado electricamente ao Real Observatório
das estrelas e pêndulas, o que permitia a manutenção Astronómico de Lisboa, situado na Tapada da Ajuda.
de um serviço da hora, indispensável à comparação A resposta a esta proposta, datada de 31 de Março de
dos cronómetros. 1884, não se fez esperar pois, alguns dias após, no dia
O Observatório, primitivamente instalado na par- 4 de Abril, o director-geral da Marinha, contra-almi-
te sul da Sala do Risco, foi mudado em 1824 para um rante Caetano d'Almeida e Albuquerque, informava
dos torreões do Real Colégio dos Nobres ficando, em que o ministro da Marinha tinha autorizado a realiza-
1837, anexo à Escola Politécnica. Em 1843, após um ção dos trabalhos.
incêndio que aquele colégio sofreu, os instrumentos Constitui-se então uma comissão que incluiu o di-
que escaparam vieram dotar um observatório que se rector da Escola Naval e o oficial da Armada e enge-
improvisou, num dos edifícios do Arsenal da Marinha, nheiro hidrográfico Frederico Oom, director do Real
e que ficou na dependência da Escola Nàval qUandO Observatório Astronómico de Lisboa que escolheu
esta foi criada em 1845. Maximiliano Augusto Herrmann para a execução do
Além de algumas vozes discordantes, o Observa- projecto.
tório Real da Marinha foi extinto por carta de lei de 15 Este especialista em assuntos de electricidade
de Abril de 1874, tendo os serviços que lhe estavam nasceu em Lisboa em 17 de Abril de 1838 e era filho
incumbidos sido distribuídos por vários organismos. de João Herrmann, natural do Sane, ao tempo territó-
O serviço de regulação dos cronómetros e hora oficial rio francês, que se tinha alistado no exército orgeni-
ficou adstrito à Escola Naval, mantendo-se o antigo zadopor D. Pedro IV na luta com seu irmão D. Miguel.
balão, inaugurado em 1855, e que puxado à corda, Feitos os seus primeiros estudos, Maximiliano
não oferecia qualquer confiança no que respeita ao ri- logo se dedicou ao oficio de construção de instrumen-
gor das suas informações (2). tos de precisão. Foi discípulO, no Instituto Industrial,
do sábio professor Fonseca Benevides. Em 1863,
(1) Chama-se marcha de um CTondmetro o que 616 S6 atrasa ou
adJanteem24horas.
(2) Ver o artigo publicado no n .• 1 14/Março 81 desta Revista, (3) .Catálogo oficial dos objflCtos enviados ii Ezposipo IndUIJ'
com o titulo /ta B81ifo do Arsenal_. trialPortuguesaem 1888_, Usboa,pAg. 167·8.
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