Page 213 - Revista da Armada
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da melena, foi presidindo d faina. e esmigalhados atrás do companheiro! falha do turco de l'ante ellgmá-Ia 110 ar-
quando lhe pareceu oponuno disse: - Tem ml1o, tem ml1o! Homem ao ganéu da prQQ do escaler, que se içou
- Pode içar! - e apitou. mar, homem ao mar! e atracou com as fundas em silêncio,
Os tiradores estavam nas ml10s e a - Sr. CapittJo.Je-fragata - acode porque o capif{lo-de-fragaraficara meio
gellfe como que ansiosa por cOllcluir a o comandante -, que é isto? Mais gente corrido pela advenêllcia do comalldante
obra e romar conhecimenro do caso do 110 mar?! Salta aqui ao escaferda popa. e a guam içlJo compungida pela perda
gajeiro e do guarda-marinha. e por isso Softa aqui, marinheiros - repeliu o dos três homens, de um modo IIJO desas-
correu pela roida a içar o escaler; mas, mestre Lufs. - Salta - diz.em os oficiais, trado, e em tlJo bom dia, sem causa jus-
ou porque o gato do cademalnl10 esli- que se dirigülm às fundas, ellquanto tificada, sem ser por efeito do tempo nem
vesse bem metido no arganéu. ou por- outros subiam d grinalda para verem de outro facto marítimo donde del'esse
que saltasse fora por causa do balallço, surdir ao de cima de água os dois mari- resultar igllal sinistro.
o ceno foi que o escaler nl10 se içou nheiros e acusarem a posiçlJO que del'ia - Logo "is! - diziam pela boca
como devia. ficalldo pendurado pelo ar- fel'ar o escaler. pequeI/a os marinheiros, e note-se que
ganéu da popa e com a proa no mar. A fragata estava atravessada e era estes, e em geral os que perdem 1/0 mar
pois o garo da talha de vallfe se havia fácil arriar o da popa e salvar quem em fais ocasicJes, slJo sempre os melho-
desengatado, e os dois moços que esta- alldasse lIadalldo, mas os dois homens res, mais activos e preslames, que
vam dellfro do escaler. um foi logo ao Ilda se tomaram a ver, Ou porque nlJo acodem ao primeiro golpe de apito 011
mar e o OUlro, já em cima do cademal sabiam nadar ou por u embrulharem de de vm.: de comando, e por isso "ulis pro,,-
poro consen'Qr a ralha clara, ficou com maneira que logo foram ao fundo. lameme sacrificados ( ... ).
os dedos mordidos pelo tirador, por Passado aquele inslante de surpresa
terem içado o escaler mais depressa do e desenganados de que os dois nlJo apa- (III _Quodros NOl/Uis .. , d~ Jooquim
que era de esperar, e ld foi com eles reciam, foi o próprio guardilJo seguro à P~dro C~f"StifW 5oo, .. s'
Crepúsculo
Cai o sol além, riscando a ponte,
Gigante de fogo, queimando o ar.
Gail'Ofas mdias brincom no mar,
Barcos panindo, 1'U/tOS no horizonte.
Tarde efémera! Único momemo!
Caricias d~ marés elenuJS, iguais,
Ondas chorosas. suicfdios no cais,
Cabelos de ~stjo, prisioneiros do l'ento,
Além a noite! O sol já não existe!
Tudo agora é vago, negro. triste,
Há mar no meu rosto! (Ou eu a chorar?)
Sereia praJeadD. quebra o enCt1Jtto.
Adonnece-me na noite com o leU cantO,
u\'a-me comigo. Também sou do mar!
Nelson Ferreira,
2. DoSQ'8' HE
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