Page 56 - Revista da Armada
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As bodas de diamante dos SUbl
I .A ESQUADRILHA Com esta aquisição deu-se realidade ao sonho
que muitos oficiais acalentavam e foi o despontar da
s origens, as ideias e os estudos sobre subma- arma submarina na nossa Marinha, colocando-se Por-
rinos remontam a épocas muito antigas. As in· tugal na vanguarda das pequenas nações a possuí-
A formações que nos chegam. embora de carác- rem submarinos.
ter duvidoso pelo seu fundamento discutivel, têm as Depois da recepção do ltEspadarte», quatro anos
suas raízes no tempo de Heródoto, no ano 450aC, e mais tarde (1917), outras três unidades sensivelmen-
arrastam-se até à Idade Média, com o.genial Leonar- te idênticas e do tipo italiano IILaurenti,. se vieram
dada Vinci. juntar à primeira: o IlHidra,., o IIFoca» e o IIGolfinho,.,
Efectivamente, a primeira verdadeira tentativa que tiveram como primeiros comandantes os primei-
devidamente circunstanciada e baseada em do- ro-tenente Fernando Augusto Branco, primeiro-
cumentos surge-nos no sécu10 xvn e deve-se ao cien- -tenente Adalberto Soares Serrâo da Silva Machado e
tista holandês Comelius Van Orebbel. capitão-tenente Joaquim de Almeida Henriques, res-
Depois desse marco até ao inicio do nosso século pectivamente. Ficou assim constituida a 1.- Esqua-
muitas outras opiniões e experiências foram emitidas drilha, que teve o seu apoio logístico numa pequena
e efectuadas com ~ucesso, aproximando-se cada vez base instalada, em 1918, nuns terrenos circundantes
mais da fonua e construção dos actuais submarinos, à Doca de Belém, sendo transferida, em 1940, para a
apoiados pelo já crescente desenvolvimento tecnoló- Base Naval de Lisboa, no Alfeite, onde se encontra
gico. actualmente.
A 1. a Esquadrilha teve uma prolongada vida ope-
racional, sendo de destacar a importância que teve
durante o perlodo da I Grande Guerra ao lado das for-
ças aliadas, patrulhando a costa Pl?rtuguesa.
O peso dos anos fez-se sentir e o envelhecimento
das primeiras unidades foi-se declarando, chegando
mesmo a criar algumas apreensões, sendo o "Espa-
darten abatido em 1928, seguindo-se os restantes so-
mente a partir de 1934, depois da aquisição de outros
submersíveis. Foram Ultimas comandantes os segun-
do-tenente Amadeu Julio de Sousa e Correia (IIEspa-
darten), primeiro-tenente Fernando Aníbal Moreira
Pinto (IIHidrall) e primeiro-tenente Manuel Luís Bas-
tos ("Focall e uGolfinholl).
No nosso país também o submarino suscitou inte-
2_ A ESQUADRILHA
resse e curiosidade, sendo de justiça mencionar o
nome dos pioneiros da arma submarina como o pri-
As novas unidades nasceram da execução do pro-
meiro-tenente João Augusto Fontes Pereira de
grama naval de 1930, e foram construídas em Ingla-
Melo(·), com o projecto do seu famoso e original
terra nos estaleiros Vickers, de Barrow-in-Furness,
"submersivel Fontes •• , em 1889, e o primeiro-tenente
recebendo os nomes de tcDelfim •• , C/Espadarte .. e
Valente da Cruz, em 1905, com outro projecto_ «Golfinho .. , os quais tiveram como seus primeiros co-
Após diversas vicissitudes, geradas em torno de
mandantes os capitão-tenente Arnaldo Guedes da
posições antagónicas, só em 1907 o Governo portu-
Silva Moreira, capitão-tenente Nuno Frederico de
guês autorizou a aquisição do primeiro s ubmersível.
Brion e primeiro-tenente João de Figue.iredo.
A encomenda desta unidade, que foi a primeira da
O deslocamento, a autonomia e o consequente
Península, foi concretizada em 1910 e baptizada com
raio de acção, as qualidades náuticas, a velocidade,
o nome de "Espadarte, •. A entrega à Armada foi efec-
o armamento e as possibilidades tácticas, aliados à
tuada a 15 de Abril de 1913, em La Spezia, Itália, vin-
maior cota de imersão, foram as düerenças que per-
do a atracar a Lisboa pela primeira vez em 5 de Outu- mitiram reconhecer nesta 2.- Esquadrilha um eviden-
bro de 1913, comandada pelo primeiro-tenente Joa-
te avanço tecnológico e operacional em relação à pri-
quim de Almeida Henriques, depois duma viagem
meira.
atribulada e prolongada em que escalou Marselha e
Da actividade desta esquadrilha há a destacar a
Gibraltar, além de diversos portos espanhóis onde foi
participação em todas as manobras e exercicios da
muito aclamada.
nossa esquadra, nas águas continentais e dos Açores
e Madeira, a viagem de estudo e soberania realizada
(0) Vide .. ReVIsta da Armada. n." 119/Agosto81. pelo submersível "Golfinho» à Guiné, em 1939, e a vi-
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