Page 60 - Revista da Armada
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Batalhas e combates da Marinha portuguesa (XI)




            ("RA'(;,\,,"OR
            (Outono de  15(4)
                                                                     CRANGANOR-1504
                  s armadas que  lodos os  unos
                  iam à  india para  trazer as es-                  -___ Canaoor
            A peciarias, saíam normalmente
            de  Lisboa  nos  meses  de  Março  ou
            Abril e regressavam. se nada aconte·
            cesse de anormal. durunleo Verão do
            ano seguinte . Quer isto dizer que  a
            armada anual pania  para a  Índia an-
            tes  de  ter chegado  a armada  do uno
            transaclO.  Consequentemente.  a  or-
            ganização  de  cada  armad:l  não  cm
            feita cm função  das informações tra-
            zidas  pela  armada  do  ano  anterior.
            mas  sim em  função. das  informações
            trazidas pela A rmada que partira dois
            anosanles.
               Assim. a armada de 1504 foi orga-
            nizada com base nas informações tra-
            zidas pela  armada de  1502 de  Vasco
            da Gama. Como este deixan! a Índia
            num"  ahura  em  que  o  Samorim  se
            preparava para iniciar a guerra contra
            Cochim  e como, por outro  lado. de·
            monstrara  que era  possível  uma  ar-
            mada numerosa ire voltar sem perder
            nenhum  navio e com todos eles bem
            carreglldos. o rei  D.  Manuel. ao con-
            trário do que fizera em 1501 e 1503 re-
            solveu.  em  1504,  enviar  novamente
            umngrande armada.
               Compunha-se  essa  armada.  cujo
            comando foi confiado II  Lopo Soares
            de Albergaria. de cinco naus de gran-
            de tonelagem. acabadas de construir.
                                                                                                       Cod"m
            e sete naus mais pequenas e mais anti-
            gas.  todas elas  bem  guarnecidas  de
            marinhagem e gente de armas.
               Navegando  sem  novidade  de
            maior.  chegou  a  armada  de  Lopo
            Soares à ilha de Angediva em rins de
            Agosto. onde se lhe juntaram as duas                                     '"                                •
            nflus da esquadra de António de Sal·
            danha  que ai  tinham  invernado.  (A
            terceira  nau  desta  esquadra.  depois   gunda guerra de Cochim. Convence·   res bombardeou a cidade durante dia
            de ter andado mais dum ano desgar·   ram-sc de que  Ponugal  era de facto   e meio e seguiu para Cochim onde foi
            rada. acabara por ir ter a Cochim ha-  uma grande potência e que fora à ín·   festi\lamentc acolhido.
            via pouco tempo.)                 dia para ficar.                       Enviou então duas naus para bro-
               Foi  pois com  uma  armada  impo-  De Cananor. Lopo Soares dirigiu·   quellr Calicute. quatro pnra cnrregar
            ncme que Lopo Soares de Albergaria   -se  para  Calicute  onde  foi  recebido   em Coul;io e ficou com as restantes a
            se apresentou em Cananor nodia I de   com  propostas  de  paz  por parte  do   cllTrcgar em Cochim.  Havia  pimenta
            Setembro. Pode imaginar-se a impre·   Samorim.  Mas.  como  insistisse  pela   em ubundânda e as obstruções levan-
            ssáo  que causou  nos  Malabarcs esta   entrega dos dois italianos fundidores   tadas  pelos  comerciantes  «mouros»
            demonstração de força  na sequência   de  artilh:lria.  condiçáo  que  aquele   tinham  cessado completamente.  Por
            das  espantosas  vitórias  alcançadas   não podia aceitar sem se desonrar. as   isso, a carga fez-se rapidamente e sem
            por  Duarte  Pacheco  Pereira  na  se-  negociações  goraram-se.  Lopo  Soa-  qualquer dificuldade.

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