Page 101 - Revista da Armada
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o CALM  Rogirio d'OIiI'~ifU qumulo pronuncil/I'U o S~II discurso,  110  adO da POSSt  dtJ  "01'(.1  Dirufdo Icolllbaru("<20 da  Acadtmll/ dt MarinhaI.

             Na  presente  conjuntura  dois  temas   os nossos navegadores. Se não se encontram   definitivamente daquela área a hipótese de ar
          parecem·me ter prioridade:  I. o  II personali-  documentos há que  procurá-los.  E será que   se implantar a sede definitiva da Academia
          dade de Cristóvão Colombo. a sua prepara-  a história se esgota neles? Parece-mc que não.   de  Marinha.
          ção  náutica  feita  pelos  Ponugueses  e  os   A história. como qualquer outra ciência. não   Mas  não  será  que  a situação actual  é a
          antecedentes do Descobrimento da América;   assenta apenas sobre a prova documental. Na-  mais  acenada sob tooOS  os aspectos  menos
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          e 2. o descobrimento eexplomção do Atlân-  IUrlllmente que muitos  temas  históricos süo   o simbólico  preconizado  por Sarmento  Ro-
          tico Sul e da  COSia Oriental Africana.  reali-  polémicos.  A ciência  histórica  pela  s~a na-  drigues? Recordo as palavras que a este res-
          zados  no  período  que  medeia  entre  a   tureza é fénil em teses controversas.  E pois   peito  proferi  na  sessão de  inauguração das
          dobragem do cabo da Boa Esperança e o dçs-  necessário discutir opiniões opostas em pro-  prt:sentes  instalações:
          cobrimento do caminho marítimo para a In-  cesso contraditório. para apurar a verdade ou   A localização da  nova sede não terá tal·
          dia.  período  de  dez  anos  que  tem   chegar peno dela.  Mas esta discussão deve   vez a heráldica e o linsmo histórico da área
           permanecido na obscuridade documental. que   ser académica.  reila  por académicos ou ou-  do Mosteiro dos Jerónimos. símbolo da ges·
           Armando Conesão designou romanticamen-  tras personalidades. em .rorum_ próprio, com   la heróica dos Ponugueses na sua epopeia ma·
           te  por  .0 Mistério  de  Vasco da  Gama,..   elevação e dignidade. cm conformidade com   rftima  e  universal:  mas  não  é  menos
             No campo da divulgação. a Academia de   a deontologia  académica.   significativa. De  facto este local. a _Nau  de
           Marinha tem efcclUado regulannente sessões   No que diz respeito à História Marítima   Pedra-o está carregado de história e tradiçõcs
           plenárias culturais.  Algumas  foram  realiza-  compete à Academia de Marinha. sem inibi-  gratas aos marinheiros. História da Marinha.
           das em cidades  ligadas. actividade maríti-  ções. promover e fomentar tais debates a ra-  não tanto de  incidência politica mas exacta-
           ma como lagos e Aveiro. e até na cidade da   vor do rigor científico que deve  prevalecer   mente mais especifica da sua acção desde sé-
           Covilhã por ocasião da comemoração dos 500   sobre todos os interesses.   culos  atrás.
           anos da  viagem de Pero da Covilhã e Afon-                             Neste local.  no estaleiro da  Ribeira das
           so de Paiva. Também a Academia tem edita-         •                  Naus  - a Fábrica  das  Naus como era  ch:l-
           do as próprias comunicações e reito reedições   Há  seis anos o Presidente da  Academia   mnda - se oonstruimm muitos dos navios que
           de obras imponantes. em que se destaca a sé-  de  Marinha  propunha  110  Almirante  CEMA   fizernm a grandeza do País e o transponaram
           rie sobre arquitectura naval dos sécs. XVI e   a  recuperação  e aproveitamento do  espaço   com esplendor a tooos os cantos do Mundo.
           XVU.                              que agora ocupa. para ultrnpassar a dificul-  Após o terrnmOlo de 1755. surgiu aqui o Ar-
             Como consequência desta detenninação   dade de se conseguir local apropriado na área   senal  Real  de Marinha com a sua Casa das
           didAtica e de informação nota-se claramente   do Mosteiro dos Jerónimos, solução que cor-  Formas - mais tarde a célebre Sala do  Ris-
           que a Academia  de Marinha já é  razoavel-  respondia. parece, ao desejo do saudoso Alm.   co - onde em escala natural se traçavam os
           mente  conhecida  no  Pars  e  no  estrangeiro.   SamlCntO Roorigues e se revestia do mais alto   navios.
             Há contudo que prosseguir neste capítu-  significado e dignidade. mas que não era viá-  Em  1782  foi  criuda  a  Companhia  dos
           lo multiplicando e diversificando as manifes-  vel  senão a longo  prazo.   Guarda-Marinhas e pouco depois. cm  1783.
           tações  culturais.  alargando  o  seu  âmbito  à   O aproveitamento deste espaço foi  pedi-  a Academia Real  para instrução destes.  Esta
           expressâo da  ane.                do a título transitório ainda que subjacente es-  Academia  funcionou  na Sala do Risco e es-
                                             tivesse  a  crença  de  que  se  tratava  de  um   paços adjacentes. dando m:ais tarde. em 1845 .
                          •                  provisório-definitivo. E se a ideia dos Jeró-  lugar à Escola  Naval.
             No  próximo  ano a Espanha  e o  Mundo   nimos persistia como solução ulterior a pra-  Aqui se forjaram gernÇÕCS e gernÇÕe5 de
           comemoram o 5. '"  Centenário da  viagem de   zo.  ela  era  cm  respeito  à  vonlade  do   oficiais de marinha.  Mais especificamente no
           Colombo  ao  continente  americano.  Cena-  Almirante  fundador  da  Academia.   espaço ocupado pelo auditório funcionou du-
           mente  que  nessa  época  os  Ponugueses  não   A construção do Centro Cultural de Be-  mnte  150 anos a Biblioteca da  Marinha que
           estavam inactivos na exploração dos oceanos.   lém. ignorando ao que parece a venente ma-  estava  anexa  à  Escola  Naval.
           Há que estabelecer por (a+b) o que faziam   rítima   da   nossa   história.   arasta   Quando a Escola Naval  roi transferida pa-

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