Page 105 - Revista da Armada
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Retraio de Cam6es,
si!Jc. XIX. segundo
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de Fernão Gomes,
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CruCifi1CO, Angola, (ComissAo Nacional
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Século XVII _ , -. ~':;.w:'rl' ....... _. para. as ComemDraç6es
(Soci6dade Missionária dos Descobrimentos
Portuguesa. Lisboa) Portugueses)
Portugueses foram pioneiros, assim como instrumentos tos que actualmente comemoramos, como também
náuticos e construção naval; A exploração do AtlAntico, apreciarem a qualidade da mostra que foi apresentada
que nos falava das viagens, dos tratados e da polftica ao público americano, nas vésperas das comemorações
dos Descobrimentos; O encontro entre dois mundos, on- da viagem de Colombo, que se espera tenham, naque-
de era examinada a história do Brasil; e O impacte cul- le pais uma enorme grandeza.
tural dos Descobrimentos Portugueses, que mostrava Algumas das peças apresentadas em Nova Iorque
a divulgação que estes tiveram no mundo. não puderam estar presentes em Lisboa, porque para
Entre as peças mais importantes destacavam-se o algumas das instituições estrangeiras, devido a uma
Tratado de Tordesilhas, que em 1494 dividiu o Oceano apertada regulamentação interna, já tinha sido ultrapas-
Atlântico por um meridiano, concedendo a Portugal as sado o limite de tempo de empréstimo. Assim a mostra
terras descobertas a leste desta linha e a Castela as en- apresentada pela Gulbenkian foi diminulda de pouco
contradas a oeste; o Livro de Marinharia de João de Lis- mais de uma dezena de peças, o que, no cômputo ge-
boa (1514); a Carta de PSro Vaz de Caminha, enviada rai, não afectou, de modo algum o conjunto. Em contra-
do Brasil no dia 1 de Maio de 1500; a Crónica dos Des- partida o padrão que em Nova Iorque tinha sido uma
cobrimentos e Conquista da Guiné, de Gomes Eanes réplica foi, em Lisboa, substituido pelo belo original que
de Zurara (1453) que contém o retrato do Infante D. Hen- Diogo Cão colocou em 1482 no cabo de Santo Agosti-
rique; um dos astrolábios náuticos portugueses mais an- nho, facto que veio valorizar, de modo notável, a expo-
tigos, o Dundee de 1555; o quadro a óleo que representa sição. Também o Museu de Marinha que não esteve
A adoração dos Reis Magos, (1501-1505) onde o rei ne- presente em Nova Iorque, cedeu três peças substituin-
gro é substituído por um Indio do Brasil e que constitui, do outras equivalentes. entre as quais se deslaca o as-
talvez, a mais antiga representação dum indígena da- trolábio Atocha III, recentemente adquirido para a sua
quele pais; e, outros atestados da nossa epopeia marl- colecção de instrumentos náuticos.
tima, muitos deles que, mesmo em Portugal, nunca Esta exposição, como aconteceu nos Estados Uni-
foram vistos ou raramente foram apreciados pelo cida- dos da América, não obstante a principal despesa ter
dão comum. sido suportada pela Fundação Calouste Gulbenkian, te-
A exposição manteve-se patente ao público duran- ve, através da lei do mecenato, a participação de várias
te os meses de Julho, Agosto e Setembro e teve uma instituições e empresas, algumas delas já atrás referi-
enorme afluência, o que foi ajudado pelo facto da Bi- das, merecendo especial menção a Companhia de Se-
blioteca Pública ter o privilégio de se encontrar situada guros Bonança que, graciosamente, segurou todas as
no cruzamento da 5.' Avenida e da rua 42, que é uma peças exibidas.
zona de grande movimento em Nova Iorque. O número de visitantes foi excepcional como, aliás.
Todavia, no acto inaugural, entre várias entidades sucedeu em Nova Iorque, e entre eles destacados ho-
portuguesas que ali se deslocaram para o efeito, mens de Estado, como os Presidentes do Brasil e de
encontrava-se o dr. José Blanco, administrador da Fun- Portugal, o , . o ministro e o Chefe de Estado-Maior da
dação Ca[ouste Gulbenkian que, considerando o alto va- Armada.
Iar da exposição, apostou em a apresentar em Lisboa.
Deste modo, os Portugueses tiveram não só a oportu- A Estácio dos Reis,
nidade de, mais uma vez, recordarem os Descobrimen- CMG
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