Page 149 - Revista da Armada
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\;J, Nota de Abertura









           Dois novos monumentos em Belém




                   epois  de alguns  anos  de  esforços,  a   do almirante Souto Cruz, movendo o  Céu e a
                  Comissão  Executiva  do  Monumento        Terra,  conseguiu  reunir  condições  para  ser
           D aos Combatentes do mtramar. presi-             construído esse também justo monumento. Foi
           dida pelo general Altino de Magalhães, alcan·    uma luta que levou 10 anos e só agora, graças
           çou os seus objectivos. O monumento vai ser      à compreensão, sensibilidade e dinamismo do
           erguido. com a  dignidade que merece, numa       ministro  da  Defesa  Nacional,  dr.  Fernando
           das zonas mais nobres desta velha cidade de      Nogueira  e  respectivo  secretário de  Estado,
           Lisboa.                                          eng. o  Eugénio  Ramos,  terminou  em  glória!
              Localizado em frente e para terra do Forte        Quebrou-se  o  enguiço  que,  no  dizer  do
           do Bom Sucesso, ficará a fazer pendant. do lado   distinto jornalista dr. Norberto Lopes, membro
           Oeste,  com  o  monumento  à  1.'  Travessia     da comissão infelizmente já falecido, acompa-
           Aérea do Atlântico Sul, este em construção a     nhara desde sempre este assunto ...
           Leste da Tone de Belém.                              Vem a propósito referir que o monumento
              Parabéns à comissão que conseguiu ultra-      aos  combatentes  estava  também  a  cair  no
           passar todas as dificuldades; parabéns às For-   enguiço  e  que foi  o  ministro  da Defesa que
           ças Armadas que nele verão consagrados os        resolveu o  assunto definitivamente.
           sacri.ficios e trabalhos que lá passaram; e para-    Serão, quase lado a  lado, dois monumen-
           béns à Nação que, desta forma, lembra aos vin-   tos de raiz muito diferente mas ambos muito
           douros aqueles que por ELA deram tudo nes-       oportunos;  direi  mesmo  que,  mais  cedo  ou
           sas guerras, alguns incluindo a  própria vida    mais tarde eles tinham que ser construidos, ou
              Duas décadas são passadas sobre os últi-      não haveria justiça neste mundo!
           mos tiros que soaram na Guiné. em Angola e           Ao primeiro irão os portugueses rezar pelos
           em Moçambique e, pode afumar-se que quase        mortos e lembrar os vivos que cumpriram o seu
           não há família portuguesa que não tenha tido     dever, batendo-se com galhardia nas guerras
           alguém envolvido. E muitos sofrem ainda hoje     do ultramar, concordando ou não com elas, e
           as terríveis consequências dessas lutas. Cá ...   porque recebiam ordens de quem de direito.
           e  lá.                                           Ao outro, iIão prestar homenagem à valentia,
              Não deixa de ser interessante estabelecer     determinação  e  saber  de  dois  marinheiIos-
           a  comparação  do  que  se  passou  com  este    -aviadores  que abriram caminho às grandes
           monumento e  com o outro, o  da Travessia do     navegações aéreas, tomando  possível que o
           Atlântico.                                       mundo de hoje possa ser designado, com toda
              Logo que concluída a viagem, ainda sob a      a  propriedade,  uma aldeia global.
           retumbância internacional do feito e do entu-        No primeiro,  provavelmente,  não  haverá
           siasmo que suscitou nos  dois paises irmãos      nomes. É dedicado a  soldados, marinheiros e
           - Portugal  e  Brasil -, foi  constituída  uma   aviadores  portugueses  que  combateram  ou
          comissão de que faziam parte altas figuras de     morreram pela Pátria; no segundo há apenas
          então,  para  promover  a  construção  de  um     dois -  Sacadura Cabral e  Gago Coutinho -
          monumento comemorativo.                           que pennanecerão para sempre no coração de
              Mas, a verdade é que o tempo foi rolando,     todos  quantos  se  orgulham  de  ter  nascido
          a comissão morreu sem deixar rasto e por mais     nesta abençoada terra de Portugal.
          incrivel que pareça, nada foi feito, nem sequer
          o lançamento da primeira pedra, como é  cos-
          tume nestes casos!
              E  só agora, ao  fim de 70 anos de tentati-
          vas frustradas, outra comissão, da presidência



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