Page 154 - Revista da Armada

As fragatas da classe ((Vasco da Gama))

(conclusão)

Características gerais do navio Embora durante as provas de mar as condições de tempo
fossem boas. o comportamento do navio. nomeadamente o
AS fragatas da classe .Vasco da Gama_ são escoltadores limitado balanço BB-EB. foi um dos aspectos que ressallou
oceânicos concebidos para actuar em ambiente de multi· positivamente.
ameaça e optimizados para a lUla ami-submarina. Satisfazem A concepção do casco e das superstruturas teve também
não só os requisitos operacionais que foram oportunamente cm conta a necessidade de obter reduzidas silhueta e assina-
estabelecidos pelo Estado-Maior da Amada mas também a tura radar (3). Assim. o navio foi concebido com superstru-
doutrina NATO que respeita aos navios do tipo fragata. Pelas IUras homogéneas. planas e relativamente baixas. A assinatura
suas características e capacidades foi-lhes atribuído o desig- radar ( .. radar cross section~) foi minimizada através do desenho
nador FFAH. das superfícies exteriores do navio. Foram eliminadas as des-
continuidades bruscas na configuração das obras mortas e a
o casco existência de áreas perpendiculares ao plano da superfTcie do
mar. Assim, o casco. as superstruturas e o hangar do
o casco do navio tem as seguintes características princi- helicóptero têm uma pequena inclinação para fazer divergir
pais: comprimento fora a fora - 115.9 m; comprimento na as ondas radar reflectidas.
linha de água - 109,O m; boca na linha de água - 13.8 m; O sistema de propulsão do navio é o CODOG - «combi-
boca no convés - 14,2 m; calado de projecto - 4.1 m; calado ncd diesel or gas,. - com duas linhas de veios, cada uma cons-
no domo sonar - 6,0 m; deslocamento aproximado - 3200 I. tituída por: motor diesel MTU. de 3600kw de potência;
Quer o casco quer as superstruturas foram construfdas em turbina a gás LM 2500. de 19700kw de potência; caixa
aço de alta resistência. A forma do casco, com uma boca redutora; hélice de 5 pás. de grandes dimensões, de passo
relativamente grande face ao comprimento. pennite obter uma controlável.
boa estabilidade e um amplo volume interno. A proa é sobree- A propulsão do navio é conduzida e controlada a partir
levada em relação ao convés e lançada para vante. da central de máquinas através do NAUTOS, sistema com-
As possibilidades de reabastecimento no mar estão de putorizado fomecido pela SIEMENS, que gere também a
acordo com a doutrina aplicável. Existem estações de reabas- instalação eléctrica e monitoriza múltiplos parâmetros com
tccimento para sólidos e pessoal. em ambos os bordos. a meio- interesse para a limitação de avarias,
-navio. no pavimento I. O reabastecimento de Ifquidos - O controlo da velocidade poderá ser feito quer na ponte
combustível, água e combustível para o heli - poderá ser exe- quer na central de máquinas, ou ainda localmente. A veloci-
cutado. de ambos os bordos, também a meio-navio. pelos dades baixas a rotação dos veios mantém-se constante.
métodos PROBE e NATO B (2). Existe ainda uma estação alterando-se apenas o passo dos hélices.
de reabastecimento de líquidos na proa. para execução do O combustível, por razõcs de segurança, será arnlazenado
método reabastecimento pela popa. em tanques abaixo da linha de água. As 360 toneladas que
O navio dispõe de um gasolina a motor, com uma capaci- o navio poderá transportar permitem uma autonomia superior
dade para 10 pessoas e oilo nós de velocidade. DispÕe ainda a 4000 milhas a 18 nós. A manobrabilidade do navio é muito
de uma embarcação semi-rfgida, pronta a arriar. de um bole boa. fruto da existência de um leme central. semicompensa-
de borracha e de onze jangadas salva-vidas insufláveis. Dois do, de grandes dimensões e de dois veios propulsores, com
ferros. um guincho na proa e um cabrestante na popa pemli- hélices de passo controlável e de reacção muito rápida. De
tem ao navio fundear e atracar em segurança. assinalar que o navio. partindo da situação de parado. atinge
A parte de ré do convés do navio constitui a plataforma em cerca de dois minutos a velocidade máxima. superior a
do helicóptero. O navio está preparado para operações de voo. 31,5 nós e estando a navegar a esta velocidade estaca em 3
quer de dia quer de noite e dispõe de um amplo hangar. capaz comprimentos, com as máquinas a toda a força da ré.
de albergar dois helicópteros médios. Em redor do hangar exis- Sendo as fragatas da classe .. Vasco da Gama_ navios utili-
tem oficinas e paióis para apoio destes. zados na guerra anti-submarina. Q redução da assinatura acús-
O casco e as superstruturas estão divididas em 12 com- tica foi paruculamtente considerada, Assim, os motores diesel.
partimentos estanques. satisfazendo aos critérios de estabili- as turbinas a gás. as caixas redutoras e os motores dos grupos
dade e flutuabilidade da Marinha dos Estados Unidos. Os electrogéneos foram encapsulados e montados sobre uma
tanques de água de lastro poderão ser utilizados para manter estrutura resiliente. por forma a reduzir o rufdo produzido e
a estabilidade do navio. quando tal se justifique. O comporta- as vibrações transmitidas ao casco. Foram também montados
mento no mar satisfaz os critérios estabelecidos na doutrina sobre uma estrutura elástica. para absorver as vibrações. as
NATO até um estado de mar correspondente a vento de bombas do circuito de incêndios e de esgoto e os compresso-
força 6. O critério é satisfeito quer no respeitante ao compor- res das unidades hidráulicas. de ar condicionado e dos venti-
tamento no mar. em geral. quer no aplicável às condições pam ladores. As formas do casco na zona dos hélices e a utilização
operar helicópteros. A fim de contribuir para a segurança das de hélices de pás reviradas tiveram também como objcctivo
operaçõcs de voo, o navio foi dOlado de estabilizadores activos. uma redução significativa do rufdo produzido.
não retrácteis. capazes de reduzir em cerca de 90% o balanço Por outro lado, a redução da assinatura infravennelha foi
transversal à velocidade de 20 nós. conseguida através do posicionamcnto das chaminés do navio

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