Page 201 - Revista da Armada
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lizam no nosso país. Dizemos que
         o processo está facilitado, porque a
         informnção  se  tornou  acessível,
         mas não resolve o problema dado
         que,  só de longe em longe, se de-
         para com as obras em falta.
             Recentemente, num dos leilões
         que se efectuaram na capital -  a,
         por sugestão do actual director da
         BCM, fica aqui uma palavra de Ie-
         oonhecimento ao engenheiro Rodri·
         gues Cadete, pela sua intervenção
         neste e  noutros casos idênticos -
         foi  adquirido  um  lote  constituído
         pelas seguintes peças:
             Documento  n,o  1:  IlPlanta  hy-
         drographica do porto da Praia, ilha
         de S. Thiago Cabo Verde. levantada
         em 1802 pelo 2. 0·tenoot8 Emygdio
         Fronteira e guardas-marinhas F.co
         Assis Camillo e Hugo de Lacerda»
         manuscrito,  colorido,  37 x 46  cm.
             Documento  n. o  2:  Diploma da
         Sociedade de Geografia. de Lisboa,
         elegendo Emygdio Augusto Caree·
         res Fronteira, sócio ordinário desta
         instituição,  na sessão de 9  de No-
         vembro de  1885.
             Documento n. o  3: Carta escrita
         de Moçambique, em 23  de Setem-    rio da Sociedade de Geografia  de   viço prestado, o  2. ·tenente Fron-
                                                                                                0
         bro de 1886, por Augusto de Casti-  Lisboa,  mas  numa  pesquisa  que   teiro, foi agraciado com a condeco-
         lho e dirigida a Emygdio Fronteira.   fizemos, não encontramos qualquer   ração de S. Tiago, grnnde cavaleiro
                                                                                   o
             Documento n. o  4: Carta, com a   trabalho seu publicado nos boletins   (OA n. 4, de 28 de Janeiro de 1886).
         chancela uCasa militar de S.  M.  EI   daquela sociedade.               No que respeita à  sua interven·
         ReiN,  com data de 3  de Janeiro de   Emygdio  Fronteira faleceu  em  ção  no porto da Praia,  da  ilha  de
          1917,  escrita  por  G.  CapalIo  a   1936,  deixando  viúva  e  um  filho.   S. Tiago  de  Cabo  Verde,  aquele
          Emygdio Fronteira.                ambos  falecidos  há  largos  anos.   mesmo  oficial  foi  louvado  (OA
                                                                                o
             Como se constata, O que há de     Dos três documentos ainda não  n. 17, de 8 de Setembro de 1883)
         comum nestes quatro documentos     referidos,  vamos  pór  de  parte  o   mas,  neste  caso  particular,  para
          é  o  nome  de  Emygdio  Fronteira.   n. o 4,  dado  que  se  trata  de  uma  além do plano publicado, em 1886,
          Este facto incitou-nos a saber quem   cana de Guilherme Capello, à  data  também pela uComissão de Carta-
          foi  este oficial de Marinha e  o que  major general da Armada e ajudan-  graphiélll, ficou-nos o original, agora
          fez  na sua vida profissional.    te de campo honorário do rei, que   adquirido pela BCM,  conforme do·
             Emygdio  Augusto  Carceres  contém apenas noticias acerca de  cumento n. o  1.
          Fronteira, nasceu em Lisboa, no dia  alguns movimentos de oficiais. Não   A  "planta  hydrographica»,  foi
          5 de Fevereiro de 1857 a, alistando·   tem esta carta, porlllnto, interesse   desenhada  pela  equipa  chefiada
          -se  na  Armada,  foi  aspirante  em   especial o  mesmo não sucedendo   pelo 2. O-tenente Fronteira e de que
                                                              o
          1873, percorreu todos os postos até  com o docwnento n. 3, no qual Au:   faziam  parte os guardas-marinhas
  T
          atingir o de capitão-de·mar-e-guerra  gusto de Castilho,  então governa-  Assis Camillo e  Hugo de Lacerda,
  I'      em  1911.  Esteve  embarcado  em   dor geral de Moçambique, se dirige   este \1ltimo. um nome bem conheci·
          numerosos  navios  da  Armada  e   a Emygdio Fronteira. agradecendo  do no âmbito da hidrografia, quan·
          desempenhou  várias  missões  de  os ~(conscensiosos e úteis trabalhos   do  estes  oficiais  faziam  parte  da
          serviço,  tendo-lhe sido conferidos   sobre o Pungué e o porto da Praian.   guarnição da canhoneira Rio Lima.
          alguns  louvores  e  condecorações.   De  facto,  Emygdio  Fronteira   Este  plano  tem  grande  interesse
          Foi  instrutor  de  artilharia  Naval,   efectuou  o  levantamento  destes   pois, para além de nos mostrar a di-
          2. o comandante da  Escola  Naval,   dois  portos.  O  primeiro,  antes de   ferença entre o resultado do traba-
          presidente do Tribunal de Marinha  1883, pois é  desta data a  publica-  lho de "campO)) e  a obra impressa,
          a,  no  fim  da  sua vida  militar,  de  ção,  pela uComissão  de  Cartogra-  (ambos são feitos na escala 1/8000),
          Junho de 1914 a Outubro de 1915,   phiéut do plano do rio Pungué, publi·  identifica 45 edifl'cios e lugares de
          desempenhou as funções de direc·  cação essa que teve lugar porque   interesse na área urbana da Praia.
          tor da Biblioteca da Marinha e  do  Augusto de Castilho, como ele pró-  Aliás, no sector da hidrografia.
          Museu Naval. Como indica o docu-  prio afirma,  se interessou pelo as-  Emygdio  Fronteira,  já  tinha  sido,
          mento n. o 2, foi eleito sócio ordiná-  sunto. Como recompensa pelo ser·   em tempos, citado pelo seu «zelo e

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