Page 87 - Revista da Armada
P. 87

criou finalmente a Academia de   lal como os seus antecessores,   Marinha o 25° aniversário do   de se  pautar,  mais  do que
        Marinha, dando  realização  ao   o  Grupo  de  Estudos  de   fenómeno da  sua  génese - a   pela  majestade das suas  tra-
        alme~1do projecto do Almirante   História  Marítima  e o Centro   criação do Grupo de  Estudos   dições,  pelo ritual das mani-
        Sannento Rodrigues.         de Estudos de Marinha, viveu   de  História  Marítima  - e,   festações académicas, ou pela
          Este  foi  o  seu  primeiro   os  primeiros  anos  da  sua   simultaneamente,  os  seus 15   exuberãncia  e qualidade do
        Presid en te,  mas  não quis  O   existência  inserida  no Museu   anos  de  vida  no  formato   seu  produto, sobretudo pela
        destino que  fosse  ele a dar  à   de  MMinha, onde dispunha   actual  de  uma  Academia   inovação,  pelo alcance das
        Academia  a dimensão com-   de  um  exíguo espaço  e do   adultn.                  suas  investigações  e  pela
        patível  co m a sua  nobre e   apoio do Conselho  Admi-  Comparada  com  outra s   diversidade dos assuntos que
        patriótica missão.          nistrativo daquele organismo.   academias congéneres, é uma   respeitam a essa  rea lidade
          Veio a falecer em Agosto de   As  vicissitudes  por  que   instituição jovem.  Esta condi-  física  e espiritual. que é o
        1979, sucedendo-lhe  na presi-  tinha  passado e as  condições   ção não lhe confere a credibi-  Mar.
        dência  o Almirante Teixeira   em que  funcionava  mostra-  lidade  que  naturalmente   Tudo se d eve  fa zer  para
        da  Mota,  que, por sua  vez,   ram  à  evidência  que  a   brota do tempo e da  tradição.   que a  Academia seja, pois,  o
        desa fortunadamente, só so-  Academ ia  não  podia                                 berço  em  que desabrocha  o
        breviveu três  anos,  pois  fa le-  mais ser a sombra do seu                       conhecimento  e  a  cultura
        ceu em  Abril de 1982.      Presidente. Teria  de se                               sobre  as  coisa  d o  Mar,  o
          Se  o desap<lrecimento  pre-  revelar como organização                           "forum" onde se firma  a legi-
        maturo  do  seu  primeiro   colectiva, criar ii sua  pró-                          timidade histórica  e se asse-
        Presidente teve  como  natural   pria  personalidade  e                            gura o rigor científico e,  tam-
        sucessão  a  do  Almirante   viver apenas do labor dos                             bém,  o baluarte em  que se
        Teixeira da  Mota, a inespera-  seus membros.                                      defende o  património cultu-
        da  morte deste  criou  uma   Logo  nas  primeiras                                 ral e os feitos heróicos de um
        grave crise de provimento do   reuniões  plenárias  ficou                          Povo,  que se expandiu  por
        cargo de Presidente.        claro que a  Academia  de                              todas as partidas do Mundo.
          Efectivamente, a Academia   Marinha  deveria sobrevi-                              Na  Academia  de  Marinha
        de Marinha, sob a égide do   ver aos  reveses sofridos                             procura-se dar consecução
        Almirante Sarmento  Rodri-  e,  até com mais  força  de                            aos objecti vos que desde a
        gues, viveu e  prestigiou-se à   razão,  prosseguir na  sua                        sua  origem a  têm  norteado.
        sombra  do  vulto intelectual e   missão e criar capacidade                        No  seu  âmbito de estudo e
        social  deste  ínclito  marinhei-  apropriada.  Dentro des-                        investigação cabem  factores
        ro,  académico,  politico,  letra-  tes princípios,  três acções                   que  preservam  ii  identidade
        do, e do seu imenso e ilustre   eram  da  mais alta  priori-                       nacional:  o Mar e a cultura
        círculo de amigos.          dade:                                                  marítima.  Os  Portugueses
                                                            o A/m;mrHr Ttirrim dIl Moln, qur 5umlrlj II(!
          A Academia  do Almirante                        Alm;mlllr Sarml.'II10 Rodrigllr$ n11110 ,"~ldl'lllr dll   têm  que  os estudar e desen-
        Teixeira  da  Mola  viveu  do   a.  Dispor de instalações   AOldrmrn l/r MlIrirrlrn   volver, sob pena  de  serem
        labor cientifico deste eminen-  próprias e adequadas ao   É um  óbice  1\  projecção  da   outros a fazê-lo, com prejuízo
        te cientista e historiador, e da   seu funcionamento.   Academ ia,  que o  tempo se   do património culturill que os
        sua projecção pessoal no  País   b.  Organizar a estrutura de   encarregará de atenuar.  Mas   nossos antepassildos susten-
        e no Estrangeiro.           uma  instituição  autónoma,   essa  mesma  juventude é a   taram  com  patriotismo
          Em  qualquer dos casos,  a   moderna e eficaz.       fonte  de  dinâmica,  de vonta-  durante mais de oito séculos.
        Academia confundia-se com    c.  Preparar-se para partici-  de e devoção, de rigor e efici-  Não olvidemos il  exortação
        o seu próprio Presidente.   par de forma  activa  e signifi-  ênciil,  que deverá  assegurar-  do grande épico:
          O vazio deixado pela morte   cativa  nas comemorações,
                                                               -lhe um  lugar  proeminente
        do  Almirante  Teixeira  da   que se  avizinhavam, dos 500   na comunidade cultural, par-  Fazei, Sellltor, que
        Mota paralisou a ~'i de si ténue   anos dos  grandes eventos da   ticularmente quando esta  se   IIlmca  os admirados
        actividade da  Academia como   epopeia  marítima dos  Por-
                                                               concentra  nas  comemorações   Alemães, Gallas,
        ente colectivo, e gerou alguma   tugueses.             dos feitos  náuticos que  leva-
        desorientação entre os seus                            ram  ao  conhecimento  do     Italas e lttgleses,
        membros,  não  obstante  os   Isto  ocorreu  em  1983,  por-                         Possam dizer,  que são
        denodados esforços do então   tanto muito antes de serem   Mundo.                    para mal/dados,
                                                                 Digo proeminente, não por
        Secretário-GeraJ, Engenheiro   criadas  a Comissão pa ra as   presunção, maS  por acreditar   Mais que para lIIandnr,
        Viriato Augusto Tadeu.      Comemorações  de  Barto-                                 os Portugueses.
          Após  profunda  reflexão   lomeu  Dias  e a  actual Co-  estar  na  co nsciência  dos                   J..
        para  formar o elenco directi-  missão  Nacional  para  as   Portugueses  que  a  Nação
        vo que assegurasse a continu-  Comemorações dos Desco-  consolidou  a sua  identidade
        idade  de  acção  dos  ante-  brimentos  Portugueses.  Estes   e  independê ncia  pela  SUil
        riores,  em  1983 foi  eleito o   desígnios  têm  sido cumpri-  ligação ao  Mar:  por  no  Mar
        Professor  Engenheiro  Edu-  dos,  se não  com  o  alcance   ter escrito as  ma is gloriosas
        ard o  Arantes  e  Oliveira ,   desejável,  pelo  menos  na   páginils  da  SUil  Históriil,  por
        como Presidente.            medida do possíveL         no Mar ainda  hoje  encontrar
          Em   1986   assu miu   ii                            il  melhor fonte  de reillização     Rogério S. d'Oliveira
                                                                                                               CALM
        Presidência da  Academia  de            •              como pafs independente.       (P,rsidflllr dR ACllllrmm dr M~riullllJ
        Marinha o autor deste escrito.   Em  Março do ano corrente,   Sendo  unta  Academiil
          A Academia  de Marinha,   comemora  a  Academ ia  de   jovem, a sua actividade  tem
                                                                                           REVISTA DA ARMAOA  •  MAACO 9.  13
   82   83   84   85   86   87   88   89   90   91   92