Page 229 - Revista da Armada
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           Depois, ao longo do século XVIII,
           a situação de dificuldade agr,wou<se
           em Macau, tal como acontecia na  !ndia,
           onde se perdiam as praças de Chaul e
           Bassaim, à vista da "velha aliada" e
           com a sua complacência.
           A Inglaterra desejava possuir uma
           base comercial na China e por isso
           cobiçava o estratégico porto de Macau,
           que então  sobrevivia sob a adminis·                                                      •
           tmç,io do Senado, em constante connito
           de poderes com os governadores
           nomeados em Goa, que frequentemente
           eram acusados de déspotas e tiranos.               •  ,
           No território eram grandes as
           dificuldades, reinava a insegurança                I              •
           e, por vezes, alguma desordem.                                    .' ....   ..
           Apesar disso, quando em  1808 os                                     r
           Ingleses decidiram ocupar militarmente                                            •
           Macau com o pretexto de proteger
           o território de uma eventual ameaça
           francesa, os Macaenses tiveram a
           firmeza suficiente e foi  possível
           conjugar argumentos e influências
           para obter o apoio das autoridades             o toml/I/lt III/VI/I dt li dt Il/llti1O dr  ISIO, 1/0 111'10 dl/ mJI/ dr 1..IIl1tQII
                                                           (vl/lll1tll rxistrntr 110 Arqlliva Hist6rito Ultrl/marina dr Usbol/J.
           de Clntão, que levaram a força
           desembarcada a retirar.            de um século perdera junto das   : desenvolvera, o Principe Regente
                                              autoridades chinesas e, desde o Rio   : D. João atribuíu ao Senado o título
           Nessa época, a pirataria actuava   de Janeiro onde se encontrava e em   i de "Lt'a/ Sel1ado de Ml1cuu", que hoje
           impunemente na região e desafiava   reconhecimento da acção que     i continua orgulhosamente a usar.
           o próprio poder imperial chinês.                                    .
           Então, a pedido das autoridades                                     : Porém, o prestígio recuperado perante
          de Cantão, em  1809 o Senado de                                      : as autoridades chinesas não foi
           Macau tomou a iniciativa de                                         : suficiente para revitalizar a vida
          constituir e custear uma pequenn                                     : económica de Macau.
           forçn  naval de auto·defesa, cuj,'                                  t  Foi necessária a guerra entre a China
          destemida acção levou à derrota                                      , e a Inglaterr,l e depois a intervenção
          do temido pirata Cam Pao Sai,                                         directa de Lisboa na administração
          que em 1810 "capi/ulou cOllllllais de                                 de Macau  para que o território
          duzel//os I: setel/ta jl/I/COS,  dezasseis  mil                        passasse a tcr um protagonismo
          IJOmI:I1S, cil1CO  mil /11l/lhrres, se/e !/Iii                        diferentc e retomasse as vias de
          espadas e mosquetes e mil e dilUI/tos                                  prosperidade que antes conhecera.
          cal1hõcs"(2).
                                                                                 No entanto, tal como acontecera na
          Dessa campanha ficaram célebres                                        índia em que Bombaim ofuscara Goa,
          os nomes de alguns navios como o                                     , também nas costas da China
          "Princesa Car/ota  n  ,  o "Ulisses", o                              .
                                                                               , Hong Kong iria ofuscar Macau. II
          "Bl'/iufrio" e o "fl/col/quislifve/", assim
          como o de alguns dos homens que os
          comandamm: Pereira Barreto, primeiro
          tenente da Marinha de Goa, António
          Gonçaves Carocha, piloto macaense,                                    REFERtNCIAS:
          c José Pinto de Alcoforado, capitão de                                (1) O GI'I/JIdr Nat'io dr Amatall, Charle!i R.  Bo~er,
          artilharia, entre outros.                                              Ediç30 da Fundaç.lo Oriente I' Museu e Centro
                                                                                de Estudos Maritimos de Macau. Macau, 1989
                                                                               ,  (2) Ml!('/III His/lfri,o. C. A. Montalto dI.' le!ius,  J<
          o estabelecimento de Macau recuperou    As tIIínllS dlllgrrjQ dr S. PlIlIlo (1602},   Ediç.lo portuguesa da versão apreendida em
          então o prestigio que durante mais        t)istQ$ dll  Forlll/n" da Montl.   J926, Livros do Oriente, Macau, 1990
                                                                                           REVISTADA ARMADA  •  l.UiO V7  V
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