Page 170 - Revista da Armada
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ESCOLA NAVAL
DESCIDA DO RIO TEJO EM BOTES
A descida de um rio em botes a remos enquadra-se dentro das
actividades do Corpo de Alunos da Escola Naval, servindo, de forma
excelente, para o desenvolvimento do espírito de corpo e do senti-
mento de grupo, essencial à formação dos oficias da Armada. Não
deixa de ser um exercício, mas o carácter quase informal em que se
realiza leva que decorra dentro de um espírito de alegria onde o con-
vívio e a camaradagem fazem esquecer as dificuldades, dando força
aos remos nas mãos e ajudando a vender o cansaço, num esforço co-
ordenado indispensável ao bom andamento das embarcações.
Esta actividade decorre todos os anos, aproveitando-se o ensejo
para um contacto social e cultu-
ral dos cadetes. em zonas menos
habituadas à presença de marin-
heiros. Desta vez foi escolhido o
rio Tejo, descido desde Vila
Velha de Ródão até à barragem da Escola Naval não ficaria completo, se a presença no interior do
do Fratel. No dia 12 de Março, país – sobretudo numa zona com uma tradição histórica tão signi-
os alunos foram pernoitar ao ficativa como aquela – não fosse acompanhada por uma programa
parque de campismo da Idanha- cultural. O dia 14, de manhã, começou com a visita a uma
-a-Nova, onde ficou montada exposição no Centro Cultural Raiano (Idanha-a-Nova) a que se
uma base de apoio para todo o seguiu um passeio até à aldeia de Monsanto e de Idanha-a-Velha.
exercício. Depois, no dia 13 de Esta última tem a sua origem nos mais remotos tempos da Pré-
manhã, começou a descida que -História e foi um importante centro urbano no período romano e
decorreu durante todo esse dia. visigótico. Chegou a ser a sede de uma diocese tão extensa como o
No final, regressaram a Idanha actual distrito de Castelo Branco. Entretanto, quando da invasão
onde o Presidente da Câmara, muçulmana, foi destruída (713) e permaneceu em ruínas, sem ter
acompanhado por alguns dos recuperado a sua antiga importância. O episcopado passou para a
seus vereadores (entre os quais o Guarda nos tempos de D. Sancho I (1199). Hoje apresenta aos visi-
vereador da cultura) teve ocasião tantes alguns restos do seu antigo esplendor, fazendo lembrar tem-
de participar num jantar de con- pos antigos, quando cavaleiros godos corriam por aqueles montes e
O ALM Silva Santos com o Presidente vívio com todos os participantes. mesmo quando os templários tomaram conta da fronteira do Tejo,
da Câmara da Idanha-a-Nova Mas o exercício dos cadetes acabando por se fixar no local de Idanha-a-Nova.
CELEBRAÇÃO PASCAL
A Celebração Pascal teve lu- gação […] precisamos de faróis
gar no passado dia 16 de Março que nos ajudem ou, no dizer de
e foi presidida pelo ordinário D. Januário, andamos à busca de
castrense, bispo D. Januário uma candeia que nos alumie o
Torgal Ferreira, acolitado pelos caminho […] Por isso quero, em
capelães David Vaz Monteiro, nome do Corpo de Alunos,
Manuel Amorim e António agradecer a sua presença amiga,
Borges. A festa reuniu a maioria a sua atenção e estímulo à nossa
do pessoal da Escola que par- Escola, mas sobretudo a preocu-
ticipou com um sentido de pação e interesse em colocar
comunhão de um sentimento de sempre no nosso caminho can-
pertença a um mesmo grupo de deias prenhes de luz. Que a sua
trabalho e de empenho numa presença nesta casa bicentenária
missão comum. É um momento de nos estimule a saber que pegar numa cruz não custa nada. O que
pausa e de reflexão, um momento custa é despegar da cruz quem lá foi colocado. D. Januário, pode ter
que corta a vertigem do dia a dia, a certeza que tentaremos como jovens construtores da Paz – porque
permitindo que olhemos uns para militares – encontrar soluções para os problemas que estão à nossa
os outros com uma visão diferente, porta e ajudaremos os que necessitam de se lavar na água da justiça e
mais humana, mais próxima e da misericórdia, da compreensão e do perdão, da amizade e do
mais familiar. amor, pois só assim iremos no caminho da Páscoa.”
O cadete Pereira da Silva, numa No final da celebração houve um almoço de convívio que reuniu
saudação especial a D. Januário, O Cad. Pereira da Silva. no refeitório os oficiais, cadetes, sargentos, praças e pessoal civil da
teve ocasião de dizer o seguinte: unidade.
“Como diz a carta pastoral sobre Deus pai […] o mundo não é
feito de maus e bons, mas de caminhantes, e eu como marinheiro A Escola Naval está disponível em: www.escolanaval.pt
diria que o nosso mundo é feito de «navegantes». E nessa nossa nave-
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