Page 287 - Revista da Armada
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Virei... de burro
Virei... de burro
o Sardoal, o concelho mais a norte da província do Ribatejo, há TOR” de 1 750 toneladas e 17,5 nós de velocidade. Foi mandado cons-
um núcleo de ex-Marinheiros, consequência de meios truir nos estaleiros Fratelli Orlando em Livorno, Itália. Custou 381
Nhumanos que alimentaram longos anos a Gloriosa Armada 629$90. O Navio foi entregue oficialmente à Armada a 3 de Agosto de
Nacional. Formou-se há cerca de 10 anos. Tem como actividade 1897. Teve como primeiro comandante o CMG Ferreira do Amaral.
cimeira um almoço-convívio anual, que se vem efectuando num belo Entrou pela primeira vez no Tejo a 7 de Agosto de 1897.
restaurante da Vila, propriedade de um Marujo na reforma. O último A sua última viagem foi uma verdadeira odisseia de um punhado
convívio aconteceu aos 5-12-98, conseguindo reunir cerca de 200 con- de Marinheiros, comandados pelo CFR Goulart de Medeiros, que ul-
vívas. Cada um tem os seus gos- trapassaram as normais capaci-
tos ou preferências de conviver. dades humanas. Alguns desses
Eu adoro escutar os mais velhos, homens foram atacados pela
contando as histórias de suas loucura, entre eles o mestre, 1º
vidas entroncadas nesta nossa sargento José Nicolau. A viagem
Armada de tantos séculos e iniciou-se em Macau a 8 de
muitos mais feitos de coragem e Março de 1933. Navegaram-se
dor desconhecidas. No último 8 000 milhas em mares muito
convívio, os Marinheiros mais contingentes para um navio
antigos eram os Srs. Rufino dos agonizante. Finalmente, entrou
Santos e José Soares Silva, de 92 e no Tejo na manhã de 1 de Julho
87 anos respectivamente. Cruzador “Adamastor”. de 1933. Desfazia-se em poeira
Estavam na mesma mesa e eu de óxido de ferro. As suas 4 cal-
juntei-me a eles. Instiguei-os a recordar. O Rufino narrou num enlevo deiras davam então, na pressão máxima, 4 nós...
de sentimentos profundos que se confundiam com as tormentas e o Ao cabo de 37 anos de vida foi vendido em hasta pública. O leilão
azul/verde profundo dos oceanos, sobre o CRUZADOR “ADA- foi feito numa sala do Ministério da Marinha.
MASTOR”. Exprimia-se naquela linguagem em que o Marujo e o navio Presidiu ao seu funeral o CMG Monteiro de Macedo. O casco foi
se confundem num só corpo indefinido. Fiquei cheio de curiosidade adquirido pela Firma A. Andrade & Cª., pelo preço de 60 850$00.
sobre esse “ADAMASTOR”. Apesar dos meus 65 anos, rara e superfi- E assim, como em tudo na vida, há um fim. Este Navio do Povo com
cialmente, dele ouvira falar. Foi muito difícil para um Marujo com os uma história repleta de heroicidades, berço, casa, paixão e morte de
meus recursos chegar lá. Mas valeu o esforço: a história começa com tantos Marinheiros. É ainda álbum de recordações que chegaram até
Ultimato Inglês de 11 de Janeiro de 1890. Esta traição dos Ingleses aos hoje, provando que a morte física de um navio da Armada não é o fim
velhos aliados Lusitanos criou uma enorme indignação Nacional. da alma e no coração de um Marinheiro com 92 anos.
Encontrou um País dito de marinheiros, sem navios. Daí nasceu a subs- Já era noite e eu embevecido abraçava carinhosamente o Rufino.
crição nacional, dirigida por uma comissão presidida pelo Duque de Rogando-lhe que não falte no próximo convívio. Numa voz agora
Palmela, que integrava políticos, monárquicos, republicanos, liberais, cheia de firmeza, respondeu: “Sabe, vejo mal, e o médico não me
grão-mestre e altos graus da maçonaria, num “cocktail” formidável deixa conduzir. Este ano o Lopes foi-me apanhar, no próximo se ele
como nunca se vira antes em Portugal. Durou 8 anos – 1890 a 1898, e não poder, virei de burro”.
rendeu no total 538 626$060, incluindo 74 157$320 de juros. Com Geraldo Lourenço
estes fundos viriam a ser construídos 4 pequenos navios e o “ADAMAS- C/SE REF.
CONVÍVIOS
Realizou-se no passado dia 2 mentos da unidade, vindos de Numa breve alocução, o ex- que ainda hoje perdura entre
de Junho, na simpática cidade longe e sem olharem a distân- Comandante da Companhia, todos.
de Tomar, o 3º almoço-convívio cias, estiveram também pre- CALM Silva Santos, relem- Não esquecendo as memó-
da Companhia nº 7 de Fuzi- sentes familiares e amigos em brou os companheiros faleci- rias do passado, viveu-se ale-
leiros (1970/72). confraternização durante algu- dos, durante e após a comis- gremente o presente e projec-
Para além da maioria dos ele- mas horas. são, e enalteceu a amizade taram-se encontros futuros.
Vai realizar-se no dia 18 de - 1SAR CM José Anjos Vai realizar-se no dia 9 de - 1SAR TF Moreira
Setembro, em Castro Verde, o Telef. 442 75 42 (serv.) Outubro, na zona do Cartaxo, Telef. (01) 272 80 37 Ext. 3232
1º encontro de “Filhos da 202 11 74 (resid.) o primeiro almoço-convívio - 1SAR L João
Escola” do concelho. Telem. 0931 948 93 48 dos “Filhos da Escola” de Ou- Telef. (01) 321 75 73
tubro de 1968. Telem. 0931 716 65 09
Para mais informações os - 1SAR CM José Mestre - SAJ TES Jorge
interessados deverão contac- Telef. 225 38 31 (resid.) Os interessados poderão con- Telef. 2497 (Interno)
tar com: Telem. 0936 647 92 33 tactar para: Telef. (01) 274 21 02 (resid.)
32 AGOSTO 99 • REVISTA DA ARMADA