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OS 50 ANOS DO CURSO “FERREIRA DO AMARAL”
No passado mês de Outubro, os oficiais do curso de “Ferreira 21 de Outubro, com uma deferência, cordialidade e amizade que
do Amaral” comemoraram o 50º aniversário do seu ingresso na muito os sensibilizou.
Escola Naval. Com a presença dos antigos professores ainda vivos, Vice-Almi-
Alistados e promovidos a cadetes em 26 de Setembro uns, em 1 de rante Marques Ribeiro, Contra-Almirante AN Pereira de Oliveira e
Outubro outros, o curso adoptou como patrono o ilustre oficial de comandante Gustavo Pires, foi celebrada missa por alma dos cama-
Marinha Ferreira do Amaral, radas falecidos: Vilhena de
pois nesse ano passava o pri- Mendonça, Niny dos Santos e
meiro centenário do seu trai- Borges Ervedosa. Seguiu-se o
çoeiro assassinato junto às Por- descerrar de uma placa alusiva
tas do Cerco de Macau, em 22 à efeméride, que não deixa de
de Agosto de 1849. E, porque o registar, discretamente, que o
número de Agosto deste ano de curso tem oficiais que serviram
1999 a Revista da Armada pu- nos navios de superfície, nos
blicou uma boa biografia de submarinos e na Força Aérea.
Ferreira do Amaral, da autoria Por iniciativa e amável defe-
do 1º Tenente Moreira da Silva, rência do Comandante da Es-
não se faz mais referência a este cola Naval, que entendeu ser
notabilíssimo comandante, há- esta reunião, 50 anos após o
bil diplomata, ousado e enér- ingresso na Escola Naval, um
gico Governador de Macau. bom exemplo para os jovens
Constituiram o curso os ca- cadetes, de dedicação à Institui-
detes: Marinha – Óscar Mota, ção e de uma sã camaradagem,
Ferraz Sacchetti, Machado e o Corpo de Alunos desfilou pe-
Moura, Conceição Silva, Gon- rante os oficiais do curso, após
çalves Ramos, Correia Bastos, Niny dos Santos, Andrade e Silva, a leitura de um resumo da biografia do seu patrono.
Gomes Rosa, Cyrne de Castro, Vilhena de Mendonça, Borges Seguiu-se um almoço, distribuição das medalhas que o curso
Ervedosa, Leitão e Carvalhosa; Maquinistas Navais – Costa Al- mandou cunhar e, outra gentileza da Escola Naval, uma visita à Bi-
cobia, Melo de Sampaio, Perneco Bicho, Ferreira Marques, Chaves blioteca onde estavam, em bem organizada exposição, álbuns, re-
Brandão, Pina Entrudo; Administração Naval – Santos Domingues, gistos e documentos relativos à passagem dos cadetes do curso
Lola dos Reis, Sebastião Aparício, Ataíde de Almeida. “Ferreira do Amaral” pela Escola.
Procurando inovar, o curso quis assinalar este “último cinquen- Na tarde desse mesmo dia foi inaugurada, no Clube Militar
tenário do segundo milénio” com algo que fosse além do rotineiro Naval, uma exposição de pintura e de trabalhos literários da auto-
calendário destas comemorações. ria de oficiais do Curso: Lola do Reis e Correia Bastos, na pintura,
E ultrapassando o que mesmo assim haviam programado, os ofi- Óscar Mota e Ferraz Sacchetti, na escrita. Mais haveria, mas nem
ciais do curso começaram por serem recebidos pelo Comandante em tudo se pensa a tempo, quando é a primeira vez.
da Escola Naval, Contra-Almirante Américo da Silva Santos, no dia Uma outra realização inovadora foi a edição de um livro de curso,
algo mais do que a colecção de biografias de todos os seus membros
e do patrono. Depois de 50 anos de actividade, por vezes no desem-
penho de alguns cargos de responsabilidade, todos temos algo da
experiência adquirida que merece ficar registado e ser transmitido.
Foi o que pensaram Óscar Mota, engenheiro construtor naval e
gestor ou administrador de algumas grandes empresas nacionais,
Andrade e Silva, ex-Chefe do Estado-Maior da Armada e Presidente
da Comissão Intergovernamental responsável pelo restauro da fraga-
ta “D. Fernando II e Glória”, Gonçalves Ramos, Vice-Almirante, com
experiência das longas comissões no Oriente e na área da adminis-
tração do pessoal, Ferraz Sacchetti, ex-Vice CEMA e professor cate-
drático, Lola dos Reis, ex-Superintendente dos Serviços Financeiros e
ex-gestor numa grande empresa, Cyrne de Castro, com larga per-
manência nas Esquadras Aeronavais da Força Aérea, Conceição e
Silva, oficial de Marinha com longa carreira na advocacia, Melo
Sampaio e a sua experiência e conhecimento sobre os sistemas de
propulsão dos navios. Completam o livro alguns episódios curiosos
relacionados com os primeiros tempos da vivência em comum e,
salienta-se, um belo soneto e uma carta do Borges Ervedosa.
Que se saiba, nunca nenhum curso se uniu na elaboração de
eventos culturais deste género. Bom seria que outros, ultrapassadas
algumas dificuldades em que os pioneiros sempre tropeçam,
seguissem este exemplo, mais e melhor fazendo. Todos ganha-
ríamos, ganharia a Marinha.
As comemorações terminaram com um jantar de Família no dia
seguinte, na Messe Militar de Santa Clara, por estar encerrada a
Messe de Cascais. Não faltaram, nem a D. Madalena Vilhena de
Mendonça, nem o Costa Alcobia vindo propositadamente da
África do Sul.
(Colaboração do Curso “Ferreira do Amaral”)
26 DEZEMBRO 99 • REVISTA DA ARMADA