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CARTA DO CEMA
Carta do CEMA nº 17, divulgada sacto, em face das informações favorá-
no início de Novembro, começa veis recebidas, sobre o assunto, do Mi-
Apor referir a grande consternação nistério da tutela. encher, futuramente, as necessidades
que o falecimento, em 24 de Outubro, Salientando a acção política e diplo- em recursos humanos, atendendo à
do Vice-Chefe do Estado-Maior da Ar- mática desenvolvida ao mais alto nível redução do índice demográfico no País
mada, trouxe à corporação, consideran- do Estado relativamente à situação de Ti- e à extinção do Serviço Efectivo Normal
do que, seguindo o seu exemplo de efi- mor Leste e a consequente mobilização, até 2004, foram anunciadas as preocu-
ciência, de altruísmo e de devoção, es- a nível mundial, de sentimentos de soli- pações existentes e as medidas tomadas
taremos a homenagear a sua memória e dariedade, que conduziu a uma rápida com vista a ultrapassar essa dificuldade.
a contribuir para o maior prestígio da intervenção da Organização das Nações Na sua Carta nº 17, o Almirante CEMA
Marinha. Unidas e à colocação no terreno de uma referiu-se ainda às diversas questões
Ao abordar o processo de aquisição força multinacional, o Almirante CEMA ainda não decididas ou passíveis de
dos novos submarinos, foi anunciada a situou, neste quadro, o empenhamento aperfeiçoamento, que actualmente afec-
decisão tomada pelo Governo, na se- de meios militares nas operações huma- tam a Marinha. Os problemas estão
gunda quinzena de Setembro, relativa- nitárias e de paz naquela zona do globo, identificados e, quanto às soluções,
mente à escolha dos candidatos selec- tendo em conta que as Forças Armadas umas estão encontradas e outras em
cionados - o francês e o alemão - que são um instrumento do Estado para a reanálise. Porém, a necessidade de har-
aperfeiçoarão as suas propostas, tendo prossecução dos seus objectivos políti- monização de alguns processos, em
em vista a escolha do que assinará o cos e estratégicos. Reportando-se especi- sede exterior à Marinha, e as dificulda-
contrato de construção dos submarinos, ficamente à largada do Alfeite, em 23 de des que envolvem o desenvolvimento
o que poderá ocorrer até Março de Setembro, do N.R.P. “Vasco da Gama”, de outros, no âmbito interno, não têm
2000. a que Sua Excelência o Primeiro Ministro permitido a tomada de decisão em pra-
Relativamente ao programa de aquisi- nos deu a honra de assistir, proferindo zos desejáveis. Numa ocasião em que
ção do designado navio polivalente lo- palavras encorajadoras de despedida, foi nos empenhamos na apresentação da
gístico, que consiste, em suma, de um dado realce ao reconhecimento do Go- Marinha a Sua Excelência o Ministro da
navio anfíbio moderno idêntico a tantos verno pela importância das unidades na- Defesa Nacional recentemente empos-
outros que Marinhas amigas operam há vais, enquanto meios essenciais a empe- sado, em que grande parte das atenções
longa data, a Carta do CEMA nº 17 refe- nhar em operações de âmbito interna- e energias se direccionam para as nossas
re que está já em fase de conclusão o cional e ao facto de, uma vez mais, ser unidades com missão atribuída, espe-
estabelecimento dos requisitos técnicos posta à prova a capacidade da Marinha cialmente as que operam ou irão operar
e logísticos que permitirão, em breve, para corresponder às exigências da fora de Portugal, e em que as limitações
prosseguir com o processo, admitindo- política externa nacional. Tratando-se de orçamentais continuam a dificultar o
-se que a sua construção tenha lugar uma missão nobre e relevante, embora funcionamento interno, o Almirante
com participação de estaleiro nacional. não isenta de riscos, tal como a que vai CEMA apelou à contribuição de todos
Em face das dificuldades sentidas para ser atribuída à companhia de fuzileiros para orientarmos esforços no sentido do
obtenção do descongelamento do orça- em preparação para seguir para a área, a eficaz cumprimento das missões da Ma-
mento de funcionamento da Marinha - Marinha rever-se-à novamente e em rinha.
10% das verbas para Operação & Ma- bloco, em todos aqueles que foram Ao terminar, reafirmou a sua determi-
nutenção -, a que corresponde um mon- directamente envolvidos nas operações nação em pugnar com o maior empe-
tante de cerca de 1.7 Mc, o Almirante em águas ou territórios da Austrália ou nho e a persistência possível, pela res-
CEMA mantém a expectativa de não se de Timor, os quais são merecedores de olução dos nossos problemas, sem des-
repetir a situação de falta de liquidez a todo o nosso apoio e colaboração. curar as prioridades que a sua relevância
que a Marinha foi sujeita no ano tran- Sobre a crescente dificuldade em pre- e premência recomendam.
Visita do Ministro da Defesa Nacional à Marinha
Visita do Ministro da Defesa Nacional à Marinha
nserido no ciclo de visitas e contactos aos Almirante CEMA, versando os aspectos rela-
três Ramos das Forças Armadas, realizou- cionados com a actividade operacional da
I-se no passado dia 5 de Novembro uma Marinha, o planeamento de capacidades a
visita à Base Naval de Lisboa pelo Ministro longo prazo, e os orçamentos para operação
da Defesa Nacional, Dr. Júlio Castro Caldas, e manutenção, pessoal e investimento.
com o objectivo de conhecer a situação Seguidamente, o Capitão-de-Fragata Montei-
actual da Marinha e as linhas mestras da sua ro Montenegro fez uma breve apresentação
evolução nos próximos anos. acerca das capacidades do navio e que ante-
Após a prestação de honras militares, por cedeu a visita às principais áreas de bordo.
parte de uma companhia do Batalhão de Após esta visita, seguiu-se um almoço no
Fuzileiros nº 1 frente ao Palácio do Alfeite, e Palácio do Alfeite oferecido pelo Almirante
da salva de 19 tiros efectuada pelo NRP CEMA.
“Jacinto Cândido”, a comitiva seguiu para
bordo do NRP “Corte Real”. Naquela fraga- N.R.: Esta visita será objecto de uma
ta, o Ministro da Defesa Nacional recebeu reportagem alargada a ser publicada na
um briefing sobre a Marinha, efectuado pelo Visita do Ministro da Defesa Nacional ao Alfeite. próxima edição da R.A.
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