Page 103 - Revista da Armada
P. 103
O 4º AMBIENTE DA GUERRA NO MAR
E O SISTEMA DE APOIO À DECISÃO “SINGRAR”
Tem vindo a ser desenvolvido no intervenção: a Batalha Externa, conduzida usada essencialmente na área da Batalha
CITAN um projecto de aplicação infor- pelo Departamento de Operações (DOP); a Interna em situação de combate, servindo
mática de apoio à decisão e afectação de Batalha Interna que envolve os restantes o Comandante e os decisores das áreas
recursos humanos para a gestão de departamentos de bordo. técnicas de Armas e Electrónica e da
reparações a bordo em situação de com- As actividades da Batalha Externa são Propulsão, Energia e Limitação de Ava-
bate, estando em curso os trabalhos de aquelas através das quais o navio interage rias.
desenho e programação da aplicação que com o exterior, designadamente pelo O SINGRAR concilia as funcionalidades
incidem, nesta fase inicial, nas funcionali- emprego dos sistemas de comando e con- de compilação do estado da plataforma e
2
dades de gestão de reparações na área do trolo (C ), sensores e armas. As activi- dos sistemas nela instalados e da sua re-
Departamento de Armas e Electrónica. dades da Batalha Interna têm por objectivo presentação em diversos formatos gráficos
Na sequência da assinatura e tabelares, com aconselhamen-
do protocolo de cooperação to de prioridades de reparação
entre a Marinha e o INESC que e da afectação dos recursos hu-
foi celebrado por iniciativa da manos a empregar nas repara-
DAMAG (conforme noticiado ções.
no N.º 324 da Revista da Arma-
da), o projecto passou a contar Os requisitos básicos do SIN-
com a participação de um cola- GRAR posicionam-no como
borador daquela instituição que um meio fiável de apoio à
desenvolveu já o modelo de da- decisão que reaja imediata-
dos visando a produção de um mente às alterações de cenário
protótipo que funcione em rede. e aos novos dados introduzi-
Garante-se assim os requisitos dos, devendo:
de redundância e recuperação • ordenar por prioridades as ac-
em caso de falha, adequados a ções de reparação;
um sistema que deverá fun- • atribuir às acções de repara-
cionar em situação de combate. ção os recursos humanos me-
Recentemente o sistema foi lhor habilitados e posicionados;
apresentado formalmente no A equipa de desenvolvimento: CTEN Gameiro Marques, CTEN Simões Marques, • ser aplicável a navios com ca-
CITAN a uma audiência alarga- CTEN Jorge Pires, 1TEN Penim Garcia e Eng. Paulo Rente. pacidade de operar em ambi-
da que contou, entre outros, ente multi-ameaça;
com a presença do Comandante Naval maximizar a disponibilidade daqueles sis- • ser escalável, isto é, ser aplicável a
VALM Reis Rodrigues, e do Director de temas, garantindo a manutenção da unidades com diferentes configurações e
Navios CALM Martins Guerreiro. capacidade combatente do navio ao asse- capacidades.
O modelo de base a utilizar na gestão de gurar o mais elevado estado de prontidão Desta forma o sistema apresenta pro-
prioridades de reparação e na afectação de da plataforma e do pessoal. Assim, o postas de reparação que entram em consi-
recursos encontra-se desenvolvido, tendo propósito da Batalha Interna pode ser deração factores de natureza operacional e
a componente de gestão de prioridades de visto como o conjunto de acções que maxi- de natureza técnica.
reparação sido validada durante o mizam a capacidade do navio para o Além dos dados fornecidos pelos uti-
Operational Sea Training do N.R.P. “Corte desempenho de tarefas no âmbito da lizadores, é utilizada uma base de conheci-
Real”, realizado em Plymouth, na Inglater- Batalha Externa. mento configurada para cada navio e para
ra, em 1998. No domínio da Batalha Externa estão cada cenário.
2
A conclusão do protótipo está prevista disponíveis sistemas de C que dão
para o corrente ano, havendo intenção de resposta às necessidades do DOP. O sistema SINGRAR funciona com com-
2
aproveitar o ciclo de treino de uma das fra- Até agora as actividades de C na área putadores ligados entre si utilizando uma
gatas da classe “Vasco da Gama” para va- da Batalha Interna têm-se suportado em arquitectura em rede, o que lhe confere
lidar o interface com o utilizador nas suas processos totalmente manuais de compi- diversas vantagens:
componentes funcional e ergonómica. lação, registo e avaliação da informação • a integração instantânea da informação
O 4º Ambiente da Guerra no Mar sobre o estado de situação. compilada nos diversos postos, ficando as
Até há algum tempo considerava-se que O processo de decisão é necessariamente comunicações por voz reservadas a activi-
a função “combate” tinha como únicos lento uma vez que se apoia na troca de dades de coordenação e como redundância;
intervenientes os chamados “opera- informação por voz e no registo manual em • a reacção automática e simultânea às al-
cionais” que, dentro do CIC ou Centro de quadros de situação. Cada decisor tem de terações de dados em todos os postos;
Operações, conduziam a guerra no Mar. integrar as informações recebidas das múl- • capacidade de sobrevivência da informa-
Os conflitos das últimas décadas têm, no tiplas áreas, de modo a avaliar a situação ção, pelo recurso à recuperação de dados
entanto, provado que um navio dito com- presente e a eleger as acções prioritárias. em caso de falha;
batente só o é, de facto, se conseguir Face a este enquadramento é proposto o • a possibilidade de assumir remotamente
funcionar como um sistema coeso e com- SINGRAR (Sistema Integrado para a a gestão numa dada área, face à incapaci-
plementar onde todos são combatentes, Gestão de Prioridades de Reparação e dade temporária do centro de decisão
confrontando o mesmo adversário e con- Afectação de Recursos). afectado;
correndo para o mesmo objectivo (o • a diminuição do tempo total que medeia
Desígnio do Comando). O PROJECTO SINGRAR a tomada de conhecimento de uma avaria e
Os navios combatentes prevêem uma a sua resolução;
Organização para Combate que visa satis- O SINGRAR é uma aplicação informáti- • a redução dos recursos humanos envolvi-
fazer as necessidade em dois níveis de ca de apoio à decisão e destina-se a ser dos em actividades de comando e controlo.
REVISTA DA ARMADA • MARÇO 2000 29