Page 357 - Revista da Armada
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tica das sul americanas, diferente do  Falei com o cônsul, que foi muito  potência bem intencionada, a tudo o
         estereotipo das jeans apertadas, do  prestável e afirmou que tudo se resolve-  que eu imaginara. O fraca figura insistiu,
         baton e do ar agressivo de jornalista de  ria, mediante uma carta ao consulado  bateu o pé (provavelmente pela primeira
         TV, agora tão em voga. Morena e magra,  por parte do nosso marujo, na altura  vez em toda a sua vida) e até eu tive
         apresentava para além de feições regu-  devida, quando houvesse casamento  uma conversa com a senhora sua mãe,
         lares, com uns bonitos olhos algo amen-  marcado, para que ela pudesse entrar  em que utilizei os palavrões médicos
         doados, formas bem proporcionadas,  em Portugal. Tudo ficou combinado.  mais estranhos, que me ocorreram, para
         que um vestido de chita clara, gasto,  Durante o resto da viagem o fraca figura  explicar o mal que ela impunha ao filho.
         mas limpo, deixava antever – compreen-  cresceu, parecia outro. Os camaradas
         di a surpresa dos que a tinham visto com  passaram a olhá-lo de forma distinta. Eu  Resultou. “Conchita” veio e casou
         o fraca figura.                    próprio, incrédulo, me questionei sobre  mesmo. Por pouco não fui o padrinho.
           Na verdade era pobre, mas parecia ter  a personalidade deste jovem – achando,  Mas declinei respeitosamente. Afinal
         um genuíno interesse sentimental pelo  de acordo com os alfarrábios psicopa-  achei que ser padre e padrinho, em tal
         herói desta história - que perto dela ga-  tológicos, que o comportamento, até  casamento, era demasiado. E é esta,
         nhava cores e uma vivacidade, que  então inseguro por ele evidenciado, de-  meus caros leitores, a história do fraca
         ninguém lhe reconheceria antes. Enfim  veria provir de uma mãe superprotectora  figura, que casou e (ao que sei) vive
         parecia verdadeiro amor.           e prepotente, nunca permitindo que a  feliz, com a morena “Conchita” dos seus
                                            vontade própria do filho prevalecesse.  sonhos... Acreditam? Eu próprio não sei
           Decidi ajudá-los. Prometi ao fraca  Quem sabe, talvez até tivesse sido por  se acreditaria se mo contassem
         figura contactar o cônsul português na  isso que o fraca figura enveredou pela  assim...tal é, no entanto, a força do
         cidade (que por acaso viria almoçar a  Marinha?                       amor.
         bordo nesse dia), para tentar resolver os
         problemas da imigração. Aconselhei-o,  À chegada, de facto, as coisas não
         firmemente, a não casar nos breves dias  foram simples, os pais acharam tudo
         em que o navio estava no porto. Que  muito complicado. Acabei por conhecer
         ganhasse tempo, que reflectisse.   a mãe – que correspondia, na sua pre-                           Doc.



                                          QUARTO DE FOLGA


                JOGUEMOS O BRIDGE                             SOLUÇÕES
                JOGUEMOS O BRIDGE
                                                              PROBLEMA Nº 25
                       (Problema Nº 26)                       O leilão mostra que W terá o jogo forte, pelo que a questão ful-
                                                              cral deste problema está na defesa do R de ♦, nunca se deixando
                             Norte (N):                       que a mão vá para E. Assim, S deverá entrar de ♣A, pois fazer a
                           ♠ ♥ ♦ ♣                            passagem à D representaria levar com 1 cabide à cabeça. A
                                                              saída a 2 mostra, em princípio, 3 cartas do naipe e até pode ser
                            A   R  V D                        que W tenha a D, mas não será de arriscar. S destrunfa acaban-
                           D V     4   V                      do no morto, mas tendo o cuidado de ficar com ♠4; joga ♥R
                            7   4  2   6                      para baldar um ♣ da mão, jogada garantida pela certeza de que
                                                              o A está em W; este jogará ♣ e S entra de R e joga outro ♣ que
                                       3
           Oeste (W):                           Este (E):     corta alto, apurando, assim, o quarto ♣; vai ao morto jogando o
          ♠ ♥ ♦ ♣                            ♠ ♥ ♦ ♣          tal ♠4 para o 7 e no ♣ apurado balda agora um ♦, dando só 2
                                                              vazas nesse naipe. Repare como o leilão e a saída nos permitiu
          6 10 D 10                          R   A   A   9    seguir uma linha de jogo com toda a segurança, devendo ter o
          2   8   9   8                      4   D 10 4       cuidado de deixar 2 entradas no morto em trunfo.
              7   7   5                          9   8   2                                          Nunes Marques
              3   3                              5   6                                                    CALM AN
                               Sul (S):
                           ♠ ♥ ♦ ♣
                            V   6  R   A
                           10 2    5   R
                            9          7
                            8
                            5
                            3



         E-W vulnerável S abre em 1♠, N dá 2♣, S rebita em 3♣ e N
         fecha em 4♠. Como deve S jogar com saída a ♦3, para cumprir
         este contrato. Escusado será dizer que a defesa estará muito
         atenta.

                                        (Solução no próximo número)
                                                                                   REVISTA DA ARMADA • NOVEMBRO 2000  31
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