Page 109 - Revista da Armada
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Património Cultural da Marinha
Património Cultural da Marinha
Faróis de Portugal
7. FAROL DA BERLENGA
O Arquipélago das Berlengas é composto por três grupos mente em 1897, adoptando-se um aparelho hiper-radiante
de ilhéus: Berlenga Grande e recifes adjacentes, as Estelas (1330 mm de distância focal), efectuando uma rotação com-
e os Farilhões. pleta em 30 segundos, apresentando neste espaço de tempo um
A ilha principal tem cerca de 1500 metros de comprimen- grupo de três relâmpagos. A fonte luminosa passou entretanto a
to por 800 metros de largura. ser a incandescência pelo vapor de petróleo, produzindo-se a
Quanto à presença humana pensa-se que já os Fenícios e rotação da óptica através de uma máquina de relojoaria.
os Lusitanos conheciam o arquipélago e o utilizavam como Em 1924 foi instalada uma sereia de ar comprimido, ac-
porto de abrigo, mas os vestígios mais antigos remontam à cionada por motores a petróleo.
ocupação romana, constituindo na sua maioria restos de ân- O farol foi electrificado através de motores geradores
foras, datadas do séc. I ao Séc. V. em 1926, substituindo-se a antiga fon-
As ruínas do Mosteiro da Misericór- te luminosa a vapor de petróleo por
dia e a Fortaleza de S. João Baptista são uma lâmpada, cuja intensidade lumi-
de tempos mais recentes, séc. XVI. nosa era da ordem das 20.000 velas,
No terraço do Forte ainda se pode garantindo um alcance luminoso de
ver uma peça de artilharia, o que leva 36 milhas.
a crer ter sido este um ponto estraté- O sinal sonoro foi substituído em
gico de defesa. 1936 por um grupo de duas trompas
O farol, ponto de referência na ilha, electrodinâmicas e em 1985 por um
não só para a navegação mas também nautofone.
para quem a visita, começou por cons- Em 1941 foi montado um radio-
tar do alvará pombalino de 1 de Feverei- farol que seria desactivado em 2001
ro de 1758, que o mandava edificar. por ter deixado de ter interesse para
A construção deste farol viria a ser a navegação.
adiada, de tal maneira que uma portaria Em 1975 os familiares do pessoal fa-
do Ministério da Fazenda de 1836, de- roleiro que até esta data habitavam na
terminaria mais uma vez que ele fosse ilha, deixaram de o fazer, passando a
edificado, juntamente com alguns ou- ficar instalados em casas junto ao farol
tros, encarregando o engenheiro Gau- do Cabo Carvoeiro.
dêncio Fontana dessas construções e da Durante o Inverno, os pescadores, os
melhoria dos faróis então existentes. faroleiros e os vigilantes da natureza são
Acabado de construir em 1841, o farol era constituído por as únicas pessoas que permanecem na ilha.
uma torre quadrangular de alvenaria e cunhais de cantaria, As actividades ligadas ao turismo com os excessos daí
com varanda na parte superior. Quanto ás residências ane- decorrentes, começaram a pôr em causa a beleza natural
xas, foram sendo sucessivamente edificadas em datas pos- da ilha, daí a necessidade de solicitar o Estatuto de Reserva
teriores, de 1851 a 1860. Natural, concedido em 1983 e que tem ajudado a preservar
O farol entrou em funcionamento em 1842. Instalado numa todo o ecossistema insular.
torre com 29 metros de altura, o equipamento era constituído Em 1985, data em que o transporte dos materiais deixou de
por um aparelho catóptrico, composto de dezasseis candeeiros ser feito pelo tradicional burro, passando a utilizar-se um pe-
de Argand, funcionando a azeite e com reflectores parabólicos, queno tractor, o farol foi automatizado. Foi então desmontado
dando luz branca, eclipses de 3 em 3 minutos e relâmpagos o aparelho óptico hiper-radiante, instalando-se em seu lugar
de 10 segundos. Já tinha movimento de rotação activado por um moderno pedestal rotativo de ópticas seladas, PRB 21.
um mecanismo de relojoaria. O farol e residências passaram a funcionar a energia so-
Através de documentos da época, constata-se que a luz deste lar a partir de 2000. Foi montado um moderno farol rotativo
farol de pouco ou nada servia a navegação... “pois só de 3 em 3 de alto rendimento, com um alcance luminoso estimado de
minutos se mostra um clarão que não vai além dos 8 segundos, 20 milhas náuticas e a instalação de equipamentos de baixo
confundindo-se com qualquer outra luz de terra ou do mar”. consumo nas residências.
Em 1883 com a aprovação do Plano Geral de Alumia- O Prémio Defesa Nacional e Ambiente, que tem como
mento e Balizagem das Costas de Portugal e Ilhas Adja- objectivo incentivar as boas práticas ambientais nas Forças
centes, foi pro- Armadas Portuguesas, foi atribuído à Direcção de Faróis em
Local: Berlenga posto para este 2001, pela candidatura apresentada pela Marinha portu-
Altura: 29 m farol a substitui- guesa, “Energia Solar no Farol das Berlengas”.
Altitude: 121 m ção do aparelho
Luz: Fl W 10s catóptrico. Direcção de Faróis
Alcance: 27 M O antigo apa- Fotos
Óptica: Acrílica 400mm relho veio a ser Faróis de Portugal
Ano: 1842 substituído final- João Francisco Vilhena / Maria Regina Loura
Gradiva