Page 181 - Revista da Armada
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Património Cultural da Marinha
Património Cultural da Marinha
Faróis de Portugal
9. FAROL DO CABO DE SANTA MARIA
A construção do farol do Cabo de Santa Maria data do ano ferro, dentro da qual se eleva uma cortina de cantaria que ser-
de 1851. A incumbência da sua edificação pertenceu a Gau- ve de socco à lanterna.
dêncio Fontana, apesar de ser Ipácio Vielle quem já dirigia o A altura de todo este edificio, desde a base do primeiro cor-
serviço de faróis nessa altura. po até ao vertice da lanterna, é de 35m,55. (...)»
Decidiu-se implantar este farol no extremo Sudoeste da Ilha Durante largos anos, até 1966, foi necessário levar a cabo
da Culatra - uma estreita faixa de terra, com três povoações, diversas obras de defesa do farol, pois o mar constituiu sempre
apenas acessível por barco a partir de Olhão. Dada esta loca- uma forte ameaça para a base da torre e poderia comprometer
lização, facilmente se poderá aquilatar das dificuldades que irreversivelmente a existência do farol, naquele local.
envolveram a construção do farol. Assim, em 1922 a torre foi aumentada em 12 metros, fi-
Apesar destas contrariedades, estas não foram impediti- cando com 46 metros de altura. O aparelho óptico foi subs-
vas do facto do farol ter sido o tituído por outro de 3ª ordem,
primeiro a receber um aparelho grande modelo, de rotação, ten-
lenticular de Fresnel de 2ª ordem do como fonte luminosa um
– distância focal de 700 mm. candeeiro de nível constante a
Passados catorze anos sobre petróleo, substituído em 1925
a sua construção, era assim pela incandescência pelo vapor
descrito: de petróleo. A rotação da óptica
«… está construido este pha- era conseguida através de um
rol em uma restinga de areia ou mecanismo de relojoaria.
cabedelo proximo da barra que Por acção do vento, e talvez
dá entrada para os dois portos devido ao aumento da torre,
de Faro e Olhão. em 1929 começaram-se a sen-
(...) tir oscilações anormais ao nível
A luz d´este pharol é fixa e branca e transmitida por um da lanterna, tornando-se necessário proceder à consolida-
apparelho lenticular de Fresnel de segunda ordem, construido ção da torre, em toda a sua extensão. Foi então construído
em Londres, com candieiro de deposito superior. O seu alcance um esqueleto exterior de gigantes pilares ao longo de toda
medio é de 15 milhas, posto que possa avistar-se a uma distan- a altura da torre e cintas envolventes adequadamente es-
cia superior a 20 milhas, logo que seja melhorada. paçadas, de cimento armado.
A lanterna que abriga este apparelho, por ser feita em Lis- Em 1949, o farol foi electrificado através de grupos elec-
boa pelo antigo systema das que existem nos pharoes de can- trogéneos passando a fonte luminosa a ser a incandescên-
dieiros de Argand com reflectores, tem as chapas de ferro nos cia eléctrica. Foram também montados painéis adicionais
angulos muito largas e as vidraças de pequenas dimensões, o ao aparelho lenticular, dando-lhe a característica de aero-
que faz diminuir muito a emissão dos raios luminosos, princi- marítimo e instalado um radiofarol.
palmente quando os navios estão na direcção dos referidos Em 1995 foi iniciada uma obra de grande envergadura de
angulos, occasião esta em que o alcance e a intensidade da consolidação da torre, a qual exigiu a desmontagem da lan-
luz são muito diminutos. Esta lanterna tem 6 metros de altura terna para posterior assentamento uma vez concluída a in-
e seis faces de 1m,74 de largura. tervenção. Provisoriamente, durante a realização das obras,
(...) o edificio em que assenta a lanterna é uma torre forma- foi montado um farol (PRB 46) no topo sul de um andaime.
da de quatro corpos circulares: o primeiro, contando da base, Em 2001, o radiofarol foi desactivado pelo facto de ter dei-
é um cilindro de 7m,63 de raio e 3m,95 de altura, com um te- xado de ter interesse para a navegação – cumprindo com a
lhado em roda da parte inferior do segundo, servindo de aloja- política de radionavegação do nosso país e também, a exem-
mento para os pharoleiros e deposito para azeite, que existe em plo do que sucedeu com a maior parte dos países de todo o
uma casa de passagem e não tem tanques de pedra, os quaes mundo, que extinguiram os seus radiofaróis.
se acham substituidos por cinco talhas de folha que levam cada As obras de consolidação da torre foram terminadas em
um 18 almudes ou 1525L,5. O segundo corpo é tambem um 1996 e foi iniciada a automatização do farol que terminou
cylindro de 4m,18 de raio e 5m,28 de altura, com uma varan- já no ano de 1997.
da de ferro na parte superior. O terceiro é outro cylindro de A característica actual da luz é de 4 relâmpagos agrupa-
3m,52 de raio e dos, de cor branca, com um período de 17 segundos e al-
Local: No extremo SW da 4m,22 de altura, cance de 25 milhas.
ilha da Culatra e serve de base a Hoje em dia, a Ilha da Culatra é um lugar de veraneio para
Altura: 46 m uma pyramide muitos turistas, dando assim maior visibilidade ao farol do
Altitude: 50 m conica troncada Cabo de Santa Maria, embora este também o retribua, pois
Luz: Fl (4) W 17s com 14m,65 de com os seus vastos motivos de interesse contribui, igualmente,
Alcance: 25 M altura, que acaba como forte atractivo aos inúmeros visitantes da ilha.
Óptica: 3ª ordem 500 mm por uma cimalha
Ano: 1851 com varanda de Direcção de Faróis