Page 213 - Revista da Armada
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De algum modo, o Comandante Sudoeste não represento nada, nem ninguém), prefiro gio aceitará. Convirá o leitor que é um gran-
Rijo, representa – de forma pitoresca – um certo um milhar de vezes o convívio destes, do que de elogio numa época em que o Parecer, se
tipo de inconformismo, que considero salutar de outros, que movendo-se no anonimato dos tornou muito mais importante que o Ser e o
e, ainda hoje, bem presente na Instituição. Tra- corredores, nunca expressam a sua verdadeira Ter – esse então – não reconhece as mais ele-
ta-se de um grupo de pessoas capazes de arti- opinião, nunca gritaram a sua indignação ou mentares barreiras morais, que o mais simples
cular ideias e opiniões, sobre a própria institui- correram riscos públicos, mas estão sempre código moral, ou religioso, impõem ao egoís-
ção naval e sobre a sociedade como um todo. prontos a expressar, à boca pequena, as suas, mo, à boçalidade e ao despotismo…
A grande maioria não o fazem, como acusam sempre causticas, críticas. Ao Comandante Sudoeste Rijo, finalmente,
muitos, para que lhes seja reconhecida esta ou Não se pode ficar indiferente ao Coman- espero que vença mais esta etapa, da sua já lon-
aquela capacidade, ou porque acreditem “que dante Sudoeste Rijo. Pode-se ou não gostar ga vida. Espero, sobretudo, que acredite que fez
estão a fazer bem à sua carreira” – como eu da sua forma de ser, pode-se achar que não é a diferença comigo e provavelmente com mui-
próprio ouço amiúde. Fazem-no, perceberá o muito inteligente, ou, ao contrário admirá-lo tos outros, com que se cruzou na sua vida naval,
leitor, porque o seu coração assim o exige, já como génio, mas deve ter-se sempre um fac- e talvez se tivessem quedado silenciosos…
que quase todos acabam por pagar caro o seu to como certo: ele é, e terá sido sempre, ele Z
inconformismo, as suas opiniões. Ora eu (que mesmo…Este será, seguramente, o único elo- Doc.
Editado o Prémio Almirante Sarmento Rodrigues 2003
Editado o Prémio Almirante Sarmento Rodrigues 2003
da Academia de Marinha
da Academia de Marinha
o dia 30 de Março do de diversos aspectos da
a bordo da fraga- História de Portugal.
Nta D. Fernando II O orador aproveitou
e Glória foi efec tuado o ainda para comentar a
lançamento do livro “Mar, necessidade que julga que
Medo e Morte: aspectos psi- a nação portuguesa tem
cológicos dos náufragos na de não se esquecer do seu
História Trágico -Marítimo, passado marítimo e das
nos testemunhos e noutras vantagens que tal pode-
fontes” (2 volumes) da rá tirar para o futuro das
Dra. Kioko Koiso. suas cumplicidades além
A cerimónia contou com mar, privilegiando as mes-
a presença do Presidente mas, ou pelo menos pon-
da Academia de Marinha do-as a par da sua opção
em representação do Almi- continental Europeia, que
rante CEMA, dos Almiran- actualmente está de-
tes Matias e Castanho Paes masiado presente em
e muitos outros almirantes todas as camadas da
e oficiais de Marinha membros da Academia de sociedade.
Marinha e muitos amigos da autora. Depois de comen-
Na apresentação da obra falaram o editor tar que não foi só
Dr. Miguel Jasmim Rodrigues da “Patrimónia” nos século XV e XVI
e o Sr. Guilherme de Magalhães da “Lisbonense que os portugueses
Som”, particionador, que enalteceram as quali- tiveram influência
dades da autora e o valimento da obra. na história da hu-
De seguida falou o Cte Malhão Pereira “que manidade, dando
se referiu ao facto de ter conhecido a autora a alguns exemplos, o
bordo da Sagres em 2000, tendo verificado que Cte Malhão Perei-
com a mesma compartilhava a noção de que ra terminou felici-
para melhor interpretar a história era necessá- tando a autora por
rio recriar actualmente as condições em que se ter conseguido com
vivia e actuava em épocas passadas, nomeadamente experimen- que a festa da publicação do seu trabalho se tivesse dado em tão
tando os instrumentos usados na altura e observando o ambiente emblemático navio, sugerindo-lhe futuro empenhamento em mais
psicológico das pessoas embarcadas em veleiros. assuntos da História de Portugal.
Acentuou ainda que a Dra. Kioko Koiso tinha não só navegado Falou depois Prof. Dr. Contente Domingues, orientador da tese,
na Sagres com o objectivo de analisar a vida de bordo com vista que teceu algumas considerações sobre as navegações dos portu-
a enriquecer o seu trabalho de investigação, mas também ao facto gueses e a problemática envolvida em tal empresa congratulou-se
de ter embarcado em outros navios portugueses, como o Creoula e por ver editada mais uma obra que vem enriquecer o nosso patri-
a caravela Boa Esperança. mónio, escrito nomeadamente por uma autora estrangeira.
Foi ainda referido que a autora reconhece a extraordinária im- Por fim a Dra. Kioko Koiso agradeceu a presença de tantas perso-
portância da influência do primeiro contacto da sociedade nipóni- nalidades, teve palavras sentidas com os editores e patrocinadores
ca com europeus, materializado com os Portugueses em meados do e para a Marinha pela cedência da fragata e dissertou sobre o seu
século XVI, e das vantagens que tal intercâmbio cultural teve para trabalho designadamente o ambiente e pontos mais significativos
o futuro do seu país, razão pela qual se tinha dedicado ao estu- dos manuscritos inéditos.
REVISTA DA ARMADA U JUNHO 2004 31